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A banalização dos argumentos trinitários (Parte 1)



Devido à ausência de respaldo bíblico para a doutrina da Trindade, tem ocorrido uma banalização, por parte dos trinitaristas, em matéria de argumentação, que beira a uma infantilidade teológica e somente presta um desserviço aos que querem realmente comprovar os fatos.

Por exemplo, certo trinitarista afirmou que o termo “santo” indica que o espírito santo tem que ser uma pessoa, pois, segundo esse trinitário, tal termo é usado para pessoas.

Porém, tal defensor da falida doutrina da Trindade desconsidera que o termo “hágios” (“santo”), que faz parte da composição da expressão pneúma hágios (espírito santo), também é usado no “Novo Testamento” para coisas impessoais. Por exemplo, Jesus disse: “Não deis aos cães o que é santo”, evidentemente se referindo a dar algo impessoal. (Mateus 7:6) Nesta mesma linha de evidência, encontramos hágios no plural em Hebreus 9:25, com referência ao compartimento do templo em que o sumo sacerdote israelita entrava no dia da expiação. Ademais, o sábado é chamado de "dia santo" e nem por isso é uma pessoa (te hemera te hagia, na LXX, em Isaías 58:13).

Ele afirmou que a palavra “santo”, quando é substantivo, refere-se quase 95 por cento a pessoas; que, quando é adjetivo, quase 100 por cento se refere a pessoas. Acrescenta que a palavra “espírito” é usada quase 100 por cento para se referir a seres pessoais.

Bem, em primeiro lugar, é necessário ressaltar que a afirmação quanto à porcentagem acima NÃO É VERDADEIRA.

A palavra “hágios” (“santo”), (excetuando o espírito santo, que é o foco da questão), é usada cerca de 100 vezes para pessoas e cerca de 40 vezes para coisas impessoais. Portanto, 40 por cento das ocorrências – quase a metade – refere-se a algo impessoal.

Em hebraico, a palavra qodesh (“santo”), que é usada em relação ao espírito santo, excetuando as três referências ao espírito santo, aplica-se mais de 430 vezes a coisas impessoais e menos de 20 vezes – menos de 5 por cento – a pessoas. 

A palavra “espírito”, na Bíblia inteira, ocorre cerca de 800 vezes. Excetuando as referências (diretas e indiretas) ao espírito santo (cerca de 330), tal palavra é aplicada quase 400 vezes a coisas impessoais e menos de 90 vezes (cerca de 20%) a pessoas.

Assim, tal trinitarista desinformado precisa fazer um estudo sobre pneumatologia. É muito perigoso ficar citando porcentagens a esmo, que não correspondam à realidade. Isso pode iludir os leigos, o que é algo sério.

Mas, mesmo que a porcentagem citada pela referida pessoa fosse verdadeira, isso não seria um argumento conclusivo. Afinal, o uso mais frequente de um termo não é determinativo para assegurar o sentido do mesmo termo num caso específico. Se fosse determinativo, então teríamos de concluir que “pacto” e “lei” são pessoas, pois essas coisas foram qualificadas como sendo “hágios” (“santo”):

Lucas 1:72: “Para mostrar misericórdia com relação aos nossos antepassados e para lembrar o Seu santo pacto.”

Romanos 7:12: “Assim, a Lei em si mesma é santa, e o mandamento é santo, justo e bom.”

Segundo certa estimativa, a palavra “Deus” aparece na Bíblia, na Edição Pastoral, num total de 4.799 vezes; e, na versão Almeida Revista e Atualizada, 4.353 vezes. Dessas ocorrências, cerca de 4.000 vezes se refere a uma Pessoa, o Deus verdadeiro, Jeová. Isso representa um percentual de 83 a 91 por cento. Mas isso não significa que TODOS os demais usos se refiram a pessoas. A palavra também foi aplicada a um pedaço de madeira e ao ventre:

Isaías 44:15-17: Então alguém usa a madeira como combustível para fazer fogo. Ele pega parte dela para se aquecer; ele acende um fogo e assa pão. Mas também faz um deus e o adora. Ele a transforma numa imagem esculpida e se curva diante dela. Metade ele queima no fogo; Com essa metade ele assa a carne, come e fica satisfeito. Também se aquece e diz: ‘Ah! Estou me aquecendo enquanto olho para o fogo.’ Mas o resto ele transforma num deus, numa imagem esculpida. Curva-se diante dele e o adora. Ora a ele e diz: ‘Salva-me, pois tu és o meu deus.’”

Filipenses 3:19: “O fim deles é a destruição, o seu deus é o ventre, eles se orgulham do que deveriam se envergonhar e fixam a mente em coisas terrenas.”

É lamentável que certas pessoas, independente de sua motivação, usem argumentos fictícios, sem base lógica nem bíblica, fundada numa pseudociência bíblica, e espalhem essas afirmações na internet, prestando um desserviço a todos os que sinceramente buscam saber a verdade.

Devemos usar nosso precioso tempo para fazer pesquisas sérias, bem motivadas e contextualizadas com a inteira Palavra de Deus, visando ajudar as pessoas sinceras e que amam a verdade.

O segundo e último artigo deste tema irá considerar outros argumentos infundados e banalizadores da doutrina da Trindade.


A menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada, publicada pelas Testemunhas de Jeová.

A menos que seja indicada outra fonte, todas as publicações citadas são produzidas pelas Testemunhas de Jeová.



Os artigos deste site podem ser citados ou republicados, desde que seja citada a fonte: o site www.oapologistadaverdade.org



Comentários

  1. Amado irmao obrigado pela otima explicaçao . Aki em MG muitos irmaos da nossa congregaçao acompanham suas materias ,foram eles que me recomendaram seu blog. Continue postando materias edificantes.

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    1. Estimado irmão:

      Fico muito contente de saber que estão se beneficiando desta obra de pregação pela internet. Transmito a você e aos demais irmãos de MG meu amor cristão e votos de paz e prosperidade espiritual.

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  2. Esses que defendem a trindade deveriam respeitar a palavra de Jeová e em vez de ficar imaginando uma coisa que não existe Parabéns irmão continuar divulgando a verdade

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  3. Parabéns irmão pelo ótimo trabalho de pregação que o irmão está fazendo pela internet, tenho acompanhado as publicações que o irmão está postando no seu blog, vi uma palestra que o irmão fez sobre a trindade e com outros irmãos aos da Assembléia de Deus no YouTube, que Jeová continue abençoando seu trabalho.

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    1. Agradeço suas expressões de apreço e fico contente de que está se beneficiando dos artigos deste site. Contudo, você está me confundindo com outro irmão.

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  4. Prezado Apolo, não sei se entendi errado, mas caso eu esteja certo, se faz necessário avisa-lo.

    O artigo diz que a palavra hagios é usada 100 vezes para seres pessoais e 40 vezes para coisas impessoais.
    Aí diz que sem 40% dos casos é usado para coisas impessoais.

    Mas o correto não seria somar todas as vezes em que a palavra hagios é usada (100 mais 40) e tirar a porcentagem dos 140?
    Segundo meus cálculos daria uns 29% aproximadamente que a palavra hagios seria usada para seres impessoais e não 40%.

    Bem, peço desculpas caso eu tenha entendido errado. De qualquer forma já peço que se possível não publique meu comentário. Minha intenção foi só dar esse toque.
    Um abraço

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    1. Prezado amigo:

      Agradeço pela sincera preocupação de que os artigos deste site sejam exatos. Publiquei seu comentário porque outros podem estar tendo o mesmo questionamento. De fato, no passado, quando outro artigo abordou essa forma de calcular, outro leitor também expressou o mesmo questionamento. Publico a seguir a resposta que dei na época:

      São modos diferentes de chegar ao mesmo resultado. Em relação ao número de vezes em que hágios se refere a pessoas no “Novo Testamento”, (c. 100 vezes), temos 40% de ocorrências de hágios (quase a metade de ocorrências) para seres impessoais.
      Agora, em relação ao total de ocorrências de hágios (excetuando seu uso para o espírito santo), seu uso para pessoas chega a cerca de 72 por cento, ao passo que seu uso para seres impessoais é de cerca de 28 por cento, sendo esta última porcentagem equivalente a quase a metade de seu uso para pessoas.
      De qualquer forma, o percentual de hágios para pessoas está bem longe do que se diz ter sido afirmado por certo defensor da alegada personalidade do espírito santo.

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