Fonte da ilustração: jw.org
“Porque
um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus
ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz..” – Isaías 9:6.
A expressão hebraica em questão é ’Avi·‛ádh.
’Av significa “pai” e ‘ádh
(hádh) “indica ilimitado tempo futuro, sempiternidade ou
eternidade”[1]. Assim, embora
a Tradução d0 Novo Mundo verta por
“Pai Eterno”, a nota de rodapé da Tradução
d0 Novo Mundo das Escrituras com
Referências (Revisão
de 1986) explica: “Ou ‘Pai Para Sempre’. Hebr.: ’Avi·‛ádh.”
Com base nessa expressão (“Pai da
eternidade”) aplicada ao Filho, Jesus Cristo, os trinitaristas defendem que ele
e seu Pai compartilham da coeternidade, sendo assim coiguais.
Contudo, tal argumento é produto
de um olhar superficial tanto na questão do uso epistemiológico (textual) quanto
contextual (ou semântico) da expressão “Pai da eternidade” e da palavra
hebraica para “eternidade” no texto de Isaías 9:6.
O uso de ʽadh diz
respeito à eternidade futura
Para comprovar isso,
observe nos textos abaixo os usos de ʽadh:
Salmo 19:9: “O temor de
Jeová é puro, dura para sempre.”
Isaías 45:17: “Mas Israel será salvo por
Jeová, e essa salvação será eterna. Vocês não serão envergonhados nem
desonrados por toda a eternidade.”
Habacuque 3:6: “Ele parou e fez a terra
tremer. Com um olhar, fez nações estremecer. Os montes eternos foram despedaçados, e as colinas antigas se encurvaram. Os
caminhos da antiguidade pertencem a ele.”
Salmo 104:5: Estabeleceu a terra em seus
alicerces; ela nunca, jamais, será
tirada do seu lugar [“Ou: ‘será abalada.’”, nota
da NM Revisada de 2015.].”
Note que todos os usos acima de ʽadh dizem respeito à eternidade futura, pois as
coisas descritas como eternas tiveram princípio.
O
mesmo se pode dizer do uso de ʽadh com referência a Jesus. O contexto bíblico comprova
isso.
“Pai da Eternidade” no contexto bíblico
A profecia de Isaías 9:6
não é uma descrição do Filho em sua existência atemporal, como pretendem os
trinitários, mas diz respeito à atividade messiânica dele. Prova disso é que
inicia assim: “Porque um menino nos nasceu.” Em sua existência
pré-humana, o Filho não era um menino, mas um ser espiritual. Concordemente,
todos os títulos usados em Isaías 9:6 para o Filho têm a ver com sua atividade
messiânica, a partir de sua existência humana, pois tais títulos são
prefaciados pela frase “e será
chamado …”.
Como o Messias enviado por Deus, Jesus mostrou ser
realmente um “Maravilhoso Conselheiro” ao ensinar e um “Deus Poderoso” ao
realizar milagres e expulsar demônios. Tendo em vista que o termo “Deus” (ou
“deus”) na Bíblia se aplica, sem conotação idólatra, a alguém poderoso, vale
ressaltar que os anjos são chamados de ʼelo·hím
(“deuses”) no Salmo 8:5, e são
seres poderosos, conforme o Salmo 103:20. Assim, cada anjo é um deus poderoso.[2] No
entanto, o uso do título “Deus Poderoso” em Isaías 9:6 diz respeito a uma
atividade específica realizada pelo Filho de Deus – seu papel como Messias.
Quando estabelecer o seu Reino messiânico sobre a
Terra, ele mostrará ser, num amplo sentido, o “Príncipe da Paz” (“‘Príncipe
Pacífico’, isto é, um príncipe que dá paz’, nota
NM Com Referências), pois o versículo 7 acrescenta: “A expansão
do seu reinado e a paz sobre o trono de Davi e sobre o
seu reino não terão fim, de modo que
este será estabelecido firmemente e amparado por meio da justiça e da
retidão.” Mas que dizer de seu papel messiânico como “Pai da Eternidade”?
Desde que depôs sua vida humana perfeita em favor
da humanidade, Jesus se tornou o “Pai da Eternidade” futura da raça humana,
pois possibilitou tal eternidade aos humanos que voluntariamente harmonizarem suas
vidas com a vontade de Deus. – João 3:16; 10:10; Romanos 6:23.
Assim, tanto num sentido textual quanto contextual,
a expressão “Pai da Eternidade” não torna o Filho coeterno com o Pai. Por que
podemos dizer isso?
Porque, como vimos, a eternidade referida ao Filho
é futura, ao passo que o Pai – e somente o
Pai – tem eternidade passada. Diz a Palavra de Deus sobre ele:
“Ó Jeová, tu tens sido nossa morada por todas as
gerações. Antes de nascerem os montes ou de teres formado a terra e o solo
produtivo, de eternidade [passada] a eternidade [futura], tu és Deus.” – Salmo 90:2.
Notas:
[1] Estudo Perspicaz das Escrituras (vol. 3, p. 687, publicado pelas Testemunhas de Jeová), verbete “Tempo indefinido”.
[2] Para um entendimento do uso da palavra “Deus” (ou “deus”) na Bíblia sem conotação idolatra, veja o artigo O uso e significado da palavra “Deus” (Elohim) nas Escrituras Sagradas no blog “Tradução do Novo Mundo Defendida”.
[2] Para um entendimento do uso da palavra “Deus” (ou “deus”) na Bíblia sem conotação idolatra, veja o artigo O uso e significado da palavra “Deus” (Elohim) nas Escrituras Sagradas no blog “Tradução do Novo Mundo Defendida”.
A
menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da Tradução do
Novo Mundo da Bíblia Sagrada, publicada
pelas Testemunhas de Jeová.
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