O Manuscrito Vaticano, do 4.º século AD, coloca "DEUS UNIGÊNITO"
A obra Aprenda o
Grego do Novo Testamento, de John H. Dobson[1] teceu
alguns comentários interessantes sobre os critérios que adota sobre a expressão
que o autor acha ser a mais coerente: “Filho unigênito”.
Ele disse:
“Quando estudamos as outras
passagens em que João usa μονογενής [monogenés;
‘unigênito’] (João 3.16, 18), vemos que ele o usa com υἱός [huiós; ‘Filho’], e em
João 1.14 μονογενής παρὰ πατρός [monogenés
pará patrós] implica naturalmente na ideia de filiação. Portanto, a forma como
João usa μονογενής [monogenés]
confirma o que parece a leitura mais lógica.
“Por que motivo, então, os
editores do Novo Testamento Grego (UBS, 3ª edição) adotam a leitura alternativa
θεός [theós; ‘Deus’ e não ‘Filho’]?
“Em parte porque esta é encontrada
nos dois papiros (p66 e p75) que representam o mais antigo testemunho desta
passagem.
“A outra razão soa estranha no início,
mas ilustra um princípio fundamental da crítica textual. Eles preferiram θεός [theós] porque esta é a
‘leitura mais difícil’, a que menos se encaixa com a forma de escrita normal de
João. O argumento é este: se João escreveu θεός [theós], um escriba
seria fortemente tentado a mudá-lo para υἱός [huiós; huiós; ‘Filho’], mas se João
escreveu υἱός [huiós] é difícil
explicar como se originou a leitura alternativa.”
Apesar dessa clara admissão de que
o peso da evidência – textual paleográfica e de lógica argumentativa – indica a
expressão “Deus unigênito”, o autor discorda dessa expressão, preferindo “Filho
unigênito”, usando como base para ela a seguinte explicação: “Se João escreveu θεός [theós; ‘Deus’] é
difícil enxergar o que a sentença, como um todo, quer dizer.”
O que torna difícil para muitos
entender que a expressão “Deus unigênito” seja possível é a crença na Trindade,
a qual não admite que o Filho tenha tido princípio como Divindade – o que faria
com que a Trindade não existisse enquanto não tivesse existido uma das supostas
Pessoas que a compõem.
Não obstante, é justamente isso
que a expressão “Deus unigênito” significa – o único Deus gerado, ou nascido;
portanto, o Deus que teve um nascimento, um começo.
Inclusive, essa verdade aplica um
golpe tão contundente – para não dizer fatal – ao dogma da Trindade, que os
trinitaristas ficaram divididos quanto à interpretação dessa passagem, cada
grupo com conceitos antagônicos em relação ao outro grupo.
Para fugir da clara ideia de
origem e de nascimento ligados a monogenés
(“unigênito”), os neotrinitários preferem a tradução “Deus único”, ou
“único Deus”. Os trinitários conservadores criticam essa tradução como errônea
por motivos óbvios:
1- “Único” em grego é mónos, e não monogenés;
2- Afirmar que o Filho é o “único Deus” faria com
que o Pai e o “Espírito Santo” não fossem também Deus;
3- A expressão “único Deus” é usada somente em
relação ao Pai;
Assim, os trinitários
conservadores preferem corretamente a tradução filológica e biblicamente
correta “Deus unigênito”. Entretanto, para tentar escapar da clara evidência de
que essa expressão para a origem temporal do Filho, tais trinitários criaram a
ilógica ideia da geração eterna – de que o Filho foi gerado, mas que sempre
existiu! Seria o mesmo que falar do início de alguém que nunca teve início.
Essa ideia é tão sem nexo, que muitos trinitários não a adotaram.
Não é à toa que, para os
trinitaristas, “é difícil enxergar o que a sentença [de João 1:18], como um
todo, quer dizer”.
Para uma consideração cabal desse
assunto, veja a série de artigos “‘Deus unigênito’ em João 1:18 – um dilema
para os trinitaristas” neste site.
Nota:
[1] Edição de 1994 (pp. 384-385), traduzido em português pela Casa Publicadora das Assembleias de Deus.
A
menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da Tradução do
Novo Mundo da Bíblia Sagrada, publicada
pelas Testemunhas de Jeová.
Contato: oapologistadaverdade@gmail.com
Os
artigos deste site podem ser citados
ou republicados, desde que seja citada a fonte: o site www.oapologistadaverdade.org
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