Fonte da ilustração:
https://www.jw.org/pt/publicacoes/livros/mensagem-da-biblia/conselhos-sobre-fe-conduta-amor/
Lemos
em Tiago 2:10, 11: “Pois, quem observar toda a Lei, mas der um passo em falso
num só ponto, tem-se tornado ofensor contra todos eles. Pois, aquele que disse:
‘Não deves cometer adultério’, disse também: ‘Não deves assassinar.’ Ora, se
não cometeres adultério, mas assassinares, tens-te tornado transgressor da
lei.” O que esse inspirado discípulo cristão queria dizer com tais palavras?
O contexto mostra que o assunto em pauta era a condenação de favoritismo
entre os primitivos cristãos. (Tiago 2:1-4) Sobre isso, Tiago declara: “Mas, se
continuardes a mostrar favoritismo, estais praticando um pecado, porque sois
repreendidos pela lei como transgressores.” Que lei específica da Lei mosaica
condenava o favoritismo? A lei encontrada em Levítico 19:15, que reza: “Não
deveis fazer injustiça no julgamento. Não deves tratar com parcialidade ao de
condição humilde e não deves dar preferência à pessoa do grande. Com justiça
deves julgar o teu colega.”
Essa
lei específica não faz parte dos Dez Mandamentos. Embora Tiago cite partes do
Decálogo, ele também cita diretamente outra lei que não faz parte dele. (Tiago
2:8; Levítico 19:18) Portanto, Tiago está fazendo alusão a “TODA a Lei”.
(Tiago 10) Quem, portanto, quiser usar tal passagem como argumento de que o
Decálogo ainda vigora, além de estar indo contra o “resto das Escrituras”,
também estará se colocando sob a obrigação de guardar as demais leis do pacto
da Lei, que incluía ofertas e sacrifícios. Isso significaria negar o resgate
provido por Cristo. – 2 Pedro 3:16.
A afirmação de Tiago, de que quem ‘desse um passo em falso num só ponto
da Lei teria se tornado ofensor contra todos eles’, encontra respaldo em
Deuteronômio 27:26, onde lemos: “Maldito aquele que não puser em vigor as
palavras desta lei por cumpri-las.” Todos os que estavam sujeitos à Lei, sendo
imperfeitos, ficaram sob tal maldição. Sobre isso, o apóstolo Paulo explicou:
“Pois todos os que dependem de obras da lei estão sob maldição; porque está
escrito: ‘Maldito é todo aquele que não continuar em todas as coisas escritas
no rolo da Lei, a fim de as fazer.’ Cristo nos livrou da maldição da Lei por
meio duma compra, por se tornar maldição em nosso lugar, porque está escrito:
‘Maldito é todo aquele pendurado num madeiro.’” (Gálátas 3:10, 13) Assim, todos
os que insistem na guarda do Decálogo – parte intrínseca da Lei mosaica –
restituem para si mesmos tal maldição e desqualificam o sacrifício de Cristo no
madeiro.
Ao
invés de incentivar a guarda da Lei mosaica, Tiago afirma que os cristãos “hão
de ser julgados pela lei dum povo livre”, ou “lei que pertence à liberdade”. (Tiago
2:12, nota.) Ele já havia
feito alusão a essa lei em sua carta, no capítulo 1, versículo 25: “Mas aquele
que olha de perto para a lei perfeita que pertence à liberdade e que persiste
nisso, este, porque se tornou, não ouvinte esquecediço, mas fazedor da obra,
será feliz em fazê-la.” A Lei mosaica, incluindo seus Dez Mandamentos
principais, não pertence à “liberdade”, pois ela produzia “escravidão”.
Isso
foi trazido à atenção por Paulo, no capítulo 4 de Gálatas. Ele declarou:
“Dizei-me, vós os que quereis estar debaixo de lei: Não dais ouvidos à Lei?” (Gálatas
4:21) Sua declaração mostra que, mesmo após tal Lei ter sido abolida, alguns
cristãos insistiam em querer se sujeitar a ela. Após isso, Paulo usa a história
envolvendo Sara e Agar para ilustrar “dois pactos, um do monte Sinai, que dá à
luz filhos para a escravidão.” Que pacto foi feito no monte Sinai? Foi naquele
monte que Moisés recebeu o Decálogo e grande parte das demais leis, e foi ao
sopé desse monte que foi inaugurado o pacto da Lei. (Êxodo 19:18-20, caps.
20-23) Como Paulo claramente mostrou, os “filhos” ou aderentes desse pacto
estavam em “escravidão”. Então ele conclui: “Por conseguinte, irmãos, somos
filhos, não duma serva, mas da livre. Para tal liberdade é que Cristo nos
libertou. Portanto, ficai firmes e não vos deixeis restringir novamente num
jugo de escravidão.” - Gálatas 4:31-5:1.
Significa
isso que não estamos restritos a nenhuma lei, podendo fazer o que bem
entendemos? Esse argumento por certo era usado no primeiro século pelos
proponentes da continuidade da Lei mosaica, pois Paulo argumentou: “Que se
segue daí? Cometeremos pecado porque não estamos debaixo de lei, mas debaixo de
benignidade imerecida? Que isso nunca aconteça!” (Romanos 6:15) Paulo explica o
porquê disso: “Vos tornastes obedientes de coração àquela forma de ensino a que
fostes entregues.” (Romanos 6:17) Que “forma de ensino” era essa? Em Gálatas
6:2, ele a chamou de “a lei do Cristo”. – Veja também 1 Coríntios
9:21.
Essa
“lei” tem muita semelhança com a Lei mosaica, visto que ambas proveem de um só
Autor, Jeová Deus. A “lei do Cristo” promove a adoração exclusiva a Jeová Deus,
o Pai. (João 4:23), condena a idolatria (1 Coríntios 10:14), insta à
santificação do nome de Deus (Mateus 6:9), promove o reservar tempo para
assuntos espirituais (Efésios 5:16), a honrar os pais (Colossenses 3:20),
condena o assassinato e o adultério (1 Pedro 4:15; Hebreus 13:4), e condena também o furto, a mentira e a ganância. – Efésios 4:28; Apocalipse
21:8; Colossenses 3:5.
Portanto,
os verdadeiros cristãos não guardam nenhum mandamento dos Dez Mandamentos, pois
insistir na guarda deles seria negar que Cristo os cumpriu junto com o restante
da Lei, completando o objetivo deles e permitindo assim ao Pai tirá-los do
caminho. Negar isso implica em negar que Jesus é o Cristo, o que equivale
também a negar o resgate que ele proveu. (Efésios 2:14, 15; Colossenses 2:14,
16; Gálatas 3:19, 24, 25) Mas, os genuínos cristãos estão sujeitos ao novo
pacto com sua “lei do Cristo” – o conjunto de leis fornecido por Jeová mediante
Cristo, visando nossa salvação eterna.
A
menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da Tradução do
Novo Mundo das Escrituras Sagradas, publicada
pelas Testemunhas de Jeová.
Os artigos deste site podem ser citados ou republicados, desde que seja citada a
fonte: o site www.oapologistadaverdade.org