Fonte da ilustração:
https://www.jw.org/pt/publicacoes/livros/boas-noticias-deus-voce/quem-e-deus/
“E naquele dia certamente direis: “Agradecei a Jeová! Invocai o seu nome. Tornai conhecidas entre os povos as suas ações. Fazei menção de que seu nome deve ser sublimado.” – Isaías 12:4.
Antes de abordarmos a resposta a essa pergunta, convém estabelecer
alguns fatos a respeito de pronúncia de nomes de pessoas:
Nomes pessoais não são traduzidos. Eles são vertidos para outros
idiomas, sendo adaptados ao alfabeto e aos fonemas desses idiomas. Assim, mesmo
quando a escrita e a pronúncia originais de um nome são conhecidas, elas não
são mantidas em outros idiomas. Isto se dá porque os fonemas - e às vezes as
letras - não correspondem aos do nome original. Portanto, o nome é adaptado a
uma forma mais aproximada possível à forma original.
Podemos ilustrar a situação com o nome do Filho de Deus. Qual é a
pronúncia original do nome dele? Visto que seu nome se origina do hebraico, e
esse idioma permaneceu como língua morta por séculos, sendo revivificado com o
movimento sionista em fins do século 19 EC, ninguém pode afirmar qual era a
pronúncia original do nome do Filho de Deus. Com certeza não era Jesus. (Vale ressaltar que
mesmo nas línguas vivas uma pronúncia muda com o passar do tempo. E um
agravante é que o hebraico era escrito sem vogais, as quais eram supridas na
linguagem falada.)
O nome do Filho de Deus em hebraico, com pontos vocálicos, ocorre
na forma Yehoshúa‘. A outra forma é Yeshúa‘ (“Jesua”), encontrada pela
primeira vez no registro bíblico nos livros do período exílico e pós-exílico,
quando o hebraico já havia sido influenciado pelo aramaico. (Veja 1 Crônicas
24:11; 2 Crônicas 31:15; Esdras 2:2; 3:2; 8:33; Neemias 3:19; 11:26; 12:24.) Ye·shú·a' (“Jesua”) é,
portanto, uma forma aramaicizada de Yehoh·shú·a' (“Jeosué” ou “Josué”). (Compare
Esdras 2:2 com Ageu 1:1 e Zacarias 3:1.) Quando o “Velho Testamento” foi traduzido
para o grego, na Septuaginta ou Versão dos Setenta, a forma Ye·shú·a' foi vertida por ’Ιησουs (I·e·soús).
Note que a forma grega usou a letra sigma (que em português corresponde ao
“s” e tem som sibilante) em lugar da 21.ª letra do alfabeto hebraico que, na
forma CHIM, tem som chiado, de “ch”. Assim, a forma Iesoús não é uma versão exata do hebraico
aramaicizado Yeshúa‘,
muito menos da forma hebraica primitiva Yehoshúa‘. Mesmo assim, a forma grega do nome do
Filho de Deus foi aceita pelos discípulos de Cristo e integrada no “Novo
Testamento” grego. Da forma grega surgiu a versão latinizada “Jesus”. Hoje,
dificilmente alguém questionaria a forma “Jesus”, embora ela não seja a
pronúncia original do nome do Filho de Deus e nem se saiba qual é a pronúncia
original. De fato, mesmo que soubéssemos a pronúncia original, dificilmente as
pessoas a usariam, devido à dificuldade da fonética.
O precedente bíblico e histórico mostra que os nomes são adaptados
aos idiomas nos quais são introduzidos, permitindo assim a fácil pronúncia
pelos que falam tais idiomas. Assim, a questão da pronúncia correta tem de ser
avaliada não apenas tendo em vista a proximidade com a pronúncia original,
mesmo porque nem sempre se conhece a pronúncia original. Nem a forma grega Iesoús nem a portuguesa Jesus representam de forma exata a forma
original hebraica, cuja pronúncia é ademais desconhecida. Por outro lado, tais
formas estão em contato com o público há séculos e identificam
satisfatoriamente a pessoa por trás do nome – o Filho unigênito de Deus.
Origem e
legitimidade da pronúncia “Jeová”
No Códice de Alepo, de 930 EC, o Tetragrama contém os sinais
vocálicos, colocados pelos judeus massoretas, para sonorizar Yehowáh. “Jeová” é a forma latinizada dessa
pronúncia hebraica que já existe na forma escrita desde o 10.º século EC.
Devido à origem multicentenária da pronúncia “Jeová”, ela se firmou como a forma convencional e
internacionalmente aceita do nome de Deus, do
mesmo modo como a pronúncia “Jesus” é a forma convencional e
internacionalmente aceita do nome do Filho de Deus.
No entanto, alguns eruditos apontam para “Yahweh” (ou Javé) como a pronúncia
mais provável. Seguem abaixo seus
argumentos e a respectiva refutação.
ARGUMENTO 1: A forma
abreviada do nome é Yah (Jah, na forma latinizada).
REFUTAÇÃO: Essa vocalização da forma abreviada do nome ocorre no final dos nomes hebraicos. Como
exemplos, temos Yesha‘yáhu (Isaías, “Salvação de Jeová”), ’Ahhazyáhu (Acazias, “Jeová se Apoderou”), ’Eliyáhu (Elias, “Meu Deus é Jeová”), Amatsyáhhu (Amazias, “Jeová É Poderoso”), Hhizqyáhu (Ezequias, “Jeová Fortalece”), e Yekhonyáhu (Jeconias, “Jeová Estabelece
Firmemente”).
No entanto, as letras iniciais do nome divino – Iode e Hê
(transliteradas JH), quando incorporam a primeira parte dos nomes bíblicos, são
vocalizadas Yehóh e Yoh, encontradas na grafia hebraica de
nomes tais como Jeorão (ou Jorão), Jeosafá (Josafá) etc. Tais prefixos não
coincidem de modo algum com as
formas “Iahweh” ou “Javé”, e sim com Jeová. Portanto, a forma abreviada do nome divino não serve
de base para indicar a pronúncia
da primeira parte de nome divino.
ARGUMENTO 2: A transliteração do Nome em escritos gregos de
professos cristãos ocorre nas formas Iaoué (Clemente de Alexandria, c. 150 a 215 EC) e Iabé.
REFUTAÇÃO: Como já visto no caso do nome do Filho de Deus, a
transliteração não preserva a pronúncia original. Citando outro exemplo nesse
sentido, temos o hebraico Elishéva,
que se tornou Eleisábet em grego e Elisabete em português.
Note, além disso, que tais pronúncias do nome divino coincidem com
o período da apostasia cristã, estando, por conseguinte, historicamente
posicionadas em terreno duvidoso.
Ademais, somente a forma “Jeová” possui a vogal do meio – a letra “o”. Será que isso é relevante? Com toda a certeza, segundo George Buchanan, professor emérito no Seminário Teológico de Wesley, Washington, DC, EUA. Ele explica: “Na antiguidade, os pais muitas vezes davam aos filhos o nome de suas deidades. Isto significa que pronunciavam os nomes dos filhos assim como se pronunciava o nome da deidade. O Tetragrama foi incluído em nomes de pessoas, e eles sempre usavam a vogal do meio.” – Biblical Archaeology Review [Revista da Arqueologia Bíblica]; veja a revista A Sentinela de 1.º de fevereiro de 1999, pp. 30-31, periódico publicado pelas Testemunhas de Jeová.
Em outras palavras, tais nomes próprios começam com “Jeo” ou “Jo”,
sempre incluindo a vogal “o”. Citando apenas alguns exemplos, temos:
Jeoiaquim ou Joaquim (Jeová Levanta)
Jeonadabe ou Jonadabe (Jeová É Nobre)
Jeonatã ou Jonatã (Jeová Deu)
Jeosafá ou Josafá (Jeová É Juiz)
Quando o Tetragrama era pronunciado com uma só sílaba, era ‘Yah’
(no final do nome) ou ‘Yo’ (no início do nome). Quando abreviado a duas
sílabas, tem a forma יהו [Ye-ho]. Com base em tais pronúncias abreviadas, é
coerente o uso da pronúncia יהוה [Ye-ho-wah]. Em harmonia com isso, o hebraísta
Gesenius, no seu Dicionário Hebraico e Caldaico das Escrituras do Velho Testamento (em alemão), disse que a forma יהוה
[Ye-ho-wah] ‘pode explicar mais satisfatoriamente as sílabas abreviadas יהו [Ye-ho]
e יו [Yo], com que começam muitos nomes próprios’.
Com base nisso, as pronúncias “Javé” ou “Yahweh” ficam
descartadas, por não possuírem a vogal do meio – a letra “o”.
Portanto, tendo em vista o aspecto linguístico – especificamente
morfológico – do uso do Nome como prefixo de nomes hebraicos, bem como o uso
vernacular do nome divino, ao longo dos séculos, a forma “Jeová” se firmou como
a pronúncia que identifica satisfatória e coerentemente a Pessoa representada
por esse nome, o Deus majestoso e Todo-Poderoso, “o Deus e Pai de nosso Senhor
Jesus Cristo”. – Romanos 15:6.
A menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da
Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, publicada pelas Testemunhas de
Jeová.
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fonte: o site www.oapologistadaverdade.org