Aos 81 anos, o ator Alain Delon dedica todo o seu tempo aos animais.
Fonte: https://www.anda.jor.br/
Um leitor
trouxe à atenção deste site um tema
bastante curioso. Observemos seu comentário:
Apologista, tenho uma sugestão de
artigo. É sobre se os animais morrerão ou também viverão para sempre no Novo
Mundo. Claro que eles não possuem a esperança de vida eterna. Mas isso apenas
prova que os animais do velho sistema não serão ressuscitados. Porém, nada
impede que os “novos animais” perfeitos do Novo Mundo vivam para sempre junto a
nós. O que o irmão acha?
Resposta:
Obviamente,
essa colocação vem de uma pessoa bastante sensível aos animais, alguém que
possui muito amor por eles. O amor de humanos por animais foi belamente
ilustrado pelo profeta Natã em 2
Samuel 12:3, onde lemos: “O homem pobre tinha apenas uma cordeirinha que
havia comprado. Ele cuidava dela, e ela cresceu junto com ele e seus filhos.
Ela comia do pouco alimento que ele tinha, bebia do seu copo e dormia nos seus
braços. Ela se tornou como uma filha para ele.”
Para
os que não compartilham desse sentimento pelos animais, tal colocação soa estranha.
Inclusive, alguém que leu esse comentário do leitor mencionado no início deste
artigo, mas que evidentemente não possui a profundidade do apego do comentarista
acima, escreveu o seguinte: “Animais não
irão viver para sempre. Só viveremos para sempre devido ao sacrifício de
resgate de Jesus. O sacrifício de Jesus não se aplica a tais.”
Embora
o comentário acima pareça ser tecnicamente bíblico, afirmar que algo irá ou não
irá acontecer no futuro eterno parece ser arriscado. Afinal, não podemos falar
por Deus o que ele fará ou não fará tendo em vista a eternidade, quando ele não
deixa claro em sua Palavra escrita isso. Poderíamos cometer o mesmo erro do
apóstolo Pedro, registrado em Mateus
17:24-26. Lemos nessa passagem:
“Depois de eles chegarem a Cafarnaum, os homens que cobravam o
imposto de duas dracmas se aproximaram de Pedro e perguntaram: ‘O seu instrutor
não paga as duas dracmas de imposto?’ Pedro disse: ‘Sim, ele paga.’ No entanto,
quando ele entrou na casa, Jesus falou primeiro que ele: ‘O que acha, Simão? De
quem os reis da terra recebem tributos ou imposto por cabeça? Dos seus filhos
ou dos estranhos?’ Quando ele disse: ‘Dos estranhos’, Jesus lhe disse: ‘Realmente,
então, os filhos estão isentos de impostos.’”
Observe que Pedro respondeu pelo
que lhe parecia lógico: Jesus, sendo judeu e também cumpridor das leis, pagaria
os impostos devidos ao templo. Contudo, em particular, Jesus bondosamente
corrigiu o modo de pensar de Pedro, por suprir-lhe informações que ele não possuía
– o fato de Jesus ser o Filho do Rei do Universo que era adorado no templo o
isentava de pagar tais impostos. O mesmo pode acontecer conosco. Na ânsia de
defender conceitos bíblicos, poderemos inadvertidamente entrar em temas e fazer
afirmações sobre os mesmos que não estão claras na Palavra de Deus.
Nesta mesma esteira, também
devemos nos lembrar de que coisas que aparentemente não estavam no propósito de
Deus foram posteriormente acrescentadas. Exemplo disso é a perspectiva de
humanos irem para o céu. Quando Deus criou a humanidade, primeiramente formando
Adão e Eva, ele não apresentou a eles nenhuma perspectiva de irem para o céu. Antes, mostrou que a Terra seria o lar eterno deles. Lemos em Gênesis 1:27, 28: “E
Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os
criou. Além disso, Deus os abençoou e Deus lhes disse: ‘Tenham filhos e
tornem-se muitos; encham e dominem a terra; tenham domínio sobre os peixes do
mar, sobre as criaturas voadoras dos céus e sobre toda criatura vivente que se
move sobre a terra.’”
Fonte: jw.org
Mas, após a rebelião do anjo que
se tornou Satanás, e a rebelião do primeiro casal humano, Deus proferiu a
primeira profecia, a qual mencionou um futuro “descendente” que destruiria
Satanás. (Gênesis 3:15) Segundo o apóstolo Paulo, tal descendente é composto
por Cristo e pelos que a ele pertencem. (Gálatas 3:16, 29) Para tais, seu
destino, ou “cidadania”, “está nos céus”. (Filipenses 3:20) Ainda que alguém
afirme que isso se deu devido ao pecado, o ponto é que Jeová pode fazer o que
quiser que for do seu agrado. Como ele mesmo afirmou: “Farei tudo o que for do
meu agrado.” – Isaías 46:10.
Mas, retornando ao assunto do
comentarista do prefácio deste artigo, perguntamos: a Bíblia permite a
esperança de que os animais, individualmente, viverão algum dia para sempre?
O que revela o exame imediato
Num primeiro exame, observamos que
no Éden havia uma “árvore da vida” (Gênesis 2:9), e aquele que comesse de seu
fruto teria o direito a ‘viver para sempre’. (Gênesis 3:22) Entende-se que o
primeiro casal humano, Adão e Eva, após passarem com lealdade no teste simples
de não comer da “árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau”, de cujo
fruto foram alertados a não comer, teria direito a comer da “árvore da
vida” (Gênesis 2:17). Pois, em momento algum Deus havia dito ao casal que algum
dia eles morreriam. Pelo contrário, Deus apresentou a eles a perspectiva
emocionante de gerar filhos e de cuidar da Terra e da vida nela. (Gênesis 1:27, 28) A morte, no caso dos
humanos, foi apresentada como punição pela desobediência, e não como um
processo natural da existência humana.
Com relação aos animais, as
passagens bíblicas parecem indicar que eles morreriam. Vejamos algumas
passagens.
“Mas esses homens, como animais
irracionais que agem por instinto e nascem para ser apanhados e destruídos,
falam mal das coisas que desconhecem. Eles sofrerão a destruição trazida pelo seu
próprio proceder destrutivo.” – 2 Pedro
2:12.
O texto acima tem sido usado por
alguns para indicar que os animais foram feitos para morrerem. Porém, a
fraseologia de Pedro pode não estar indicando o propósito original de Deus para
com os animais, e sim o que tem acontecido a eles após o pecado ter entrado na
humanidade. Afinal, o texto menciona que os animais ‘nascem para ser apanhados
[“presos”, Almeida Corrigida Fiel]’,
o que não aparenta se ajustar com o propósito divino no Paraíso na Terra, onde
os animais não seriam alvo de atividade predatória, mas seriam cuidados
amorosamente pela raça humana.
Vale ressaltar que Pedro, em suas
cartas, apresenta certas situações como ilustração segundo o seu valor
aparente. Veja, por exemplo, a menção que ele faz de ‘a porca lavada revolver-se
no lamaçal’ para ilustrar os cristãos que retornam para um proceder mundano. (2
Pedro 2:22) Sobre essa passagem, observe o comentário feito no artigo “Fatores a serem levados em conta no estudo da Bíblia”:
Esse recurso
também poderia ser chamado de ‘ver as coisas de acordo com o ponto de vista
humano’. Exemplo disso é encontrado nas palavras do apóstolo Pedro: “Com eles
aconteceu o que diz o provérbio verdadeiro: “O cão voltou ao seu próprio vômito
e a porca lavada a revolver-se no lamaçal.” (2 Pedro 2:22) Pedro estava falando
a respeito dos que aceitam o cristianismo, fazem mudanças na vida, mas depois
lamentavelmente retornam ao proceder anterior de vida, que muitas vezes inclui
a devassidão e a libertinagem. Acontece que a porca (ou o porco) se chafurda na
lama para “resfriar-se do calor do verão e remover parasitos externos de seu
couro”.[1] Assim, do ponto de vista da zoologia, essa criatura estaria, na
verdade, se limpando.
Mas o ponto é que
o apóstolo cristão não estava dando uma aula de ciência. Ele apenas usou algo
segundo o seu valor aparente, aos olhos humanos, como ilustração. Mesmo no dia
a dia, em pleno século 21, usamos uma linguagem assim. Por exemplo, falamos de “pôr-do-sol”
e “nascer-do-sol”. Falamos em uma espaçonave “subir” ao espaço, quando, na
verdade, ela tecnicamente ‘se afastou’.[2]
Vejamos outra passagem:
“Quem é que conhece o espírito dos
filhos da humanidade, se ele vai para cima; e o espírito do animal, se ele vai
para baixo, para a terra?” – Eclesiastes
3:21.
Salomão deixou essa pergunta sem resposta. Contudo, a expressão “ele
vai para cima”, referente ao espírito
no caso dos humanos, parece ter uma resposta afirmativa, se entendermos que ‘ele
volta a Deus’, o que significa perspectiva de ressurreição.[1]
De modo correspondente, a expressão “ele vai para baixo”, referente ao
espírito dos animais, também supostamente teria uma resposta afirmativa, e poderia
significar que os animais não possuem perspectiva de ressurreição. Ademais, o
fato de os dinossauros terem deixado de existir, pelo que parece, antes da
criação do homem, também aparenta indicar que, pelo menos, não estava no propósito
original de Deus que os animais tivessem vida eterna.
Enfim, de um ponto de vista bíblico, até onde podemos entender a Palavra
escrita de Jeová, não parece haver base para se afirmar que os animais algum
dia viverão para sempre. Obviamente, Deus não deixou registrado em sua Palavra
tudo o que fará ou o que não fará na eternidade futura.
O que
leva alguns cristãos a se perguntarem sobre se os animais terão vida eterna
Um motivo já mencionado é a sensibilidade para com os animais, em
especial para com os animais de estimação. Contudo, outros motivos também podem
ser mencionados.
É interessante que, no relato da Criação, são descritas certas categorias
de animais, entre elas o “animal doméstico” e o “animal selvático”. (Gênesis
1:24, 25) Por “selvático” (“selvagens”, ACF) não devemos entender animais cruéis (pois os animais não foram
criados para serem violentos) e sim animais próprios das selvas, em contraste
com os animais “domésticos”. Doméstico é derivado do latim domus (“lar”) e significa ‘referente ao lar’, e “domesticar” significa
‘tornar caseiro’.
Uma distinção bíblica entre essas
duas categorias pode ser vista na passagem de Isaías 11:6-9, onde lemos: “O
lobo estará junto com o cordeiro, e o leopardo se deitará com o cabrito; o
bezerro, o leão e o novilho gordo estarão juntos; e um menino os
conduzirá. A vaca e a ursa pastarão juntas, e juntas se deitarão suas
crias. O leão comerá palha como o touro. A criança de peito brincará sobre a
toca da naja, e a criança desmamada porá a mão sobre o ninho da cobra venenosa.
Não se causará dano nem ruína em todo o meu santo monte, porque a terra
certamente ficará cheia do conhecimento de Jeová, assim como as águas cobrem o
mar.”
Fonte: jw.org
A Tradução do Novo Mundo Com Referências traz à atenção mais detidamente o sentido do
contato entre o lobo e o cordeiro, ao verter assim Isaías 11:6: “E o lobo, de
fato, residirá por um tempo com o
cordeiro.” (Grifo acrescentado.) O periódico “A Sentinela” (15/09/91, p. 31)
explica sobre isso:
[…]
a palavra hebraica traduzida “habitará” ou “morará” é gur. Segundo o
lexicógrafo William Gesenius, ela significa “residir temporariamente, morar por
um tempo, viver como se não estivesse em casa, i.e., como estranho,
estrangeiro, convidado”. (A Hebrew and English Lexicon of the Old Testament
[Léxico Hebraico e Inglês do Velho Testamento], traduzido por Edward Robinson)
O léxico de F. Brown, S. Driver e C. Briggs dá o sentido de
“residir temporariamente, morar por um tempo (definido ou indef[inido]), morar
como recém-chegado . . . sem os direitos originais”.
[…]
[…]
tais animais ainda poderão ter habitats distintos. Alguns animais são próprios
de florestas, outros de planícies, ainda outros de regiões costeiras ou
montanhosas. Mesmo na época do Paraíso original, Deus falou de ‘animais
domésticos e animais selváticos’. (Gênesis 1:24) Os animais domésticos
evidentemente eram aqueles que podiam comumente ficar perto de humanos e de
suas habitações. O animal selvático, embora não feroz, pelo visto preferia
residir distante do homem. Portanto, conforme prediz a profecia de Isaías, o
lobo “residirá por um tempo com o cordeiro”, mas não ficará continuamente por
perto de tais animais domésticos.
[Nota
de rodapé:] A Bíblia do Centro Bíblico Católico verte Isaías 11:6 da
seguinte maneira: “O lobo será hóspede do cordeiro.”
Alguns cristãos se perguntam: ‘Será
que os animais domésticos também foram criados para deixarem de existir?’ Pelo
fato de o pecado ter interrompido temporariamente o propósito de Deus para com a
vida na Terra, não foi possível ver qual seria a relação entre os humanos perfeitos
e os animais domésticos.
O fato é que hoje os animais
domésticos, para alguns, se tornam tão íntimos como se fossem humanos, a
exemplo da ilustração de Natã em 1 Samuel 12:3. Parecem tornar-se parte da
personalidade de seus donos. Para os donos, tais animais tornam-se únicos, com
uma identidade própria, insubstituíveis. Assim, tais pessoas entendem que,
visto que irão viver para sempre no Paraíso terrestre, tais animais também
deveriam assim viver. Para tais cristãos, a inexistência de tais animais tão
queridos seria o mesmo que perder para sempre parte de sua própria personalidade.
Também, a entrada do pecado na
humanidade introduziu novas relações: em lugar de Adão, que seria o pai da raça
humana, Jesus tornou-se o “Pai eterno” dela. (Isaías 9:6) Passou a existir a
esperança celestial. (1 Pedro 1:4) Poderia ocorrer que certos animais, por
estarem intimamente ligados ao ser humano, ainda que presumivelmente tenham
sido criados para morrer, possam receber vida infindável?
Outro ponto salientado por tais
cristãos é que, no novo mundo de Deus, ‘não haverá mais tristeza’. (Apocalipse
21:4) Tais cristãos sabem o quanto dói perder um animalzinho de estimação!
Raciocinam então que a ausência de tristeza no Paraíso incluiria não ter que
perder tais criaturas tão queridas. Os que pensam de modo diferente arguem que
hoje os sentimentos dos humanos estão desequilibrados e que, no Paraíso, os
humanos não serão tão apegados assim aos animais, de modo que não sentirão quando
esses morrerem. Por outro lado, os que se apegam tanto aos animais argumentam
que, se assim for, os humanos perfeitos teriam menos sensibilidade aos animais
dos que os humanos imperfeitos, e que isso não seria um progresso, e sim um
atraso.
Enfim, a discussão é longa. E é
claro que não queremos perder nada que faça ou se torne parte de nosso ser. Mas,
o que podemos ter certeza é que nosso Deus é infinitamente amoroso, sábio e
justo, e que ele fará tudo o que nos dará uma vida plena em todos os sentidos. De
nossa situação atual, é impossível concebermos tudo o que Deus tem em reserva
para seus amados servos. De fato, como exclamou Paulo: “Como são profundas as riquezas,
a sabedoria e o conhecimento de Deus! Como são insondáveis os seus julgamentos,
e impenetráveis os seus caminhos!” – Romanos 11:33.
Cachorro Agradece Por Ser Resgatado e Mulher Se Emociona
Fonte: https://portalamigocao.com.br/
Nota:
[1] Veja o artigo “O espírito volta a Deus – em que sentido? (Eclesiastes 12:7)”.
Referências:
Almeida Corrigida Fiel. Sociedade Bíblica do Brasil. Disponível em: <https://www.bibliaonline.com.br/>
Bíblia online. Disponível em: <https://www.bibliaonline.com.br>.
Bíblia online. Disponível em: <https://www.bibliaonline.com.br>.
Doméstico. Origem da Palavra. Disponível em: <https://origemdapalavra.com.br/palavras/domestico/>.
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A
menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da Tradução do
Novo Mundo da Bíblia Sagrada, publicada
pelas Testemunhas de Jeová.
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