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Raymond Franz – um inimigo do Soberano Senhor Jeová

 
 

Contribuído por Cristão Antitípico.

 

Raymond Franz é visto pelas Testemunhas de Jeová (TJs) em conexão com a Sociedade Torre de Vigia como um “apóstata”. Conforme expliquei nos artigos anteriores, ele foi culpado de heresia; portanto, este é o termo exato para descrevê-lo, a saber, “herege”. Portanto, não uso o termo “apóstata” para me referir ao ex-membro da Torre de Vigia.

Eu concordo com algumas das críticas que ele fez em relação às TJs e principalmente as que fez em relação ao Corpo Governante (CG) das TJs. Entretanto, conforme já falei exaustivamente, R. Franz foi muito além de seus conhecimentos e qualificações acadêmicas e resolveu falar de assuntos em relação aos quais não possuía qualquer qualificação. Muitas das críticas que R. Franz fez em relação à liberdade das TJs hoje tornaram-se verdadeiras nas duas últimas décadas, mas não eram verdadeiras na década de 1970. Este, inclusive, tem sido o maior feito do atual Corpo Governante: fazer com que R. Franz passasse a ter razão em muito do que disse.

Minha posição clara sobre R. Franz é esta: ele fez algumas críticas justas sobre as TJs; muitas críticas justas sobre o Corpo Governante; algumas poucas observações teológicas razoáveis ou que deveriam ser trazidas sobre a mesa; e algumas aberrações teológicas que são base para desassociação incontestável, como a que discuto neste artigo, a saber, sobre o nome de Deus. Em vista desta última questão, R. Franz tornou-se culpado de heresia e mereceu ser desassociado das TJs.

O nome de Deus

É estarrecedor o fato de R. Franz ter atacado a forma como as TJs usam o nome do Criador do universo, pois a importância do nome de Jeová é abertamente expressa tanto nas Escrituras Hebraicas como nas Escrituras Gregas Cristãs. Além disso, os argumentos de R. Franz mostram que ele está muito longe de ser um estudioso da Bíblia e revelam sua falta de conhecimento em relação ao nome de Deus — cuja santificação é o tema central da própria Bíblia. Na página 491 do livro Liberdade Cristã (em inglês), R. Franz faz a seguinte pergunta:

Com que direito, então, os homens que afirmam ser seguidores das pisadas do Filho de Deus escolhem um nome que nem mesmo dá testemunho do Cristo? Como eles justificam a escolha de um nome que remonta a uns 700 anos antes de seu aparecimento como o Messias, de volta às palavras ditas ao povo judeu sob o Pacto da Lei.

Esta pergunta mostra que R. Franz, além de não saber coisa alguma do que estava falando, seguiu a tradição das principais denominações cristãs e transferiu a ênfase de Jeová para Jesus Cristo – ao invés de dar ênfase em Jesus apenas “para a glória de Deus” – este é colocado em segundo plano. (Leia Filipenses 2:11.) A posição de R. Franz é oposta aos fatos. O nome latinizado “Jesus” é teofórico, isto é, contém um morfema que é o mesmo do nome “Jeová” – algo muito comum no idioma hebraico. “Jesus” é uma adaptação linguística do grego Iesus e do hebraico Yehoshua, que significa “Yehovah é a salvação” e, portanto, o nome Jesus dá testemunho de Jeová e está conectado com Jeová, indicando que o Supremo é a verdadeira causa da salvação. Portanto, é evidente que R. Franz tirou do vento a ideia de que ‘o nome de Deus não dá testemunho de Jesus’.

Embora os nomes não sejam traduzidos de acordo com seus significados, há tradução (ou adaptação linguística) para nomes históricos em vários idiomas. Veja alguns exemplos:

Inglês

Português

Christopher Columbus

Cristóvão Colombo

John Calvin

João Calvino

Martin Luther

Martinho Lutero

Aristotle

Aristóteles

Portanto, se usamos a forma latinizada “Jesus”, começando com o radical “JE”, é inconsistente usar a forma “Javé” para Deus, começando com o radical “JA”, pois o radical de ambos os nomes têm de ser o mesmo. Assim, não apenas o uso do nome de Deus pelas TJs é correto, mas também a forma latinizada “Jeová” é perfeitamente consistente com o sistema de tradução e com o sentido do nome de Deus.

O significado do nome de Deus

O nome de Deus não significa “Ele causa que venha a ser” (isto é, “Ele é o Criador”), conforme ensina a Torre de Vigia, pois a Bíblia não diz isso em parte alguma; o nome de Deus significa “Ele era, ele é, ele será” (ou “que era, que é e que vem”, indicando passado, presente e futuro), pois é isso que a Bíblia diz. (Apocalipse 1:8) E visto que tal sentido é apresentado em Apocalipse 1:8 de forma tão gloriosa, isso já derruba qualquer oposição à ideia da presença do nome de Deus no Novo Testamento. Farei um artigo só sobre isso em breve.

Na página 495, R. Franz argumenta contra a inclusão de “Jeová” na Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs da seguinte maneira:

O que é notável é que, além dessas quatro ocorrências dessa forma abreviada em Apocalipse, em nenhuma outra parte das Escrituras Cristãs contidas nessas cópias antigas encontramos uma única ocorrência desse nome. Uma vez que existem cerca de 5.000 cópias em grego dessas Escrituras Cristãs, o fato de que nenhuma dessas milhares de cópias contém o Tetragrama é ainda mais impressionante. O mesmo se aplica às primeiras traduções dessas Escrituras Cristãs para outras línguas, como as traduções siríaca, armênia, saídica e latina antiga. Por esta razão, na grande maioria das traduções do Novo Testamento o nome “Jeová” não aparece fora de sua aparição abreviada no livro de Apocalipse. Por contraste, se consultarmos a Tradução do Novo Mundo da Sociedade Torre de Vigia, encontraremos o nome “Jeová” (e “de Jeová”) 237 vezes, de Mateus a Apocalipse. O fato, porém, é que quando a Tradução do Novo Mundo coloca o nome “Jeová” em qualquer parte das Escrituras Cristãs, o faz sem qualquer apoio de um único dos manuscritos antigos dessas Escrituras Cristãs.

Para um estudo mais profundo, poderá adquirir o livro The Tetragram — Its History, Its Use in the New Testament, and Its Pronunciation (2019), de Rolf Furuli. O irmão Furuli refuta simplesmente todos os argumentos de R. Franz contra o uso do nome de Deus nas Escrituras Gregas Cristãs e em tudo o mais. Não tenho capacidade para dissertar sobre a língua hebraica com a propriedade e autoridade que o irmão Rolf Furuli faz em seu livro. Portanto, recolho-me à minha insignificância neste ponto e apenas incentivo você, leitor, a conhecer tal livro.

Entretanto, a crítica de R. Franz é no mínimo tendenciosa demais. Ele objurga a inserção do nome de Deus pelas TJs nas Escrituras Gregas Cristãs, mas há um silêncio ensurdecedor da parte dele quanto à remoção do nome de Deus das Escrituras Hebraicas pelas igrejas cristãs em geral. Ou seja, recolocar o nome de Deus 237 vezes nas Escrituras Gregas é absurdo, mas removê-lo quase 7000 vezes das Escrituras Hebraicas é tolerável? O padrão duplo de lógica da parte de R. Franz é evidência de hipocrisia.

‘O nome de Deus não aparece no NT’

Eu não gosto de frases de impacto, pois elas são geralmente limitadas em aplicação e, se aplicadas a tudo, conduzem os ouvintes ao erro. Entretanto, vou abrir uma exceção válida. Certa vez ouvi uma frase que dizia: “É possível contar um monte de mentiras dizendo só verdades.” (Queira assistir a este breve vídeo. Clique aqui.) Se apenas parte da informação for passada, por mais que tal porção esteja correta e seja plenamente verdadeira, os ouvintes serão conduzidos a uma conclusão errada. Vejamos um exemplo disso no quadro abaixo.

Como contar mentiras dizendo apenas verdades

David Splane, atual membro do Corpo Governante, fez uma palestra na Holanda e na Bélgica em 2005. Ele usou Davi, Golias e Saul como ilustrações indicando que cada um de nós também deve lutar contra gigantes. Um dos “gigantes” que devemos combater, segundo as palavras de Splane, são os problemas econômicos.

Em 1992, a revista A Sentinela publicara um artigo equilibrado sobre ensino complementar e educação, que apresentava uma visão oposta sobre educação em relação à visão que passou a ser promovida intensamente desde o ano 2005. Nesse contexto, Splane disse:[1]

Milhares de nossos irmãos enfrentam o gigante dos problemas econômicos. O mundo os mantém trabalhando longas horas. Os pais querem o melhor para os filhos. Usamos a armadura de Saul ou seguimos o caminho de Jeová? O mundo diz que a resposta é o ensino superior. Alguns passam quatro, seis ou até oito anos buscando o ensino superior do mundo. O resultado: eles são efetivamente isolados da organização e congregação de Jeová por esse período.

Em 1992, a organização de Jeová publicou alguns conselhos. A Sentinela de 1 de novembro de 1992 teve um artigo interessante sobre educação. A questão era que deveríamos ter uma visão equilibrada da educação. Curiosamente, as palavras “ensino superior” nunca apareceram naquele artigo; o termo usado foi “educação complementar”. Isso significa um curto curso de talvez alguns meses ou até um ano, ou talvez um pouco mais, para atender adequadamente as suas necessidades. Vemos a sabedoria desse conselho? Hoje, milhões de graduados universitários estão sem trabalho. Em Paris, diz-se que não se pode encontrar um encanador. Sim, muitos têm diplomas em ciência da computação, mas quando os canos estouram, um diploma em ciência da computação não os conserta!

Em uma primeira análise, nada do que Splane disse é falso; ainda assim, a mensagem é falsa e dissimulada. Vou explicar 4 declarações de Splane que são verdadeiras em primeira mão, mas que enganam os ouvintes.

1. “[Os que cursam uma universidade] são efetivamente isolados da organização e congregação de Jeová por esse período.”

 É verdade que alguns irmãos que cursam a universidade acabam se afastando da congregação, mas isso é exceção, não regra; a verdade que Splane não contou é que muitos jovens que entram no serviço de pioneiro sem cursar o ensino superior também acabam se afastando da congregação.

 Minha experiência é que jovens universitários podem ser até mais teocráticos e zelosos que aqueles que decidiram não cursar uma universidade. Conheci muitos jovens universitários que apoiavam construções de salões do reino, eram pioneiros ou mesmo ótimos publicadores; e também conheci jovens que não foram para a universidade a fim de serem pioneiros e eram os mais fofoqueiros e impertinentes da congregação, intrometidos nos assuntos dos outros e com vida dupla. (Leia 1 Timóteo 5:11-13.) Por fim, vários destes jovens, outrora “teocráticos”, foram até mesmo desassociados.

Além disso, questiono-me sinceramente sobre o motivo de muitos jovens abandonarem a congregação após entrar em uma universidade. Será que o CG não tem nenhuma culpa nisso? Com certeza tem! Devido ao modo caricato como o CG apresenta o ensino universitário e ao modo pejorativo como trata ou se refere aos irmãos universitários, a congregação absorve tais conceitos e passa a tratar um jovem universitário com desdém. Em resultado disso, após o jovem entrar em uma universidade, ele não se sente mais bem-vindo na congregação; ele se sente como se os outros o vissem como delinquente, rebelde, materialista – exatamente o que os irmãos são ensinados pelo CG a pensar dos outros; então ele se afasta.

Portanto, de quem realmente é a culpa por muitos jovens universitários se afastarem da congregação? Com certeza é do Corpo Governante – eles são os responsáveis pela difamação dos jovens universitários. Ninguém se sente bem sendo tratado e encarado pela congregação como delinquente e rebelde, e é isso que o CG ensina a congregação a pensar de jovens universitários.

2. “Hoje, milhões de graduados universitários estão sem trabalho.”

Essa frase é dissimulada. “Milhões” em quantos países? E quais cursos universitários esses desempregados têm, isto é, em qual área? Eu nunca vi um médico ou um dentista desempregado, e raramente professores, contadores públicos e outros profissionais similares ficam sem trabalho. O que acontece é que Splane está pegando a exceção e a transformando em regra.

É verdade que há muitos cursos universitários inúteis, como ciências sociais, sociologia, turismo e outros; mas há muitos cursos bons, como medicina, odontologia, enfermagem, cursos na área das tecnologias, etc.  Assim, embora a frase seja verdadeira, é dissimulada e transmite uma mensagem errada.

3. “Curiosamente, as palavras ensino superior nunca apareceram naquele artigo.

Splane se referiu ao artigo em A Sentinela de 1º de novembro 1992 que apresentara uma visão equilibrada sobre o ensino superior. Embora as palavras “ensino superior” não apareçam no artigo de 1992, as palavras “ensino complementar” se referem, ou pelo menos incluem, o ensino superior porque o contexto trata de profissões que requerem ensino superior, a saber, a irmã citada no artigo como exemplo a ser seguido, e que era “contadora pública titulada” – uma profissão que exige diploma universitário.  Assim, Splane levou a assistência a pensar que o artigo de 1992 não se referia ao ensino superior porque não menciona “ensino superior”; mas isso é falso. É uma mentira contada por meio de verdade.

4.                        Muitos têm diplomas em ciência da computação, mas quando os canos estouram, um diploma em ciência da computação não os conserta!”

Essa frase soa engraçada para a assistência. Contudo, ela é dissimulada e revela grande ignorância e até mesmo hipocrisia da parte do membro do CG. Realmente, encanadores são necessários, mas foram encanadores que traduziram a Tradução do Novo Mundo? Foram encanadores que desenvolveram o WatchTower Library (CD-ROM)? São encanadores que defendem as TJs nos tribunais? São encanadores que aceitam tratar as TJs com cirurgia sem sangue? Quando Splane tem uma dor de dente, ele vai ao dentista ou ao encanador? Foram encanadores que desenvolveram e que continuam desenvolvendo o site JW.ORG? David Splane, deixe de ser hipócrita!

O ponto é: todas essas profissões são necessárias e cada uma delas cumpre uma função; mas Splane dá a entender que ser encanador é a solução para os problemas financeiros de todos os irmãos. Ele falou alguma informação falsa? Em primeira mão, não; mas sua mensagem foi dissimulada e falsa.

Há mais pontos que poderiam ser considerados, mas estes bastam por agora para provar que mentiras podem ser contadas mesmo que apenas verdades sejam ditas. Foi isso que David Splane fez na Bélgica e que Raymond Franz fez em seu livro. Não vejo muita diferença de caráter entre eles.

O que R. Franz falou, isoladamente, é verdade; mas a mensagem que ele tenta transmitir é falsa.

O que R. Franz não menciona, e o que ele mesmo provavelmente não considerou, é que nenhum dos 5.000 manuscritos gregos representa os autógrafos, isto é, os manuscritos originais que os autores dos livros das Escrituras Gregas Cristãs escreveram. Por que isso é essencial? Porque sabemos, não apenas “presumimos”, que várias palavras que foram escritas nos autógrafos foram alteradas nas milhares de cópias existentes desses autógrafos a que R. Franz se referiu. Nós sabemos, não apenas “presumimos”, que, visto que todas as cópias dos três primeiros séculos AEC têm abreviações onde o nome de Deus supostamente fora escrito, isso é uma evidência convincente de que essa palavra foi alterada. Cerca de dez outras palavras diferentes também são abreviadas, e nunca ouvi nenhum estudioso afirmar que qualquer uma dessas abreviações teria ocorrido nos autógrafos.

A abreviação onde o nome de Deus deveria estar é ks com uma barra acima das letras. Alguns argumentariam que ks é uma abreviação de kyrios, que significa “senhor”, e essa abreviação mostraria que o Tetragrama (YHVH) não ocorria nos autógrafos. Esse argumento até parece lógico, mas existem alguns dados que contradizem definitivamente essa conclusão.

A abreviação ks também é encontrada nos manuscritos da LXX (Septuaginta) dos primeiros três séculos EC. Nos poucos fragmentos da LXX que existem do período AEC e um de 50 EC, o nome de Deus é escrito como YHVH com letras hebraicas ou aramaicas antigas ou com as letras gregas iao e nunca como kyrios. Assim, os dados mostram que somente após 50 EC e antes do final do primeiro século EC, onde ks começa a ocorrer nos manuscritos gregos, o nome de Deus começou a ser removido dos manuscritos da LXX que foram copiados e substituídos por ks.

Visto que os manuscritos mais antigos das Escrituras Gregas Cristãs têm a abreviatura ks para o nome de Deus, esta é uma boa evidência de que o nome de Deus também foi removido das Escrituras Gregas Cristãs e substituído por ks junto desta tendência em conexão com cópias da tradução da Septuaginta grega (LXX). Assim, a ausência do nome de Deus nos 5.000 manuscritos gregos não mostra em nenhuma hipótese que o nome de Deus não teria sido escrito nos autógrafos das Escrituras Gregas Cristãs. Em verdade, o argumento de R. Franz revela que ele não conhecia nada desse assunto, nem mesmo estava em dia com as informações da Sociedade Torre de Vigia. Portanto, os tradutores da Tradução do Novo Mundo tinham boa evidência manuscrita e, portanto, uma base sólida quando usaram o nome “Jeová” nas Escrituras Gregas Cristãs. Isso sem dúvida foi a direção do espírito santo.

R. Franz usa vários argumentos especulativos em favor de sua opinião de que o nome “Jeová” não deveria ser usado pelos cristãos. Vou discutir um que parece ter uma base textual. Na página 515 de Liberdade Cristã, R. Franz escreveu:

Ao contrário da prática comum das Testemunhas de Jeová ao se dirigir a Deus em oração, Jesus sempre se dirigiu a Ele, nunca como “Jeová”, mas sempre como “Pai” (empregando essa expressão seis vezes apenas em sua oração final com seus discípulos).

Em relação a este argumento, R. Franz ignora o contexto e várias informações são omitidas dos leitores. Uma delas é que as TJs também usam livremente o título “Pai” para se referir a Deus e R. Franz sabia disso. Recuso-me a crer que R. Franz não tenha se dado conta disso.

No caso da última oração de Jesus, por que então ele usa o título “Pai”, e não “Jeová”? A resposta é óbvia: porque o nome de Deus não era o assunto da oração. O tema da última oração de Jesus era a filiação, não o nome de Deus.

R. Franz parece não ter entendido a crítica feita pelas TJs em relação às outras religiões. A crítica não é que as denominações cristãs, por vezes, não usam o nome Jeová, mas que elas nunca o usam e que negam o próprio nome do Soberano. Portanto, R. Franz está atacando um espantalho.

Veja este exemplo que elucidará a questão. Quando nos dirigimos ao nosso pai carnal, usualmente não o chamamos por seu nome pessoal, mas pelo título “pai”. Entretanto, o que nosso pai carnal pensaria de nós se nos recusássemos ou achássemos desculpas para nunca mencionar seu nome? Ou pior, o que pensaria de nós se inventássemos argumentos para não mencionar seu nome? Ou ainda, o que pensaria de nós se removêssemos seu nome de seus documentos?

Imagine que um rapaz de 15 anos de idade seja parado por um policial e questionado sobre quem seria seu pai. Então, ele diz: “Meu pai é o pai.” A única razão para o rapaz se recusar a falar o nome de seu pai é se ele se envergonha do progenitor. De fato, não há nada de errado em chamar a Jeová de “Pai” – isso nunca foi afirmado pela Torre de Vigia; o erro está em negar o nome de Deus.

Em outras situações, Jesus usou o nome Jeová. Vejamos algumas.

·       (Mateus 4:4) “Está escrito: ‘O homem tem de viver, não somente de pão, mas de cada pronunciação procedente da boca de Jeová.’”

·       (Mateus 4:7) Jesus disse-lhe: “Novamente está escrito: ‘Não deves pôr Jeová, teu Deus, à prova.’”

·       (Mateus 4:10) Pois está escrito: ‘É a Jeová, teu Deus, que tens de adorar e é somente a ele que tens de prestar serviço sagrado.’

É absurdo propor que Jesus teria citado as Escrituras Hebraicas de forma adulterada, tirando o Tetragrama e o substituindo por “Senhor”. Portanto, Jesus de fato usou o nome de Deus.

Há evidências de que o nome de Deus era usado livremente pelos judeus nos dias de Jesus e que foi na última parte do primeiro século EC que os judeus pararam de usar o nome de Deus.[2]

Conclusão

Após esta clara análise, não há dúvidas de que R. Franz tornou-se culpado de séria heresia e mereceu ser desassociado das TJs. De fato, o termo “herege” descreve muito bem a personalidade de R. Franz, pois ele se tornou um inimigo do nome do Soberano universal por causa de sua disputa com a liderança das TJs.

Que isso sirva de alerta para nós: não permitamos que os erros do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová e nossa indignação justa com as atuais diretrizes dessa organização nos afastem do caminho da verdade.


Notas:

[1] A revisão foi feita por irmão da Holanda.

[2] Você poderá se inteirar com as pesquisas e publicações de Nehemia Gordon. 


Contato: oapologistadaverdade@gmail.com

 

Os artigos deste site podem ser citados ou republicados, desde que seja citada a fonte: o site www.oapologistadaverdade.org

 

 



Comentários

Jonas Santos disse…
Olá cristão antitípico obrigado por publicar exelentes artigos, por favor fale sobre o irmão Rolf Furuli
Tony disse…
Ótimo artigo. Já li os livros do RF e havia notado realmente algumas inconsistências nos argumentos dele, embora ele tenha apontado muitas coisas também que precisam ser corrigidas na organização. Obrigado por nos ajudar a ver o outro lado da moeda. E obrigado pelos artigos de um modo geral. Nos últimos tempos, tenho feito-me muitos questionamentos sobre certos temas que na minha humilde opinião, não estão sendo conduzidos corretamente com base na bíblia, como ensino superior, uso de barba, aplicação das disciplinas e assim por diante. E saber que não sou o único que está vendo isso, me deixa tranquilo, pois não estou ficando louco e nem estou com tendência "apóstata". Continuem com o ótimo trabalho.
Marcos jr disse…
Não há dúvida de que o nome do soberano deve estar em toda a Bíblia. Realmente Raymond Franz pisou na bola.
Anônimo disse…
Eu senti falta de alguém responder na internet às alegações de pessoas como Raymond Franz. Parabéns pelo ótimo artigo.
Anônimo disse…
Muito bom artigo! Parabés por sua sinceridade e honestidade com respeito à Organização. Fiquei somente um pouco incomodado com respeito a como se referiu a alguns cursos superiores e profissões, taxando-os de "inúteis". Na verdade, os vejo como importantes, porque a partir dessas áreas do conhecimento que justamente muitas vezes surge reflexões que são o ponta pé inicial para mudanças na sociedade.
Cristão Antitípico disse…
Obrigado por sua opinião sincera. Eu falo "inúteis" no sentido individual, para que o indivíduo consiga um emprego na área de formação. É claro que sociólogos são necessários na sociedade, e eles são capacitados para fazer análises sociais profundas e relevantes. Entretanto, cursar uma faculdade de sociologia é, em muito, uma perda de tempo. É muitas teoria, nada de praticidade; muito provavelmente você vai acabar com um diploma na mão e sem emprego algum, pois onde você vai trabalhar com um diploma de sociologia? Não é que não existam empregos, mas eles são muito raros. O mesmo para faculdades de Turismo, Ciências Sociais, Filosofia, etc.

Você não precisa de 4 anos de estudo em Turismo para trabalhar em uma agência de turismo. Conheci inúmeros turismólogos desempregados que viraram trabalhadores braçais ou mesmo foram para o comércio. Ou seja, eles desperdiçaram 4 anos da vida em uma faculdade que não lhes foi útil ao nível que eles esperavam.

Veja, por exemplo, a faculdade de Liberal Arts nos EUA. É a coisa mais inútil e o maior desperdício de dinheiro, esforços e tempo que você pode ter na vida. E ainda vai sair da faculdade dizendo que "homens podem menstruar e engravidar"; ou seja, sairá mais ignorante do que quando entrou.

O ponto é que há faculdades melhores que outras, há cursos mais úteis que outros. Sendo que o propósito. Enquanto indivíduos, queremos fazer faculdade para um fim - ter nosso sustento e uma boa educação. Assim, por que escolheria uma faculdade que não lhe ajudará a atingir seus objetivos? Ou pior... por que é que o pagador de impostos teria de pagar por um curso superior inútil? É disso que falo.

É claro que, se você quiser cursar qualquer curso superior, isso não é da minha conta, nem da conta do CG, nem da congregação, nem de ninguém. Seja feliz. Entendeu o ponto, prezado?

Espero ter esclarecido. Um abraço.
Cristão Antitípico disse…
Obrigado, prezado, pela pergunta.

Rolf Furuli foi um dos maiores, se não o maior, erudito das TJs. Ele era para as TJs o que o Rodrigo Silva é para a igreja adventista. Ou melhor, ele seria professor do Rodrigo Silva.

Ele apontou corretamente os erros do Corpo Governante ao próprio CG em secreto por décadas, mas sem sucesso. Quando mais o irmão Furuli os aconselhava a "baixar a bola", mais poder e prestígio eles se empenhavam em alcançar. Até que, em vista de uma nova atitude do CG em relação a controlar as consciências dos irmãos por ir claramente além das Escrituras, Furuli se expressou publicamente com o justificado lançamento de seu livro: "Minha Querida Religião e o Corpo Governante".

Imediatamente, ele foi desassociado sem que suas alegações fosse ao menos avaliadas quanto à veracidade. Isso foi trágico e, na verdade, apenas comprovou que o que aquilo do que ele acusara o CG era a mais pura verdade.

Mas para mim ele não está desassociado. Eu ainda o trato como irmão de fé, pois é isso que ele é. Não que eu concorde com tudo que ele tenha dito, mas concordo com o direito de ele se posicionar contra o que está errado.
Anônimo disse…
Obrigado pelo esclerecimento. Entendo seu ponto de vista. E realmente devo admitir que algumas formações trazem um chance maior de inserção no mercado de trabalho que outras, por conta de demanda.
Anônimo disse…
Essa série sobre o Raymond Franz foi esclarecedora. Mas infelizmente, corrija-me se eu estiver errado no meu raciocínio, ela (a desassociação do Raymond) foi o ponta-pé inicial numa equalização infeliz na condição de tratativas de desassociados e dissociados. Não sou contra a desassociação, mas o silenciamento que se impões nos dois casos de dentro para fora e de fora para dentro não tem tido deste então a função de “disciplina amorosa da parte de Jeová”, mas apenas de controle do grupo. Nisso o Furulli acertou em cheio (quando fala do silenciar - e já vamos para mais de 40 anos), e como resultado, muita injustiça e famílias destruídas. Esse 'modus operandis' padronizado no mundo todo entra em choque violento com formações culturais diferentes entre si. Famílias inteiras desfeitas por uma imposição farisaica. Imagino como dever ser difícil com povos culturalmente mais fechados.
Cristão Antitípico disse…
Olá, prezado. Seu comentário está excelente. Obrigado por contribuir com o bom nível nos comentários. Precisamos de análises profundas assim. Não hesiste em continuar comentando. Abraço.
Anônimo disse…
Excelente artigo! Estava procurando algo assim, porque todos os artigos que encontro são recheados de rancor e até mesmo ofensas as pessoas de modo individual. As pessoas esquecem que existem pessoas dentro das religiões que realmente tem intenções genuínas e de fato acreditam estar fazendo o bem a outros. Além disso, a análise profunda e neutra me mostrou o quanto ainda tenho que estudar pra realmente ver a "verdade". Muito obrigada!

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