Todas as Testemunhas de Jeová já estão informadas de que o Corpo Governante dessa organização anulou a regra que proibia o uso de barba para membros da religião. Essa regra foi anulada no boletim #2 do Corpo Governante, no ano de 2024. Contudo, poucos sabem exatamente quando esta regra de fato entrou em vigor para todos os membros da religião, mas acredita-se que até a década de 1950 tal regra não existia na mesma dimensão que passou a existir desde a década de 1960 em diante. Foi na década de 1960 que a liderança da organização lançou uma espécie de “caça às bruxas” em relação a homens com barba, colocando o raspar a barba até como requisito para o batismo.
Os danos espirituais e sociais que esta regra desamorosa, herética e antibíblica causou em muitos irmãos foram irreversíveis. O Corpo Governante e a Sociedade Torre de Vigia têm omitido isso do público em geral, mas a verdade nua e crua é que muitos irmãos foram ultrajados, linchados em sentido moral porque desejaram ter barba quando isso era contra o ensino do Corpo Governante na época. Conheci inúmeros irmãos que se frustraram e se decepcionaram irremediavelmente em relação à organização das Testemunhas de Jeová por causa disso. Sei de um irmão em específico que foi desassociado porque tinha barba, e isto significa que toda a congregação, incluindo possíveis membros de sua família, pararam de falar com ele e começaram a encará-lo como um delinquente.
Em 2024, porém, o Corpo Governante anulou tal regra após inúmeras cartas de vários irmãos ao redor do globo. Mas como é de costume, eles quiseram se isentar da responsabilização pela heresia que promoveram durante décadas. O membro do Corpo Governante disse de forma mentirosa que 'o Corpo Governante não é contra barba', jogando assim a responsabilidade nos anciãos congregacionais. Enfim, inúmeras mentiras foram ditas durante essas décadas a fim de sustentar esta regra herética, sectária; mas tudo que fora dito, todos os argumentos, foram esquecidos como se nunca tivessem sido ditos quando o Corpo Governante anulou a regra.
Os membros de Betel, os principais promotores desta regra e os principais responsáveis pelo linchamento moral de irmãos inocentes, também se isentaram e nunca assumiram a responsabilidade pela heresia que promoveram durante décadas - heresia esta passível de desassociação. Em vista disso, o ancião chamado Tony enviou uma carta a Betel, a qual pode ser lida na íntegra.
Prezados irmãos,
Meu nome é Tony e sirvo a Jeová a quase duas décadas. Sinto orgulho de fazer parte dessa fraternidade e defendo com todas as minhas forças esse povo maravilhoso ao qual pertenço. Saber que estou seguindo a Cristo e ajudar outros a fazer o mesmo dá sentido à minha vida e não abro mão disso. Porém, à medida que o tempo passa, estou cada vez mais preocupado com algumas coisas que vêm acontecendo e tenho orado muito a Jeová para que o Cabeça da congregação, Jesus Cristo, tome conta desses assuntos. Mas eu aprendi também que precisamos agir em conformidade com nossas orações, fazendo a nossa parte até onde isso é possível (w10 1/10 p. 6). Assim, venho expressar formalmente a minha preocupação com pelo menos um desses assuntos: o uso da barba. Embora esse assunto tenha sofrido recentemente um correto ajuste, preciso expor algumas coisas ainda necessárias sobre esse tema, pois entendo que faltam algumas correções a serem feitas.
Desde que comecei a estudar Bíblia que o uso de barba é reprimido entre as Testemunhas de Jeová; isso ficava claro em algumas publicações que tocaram nesse assunto sempre no sentido de desaconselhar o uso de pelos faciais (w76 15/2 p. 117; be estudo 15 p. 133). E embora a edição de estudo de A Sentinela de setembro de 2016 tenha dado um parecer aparentemente mais equilibrado sobre o tema, na prática nada mudou, pois a repressão contra a barba continuou. No entanto, sempre me incomodou o fato de que essa norma não tinha embasamento na Bíblia e estava em desacordo com o conselho inspirado de não ir “além das coisas que estão escritas" (1 Coríntios 4:6). Nos orgulhamos em afirmar que somos diferentes da cristandade pelo fato de não inventarmos regras ou doutrinas que não estão na Bíblia. Infelizmente, não foi assim com relação à questão da barba por várias décadas. Embora esse assunto tenha sido “resolvido” recentemente após o último boletim do corpo governante, onde foi explicado que a Bíblia não proíbe o uso de barba e que, portanto, ninguém deve ser julgado caso decida usá-la, devo dizer que faltaram algumas coisas das quais explicarei agora.
Por exemplo, não foi feito nenhum pedido de desculpas formal pelos danos causados por essa regra que estava vigente até bem pouco tempo. E por mais que tentem dizer que essa regra nunca existiu, a verdade é que ela existia sim e às vezes até de forma explícita. Nas publicações mencionadas acima, em que citavam apenas exemplos negativos sobre a barba, ficava claro qual o posicionamento da liderança. Os anciãos locais seguiam isso à risca e policiavam quaisquer irmãos que sequer estivesse com a barba por fazer. Também, não aparecia irmãos nas publicações usando barba; pelo contrário, sempre eram mostrados estudantes fazendo progresso e tirando a barba como parte desse processo até o batismo. Tive acesso a algumas cartas enviadas por Betel sobre o assunto, incluindo cartas recentes de 2023 que diziam que “não seria amoroso e nem maduro desconsiderar o efeito que isso causaria em outros” e que o irmão que usasse barba “talvez não fosse considerado ‘irrepreensível’”. O próprio irmão Stephen Lett, no vídeo disponível no JW “Nunca faça outros tropeçar”, diz claramente que devemos estar dispostos a abrir mão de decisões pessoais, incluindo usar barba, para não fazer outros tropeçar. Em anos passados, havia a regra clara de que nenhum irmão de barba podia se apresentar em congressos e assembleias, nem se fosse para participar em dramas; caso o personagem de um drama tivesse que usar barba, deveriam ser providenciadas barbas postiças. E claro, nunca vimos irmãos de Betel, viajantes e membros do corpo governante usando pelos faciais, pois isso era requisito para continuarem em seus privilégios. Fica óbvio concluir que a regra existia sim!
Levando tudo isso em conta, eu pergunto: cadê o pedido humilde de desculpas? Os vários e vários irmãos que foram tratados como rebeldes, imaturos, pedras de tropeço, impedidos de serem mais usados em prol dos interesses do reino etc., não são importantes para vocês? Esses irmãos não merecem pelo menos uma justa retratação por todo mal que sofreram? E não adianta jogar a culpa nos anciãos locais. A orientação veio de vocês, isso está mais que claro e provado. Essa regra farisaica causou divisão dentro da fraternidade. Vejamos o que a palavra de Deus diz sobre isso: “Quanto ao homem que promove uma seita, rejeite-o depois de aconselhá-lo com firmeza uma primeira e uma segunda vez.” – Tito 3:10. O livro Pastoreiem o Rebanho de Deus, no capítulo 12, ponto 39:3, 4 explica que esse texto se aplica aos que espalham intencionalmente ensinos contrários à verdade bíblica e aos que causam divisões e promovem seitas. Esses são passíveis de comissão judicativa e, em caso de não arrependimento, expulsão da congregação. Eu pergunto: os autores das cartas enviadas às congregações sobre o uso de barba passaram por comissão judicativa por terem causado divisão e espalhado um ensino contrário à verdade bíblica? Se fosse um outro irmão qualquer, isso facilmente aconteceria. Por que então eles, por estarem numa posição de maior responsabilidade, estão isentos das prerrogativas aplicadas aos demais? Não será isso favoritismo e injustiça? (Jó 34:19 e 1 Coríntios 13:6).
Meus irmãos, ponham a mão na consciência. Não é questão de frustação porque “eu estava certo o tempo todo” ou de que isso seja “lidar com sentimentos bem fortes por causa dessa mudança.” O ajuste em si foi muito bom. Mas não se pode fingir que nada aconteceu. É questão de humildade, de assumir os erros e pedir perdão. Por mais que no passado em algumas culturas o uso de barba tenha sido atrelado a coisas negativas, ainda sim isso nunca deveria ter sido motivo para se criar um problema tão grande como aconteceu, sendo necessário um vídeo inteiro do corpo governante apenas para explicar o óbvio. E isso fica evidente quando consideramos o nosso grande exemplo, Jesus Cristo (João 13:15). A Bíblia mostra claramente que suas ações e falas fizeram alguns tropeçarem (Mateus 13:57; 15:12; Marcos 6:3). Isso se deu porque Jesus não pautava a sua vida no que outros iam pensar. Por exemplo, o uso de bebida alcoólica era malvisto por muitos naquela época, mas ele não deixou de beber para melhorar a aceitação das boas novas. Aliás, ele até foi acusado pelos judeus de ser beberrão (Mateus 11:18, 19). Será que Jesus pecou ao agir assim? É claro que não! (1 Pedro 2:22). Dessa forma, fica claro que também nunca deveríamos reprimir o uso da barba supostamente porque alguns poderiam se recusar a ouvir nossa mensagem, assim como não proibimos o uso moderado de bebida só porque muitas pessoas rejeitam o álcool. Além disso, muitas religiões proíbem unhas pintadas, batons, brincos etc., mas nem por isso orientamos as irmãs a pararem de usar tais coisas para evitar que alguém no território tropece. Jamais vamos desqualificar uma irmã só porque ela usa salto, ou por deixar o cabelo bem curto ou ainda por usar calça, mesmo que isso seja condenado pelas religiões evangélicas. Então, como podem ficar de consciência tranquila sabendo que muita injustiça foi feita por causa da questão da barba? As congregações sofreram por terem menos irmãos qualificados na dianteira apenas porque usavam barba; vários desanimaram por terem sido rejeitados, excluídos e maltratados pelos irmãos que seguiram a dianteira nesse assunto; muitos perderam as contas das vezes que foram para sala B levar puxão de orelha dos anciãos que estavam seguindo as orientações dadas por vocês. Como é que agora devemos apenas ficar quietos, achando que a mudança na diretriz resolve tudo? E os estudantes que deixaram de progredir quando se depararam com essa regra? É muito fácil dizer que não eram sinceros e por isso pararam. Mas a verdade é que estes acabaram concluindo que somos apenas mais uma religião com regras de homens assim como a cristandade. Fica difícil alguém que ainda está com a fé em desenvolvimento entender como a religião que se diz a verdadeira se apegou tanto a uma regra não bíblica. Logo, eles concluíram erradamente que somos “farinha do mesmo saco” e infelizmente desistiram. Irmãos, isso é muito grave. Quem promoveu essa regra tem culpa de sangue! (Lucas 11:15). Eu pessoalmente já vi estudantes desanimando quando se depararam com essa regra (e outras regras não bíblicas ainda vigentes). Isso me causa profunda tristeza. Jeová com certeza sente o mesmo. Isso tudo porque vocês estão tornando o cristianismo algo pesado e legalista, bem diferente do que Jesus pregou (Mateus 11:30). Por isso, eu peço respeitosamente e irrevogavelmente que providências sejam tomadas, assim como seria feito com qualquer outro irmão dentro da congregação, onde alguém que promove ideias antibíblicas é advertido e devidamente disciplinado.
As providências a serem tomadas são as seguintes:
Primeiro, todos os irmãos que promoveram divisão por enviar cartas às congregações sobre o uso de barba, dando orientações contrárias à Bíblia, deverão ser dispensados dos seus serviços em Betel. Esses irmãos claramente não possuem o perfil de ancião, conforme delineado na palavra de Deus, pois não estão mais livres de acusação e não se apegaram firmemente à palavra fiel (Tito 1:7, 9). E, antes que digam que apenas obedeceram ao corpo governante, eu pergunto: a quem eles seguiram? A homens? O corpo governante por acaso é infalível? Quer dizer que se o corpo governante der uma ordem contrária a Bíblia, eles seguirão? Também sou ancião e na congregação onde estou designado, nunca proibi os irmãos de usarem barba, nem chamei atenção por isso e muito menos encarei ou tratei como rebelde qualquer um que aparecesse de barba, tirando privilégios ou perguntando se não tinham barbeador em casa. Embora os outros anciãos não concordassem comigo, nunca recuei em defender a verdade da palavra de Deus (Provérbios 29:25). Homens leais a Jeová fazem o mesmo e se vocês agiram de forma contrária, não estão mais qualificados para servir. Todos do departamento de serviço responsáveis pela carta e outros envolvidos nesse sectarismo deverão ser dispensados dos seus serviços em Betel, pois não confiamos em homens que não ensinam conforme a palavra de Deus (Ezequiel 34:10).
Segundo, os promotores do ensino contra a barba deverão passar por uma comissão judicativa pelos motivos já explicados, seguindo a Bíblia e as orientações do SFL. Visto que muitos e muitos irmãos escreveram cartas solicitando a revisão do assunto e exigindo a extinção dessa regra farisaica, isso significa que todos os promotores desse ensino foram exortados uma primeira, uma segunda, uma terceira e outras inúmeras vezes sobre esse erro. A mudança só ocorreu depois que o corpo governante resolveu eliminar esse ensino, o que corrobora a ideia de que os responsáveis pela orientação “antibarba” seguem a homens, ao invés de a Cristo; pois se seguissem a Cristo, saberiam que ele não julga pelas aparências (João 7:24). Se os responsáveis pela promoção dessa discriminação realmente estudassem a Bíblia, saberiam que o que Jeová pensa sobre esse assunto e não teriam influenciado os anciãos a impedirem outros de terem privilégios (1 Samuel 16:7). Caso esses irmãos estejam genuinamente arrependidos, poderão se livrar da desassociação se enviarem uma carta aberta a todas as congregações, pedindo desculpas por todo mal causado pela regra anterior, por não terem se apegado fielmente à Bíblia e por não terem seguido a Cristo nesse assunto.(Provérbios 28:13).
Terceiro, deverá ser orientado que os anciãos locais façam visitas de pastoreio a todos os que foram prejudicados e que um pedido sincero de desculpas seja feito a estes durante a ocasião. Estes irmãos que foram injustiçados deverão ser recomendados o quanto antes para servirem como Servos Ministeriais e Anciãos se cumprirem os demais requisitos bíblicos. Os que eventualmente perderam privilégios ou foram disciplinados, deverão ter seus cargos restituídos e/ou serem readmitidos imediatamente; estes deverão receber também uma indenização por danos morais; um pedido de desculpas durante a reunião feito pelos anciãos locais deverá ser feito nestes casos. Todas as congregações deverão ser orientadas a terem o mais breve possível uma necessidade local sobre o assunto, onde deverá ser feito um pedido público de desculpas por parte dos anciãos que replicaram esse ensino antibíblico; nessa ocasião, uma consideração com textos bíblicos deverá ser feita mostrando porque esse ensino anterior estava errado e porque os irmãos em geral deverão tirar do coração qualquer traço de preconceito e discriminação que ainda se tenha sobre quem usa barba, afinal essa ideia foi promovida por décadas e não será do dia para a noite que todos vão aceitar, como de fato está acontecendo. Nas congregações onde isso não for feito, os anciãos deverão ser removidos dos seus cargos, pois serão coniventes com o erro cometido por décadas. Essas medidas terão como objetivo tentar reparar os danos causados, seguindo o modelo da compensação estabelecido pelo Deus de justiça, Jeová (Êxodo 21:24-27, 30).
Espero até aqui que tenha ficado claro que este não é um assunto de menor importância. Não podemos simplesmente achar que isso é um assunto trivial visto que possíveis ovelhas não progrediram e irmãos foram humilhados e injustiçados (Marcos 9:42; Provérbios 21:3). Devo acrescentar também que esta carta não se resume a uma mera expressão de insatisfação pessoal. Afinal, eu mesmo nunca fiz questão de usar barba; também, mesmo que esse fosse um assunto pequeno (o que já está claro que não é), ainda sim é necessário corrigi-lo, pois quem é fiel no mínimo é fiel também no muito e quem é injusto no mínimo, será injusto também no muito (Lucas 16:10). Regras não bíblicas, além de injustas, minam a confiança dos irmãos. A dianteira não pode ser arbitrária e legalista (veja também w78 1/1 p. 12-13).
Usarei uma paráfrase das palavras do apóstolo Pedro em minha súplica: “...faço este apelo a vocês, de que pastoreiem o rebanho de Deus que estão aos vossos cuidados, não dominando sobre os que são herança de Deus” (1 Pedro 5:1-4). Não podemos cair na armadilha de dominar os irmãos por lhes tirar a liberdade, sobretudo em assuntos de decisão pessoal. Isso é grave (Mateus 15:7-9). A liberdade é uma característica cristã “daquele que examina a lei perfeita” (Tiago 1:25). Visto que vocês tiraram essa liberdade de milhares de irmãos, não sendo razoáveis nem mesmo nos casos em que tais irmãos tinham problemas como foliculite ou hemofilia e trouxeram vitupério ao nome de Jeová, exigimos que as medidas acima sejam tomadas o mais rápido possível (Eclesiastes 8:11). Esta carta foi redigida com o apoio de diversos irmãos e irmãs de várias cidades e congregações. Todos revisaram seu conteúdo e concordamos com as exigências apresentadas. Não desejamos mais que indivíduos não humildes, sem qualificação para ensinar e com características narcisistas continuem em suas posições de liderança na organização.
Oro a Jeová para que as palavras desta carta os façam refletir seriamente.
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