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As Testemunhas de Jeová são dispensacionalistas ou partidários da teologia do concerto? (Parte 1)



Contribuído por Historiador JW. 

Muitos críticos das Testemunhas de Jeová, incomodados com o crescimento da obra, têm formulado muitas mentiras, tais como: As Testemunhas de Jeová não acreditam em Jesus; as Testemunhas de Jeová deixam seus filhos morrerem; as Testemunhas de Jeová são uma seita; e muitas outras. Mas, será que essas acusações são verídicas? Não é preciso ser um gênio para descobrir que todas essas acusações são falsas. Basta apenas ser uma pessoa sincera!  

O objetivo desse texto não é o de analisar as acusações acima, visto que até mesmo crianças, filhos de Testemunhas de Jeová, são capazes de respondê-las, mas outra acusação feita por alguns escritores da cristandade. Embora citemos alguns nomes de pessoas e instituições, o nosso objetivo não é atacar a ninguém, mas apenas seus argumentos.

Enfim, vamos ao ponto em questão, conforme indicado pelo título do texto acima. As modernas Testemunhas de Jeová foram influenciadas pelas vertentes teológicas “dispensacionalistas” e da “teologia do concerto”? Perguntas como essas surgem com frequência na literatura teológica da cristandade e são divulgadas na internet por críticos das Testemunhas de Jeová.  

Por exemplo, o famoso pesquisador e escritor americano Gary DeMar da Presbyterian Church in America (Igreja Presbiteriana na América) e presidente da American Vision, tem ensinado que as Testemunhas de Jeová são dispensacionalistas por acreditarem estar vivendo nos últimos dias e porque “compartilham a crença de que as guerras mundiais, o terrorismo, os tsunamis, doenças como malária, influenza, e AIDS são evidência empírica que o fim deve estar perto”. (DEMAR, traduzido por FELIPE SABINO, 2008, p. 1).

Mas, as afirmações não param por aí. Ainda outros dizem que as Testemunhas de Jeová são adeptas da teologia do concerto, pelo fato de elas pregarem que o Israel natural não é mais o povo pactuado de Jeová atualmente, sendo este substituído pelo “Israel de Deus”, um Israel espiritual. Por pensarem assim, muitas pessoas que leem os vastos materiais da cristandade acreditam que as Testemunhas de Jeová se enquadram nas correntes teológicas que ganharam ímpeto no século XIX. Mas, será que tais afirmações resistem a uma análise historiográfica do assunto em pauta, levando em conta o recorte temporal estudado e a vasta literatura disponível de época? Ou será que essa afirmação não passa de uma ilusão de ótica ou da cegueira dos críticos das Testemunhas de Jeová?

Definição dos termos

Antes de tudo, o que é “dispensacionalismo” e “teologia do concerto”? O primeiro grupo é muito difícil de definir, devido a sua grande variedade pormenorizada. Mas, em linhas gerais, esse paradigma teológico surgiu no século XIX com John Nelson Darby (1800-1882), um irlandês insatisfeito com o anglicanismo que se juntou ao grupo dos Irmãos. Esse modelo também foi propagado por vários pregadores, como Scofield. A principal doutrina desse modelo teológico é a divisão da história em 7 dispensações:

1-               Inocência;
2-             Consciência;
3-             Governo Humano;
4-             Promessa;
5-             Lei;
6-             Graça;
7-              Milênio.

Outra característica desse modelo hermenêutico é a volta visível de Cristo, conforme se pode ver no comentário da revista A Sentinela (1993) referente a Darby:

Ele afirmava que a volta de Jesus ocorreria em duas etapas. Começaria com um arrebatamento secreto, em que os ‘santos’ seriam arrebatados antes de um período de sete anos de tribulação devastar a Terra. Daí, Cristo apareceria visivelmente, acompanhado por esses ‘santos’, e juntos governariam a Terra por mil anos. (w93, 15 de Janeiro, p. 4).


Assim, o modelo teológico costuma dividir até mesmo a “grande tribulação” (Mateus 24:21), que ocorrerá, segundo eles, depois do arrebatamento dos “santos”. Outra caraterística nítida desse modelo é a interpretação extremamente literal da Bíblia. Por exemplo, para esse segmento, as profecias registradas nas Escrituras Hebraicas (“Velho Testamento”) em hipótese alguma podem se referir à congregação cristã no primeiro século E.C., devido a serem feitas para os judeus. Assim, acreditam que todas as profecias nas Escrituras Hebraicas se cumprirão futuramente com os judeus, embora acreditem que os cristãos também são o povo de Deus, resultando numa dicotomia entre os judeus e os cristãos no plano de Deus.
  
Já por ouro lado, a teologia do concerto/pactual/aliancista (as nomenclaturas significam praticamente a mesma coisa) faz referência direta ao “dogmático Johann Cocceius (Koch) (1603- 1669)”, conforme Arnaldo Schuler (2002, p. 209). Esse modelo teológico teve sua origem no século XVII, provavelmente com debates entre anabatistas e Heinrich Bullinger na Suíça, o qual influenciou muitos teólogos e religiosos ao logo dos séculos.  

Esse modelo costuma dividir a história não em dispensações, mas em concertos ou pactos/alianças. Segundo eles, existiram 2 a 3 pactos pós-queda no pecado, tais como o pacto com Abraão, a entrega da lei, o pacto com Davi, e o novo pacto, diferentemente do primeiro paradigma estudado. Seu tema unificador é “a glória de Deus através da salvação dos eleitos”; acreditam que as profecias no que chamam de “Velho Testamento” são para a “Igreja” que, segundo os mesmos, já existia no “Velho Testamento”.
  
Muito bem, visto que agora conhecemos as principais características das duas correntes teológicas acima, vamos analisar se as Testemunhas de Jeová se encaixam em algum desses modelos teológicos tanto em sua estrutura como na sua metodologia de interpretação das Escrituras Sagradas. O próximo artigo examinará esse assunto.

  
A menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada, publicada pelas Testemunhas de Jeová.




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