Fonte: blog Tradução do Novo Mundo Defendida
Alguns
questionam o uso do Nome de Deus na forma Jeová devido ao uso da
letra jota. Temos que ter em mente que os que assim pensam deveriam também questionar
o uso da letra jota em nomes tais como Jerusalém, Judá, Jesus, Jericó e
muitos outros nomes.
Não me
lembro de ver alguém advogar a mudança de tais nomes! A bem da coerência, não
deveriam? O fato é que não há nada de coerente em criticar a letra jota em tais
nomes. Seria o mesmo que dizer que em hebraico não se usa Abraão e que
deveríamos falar Avraão (que é a maneira em que ocorre no texto massorético
hebraico). Se a questão fosse de perfeita equivalência deveríamos ter a mudança
em centenas ou milhares de nomes de pessoas e lugares na Bíblia.
Ao se
traduzir a Bíblia translitera-se para que haja uma razoável correspondência
fonética em português com a língua hebraica original. A letra hhete não possui uma equivalente em
português. O mesmo acontece com a letra Ayin. Os que defendem a correspondência exata de letras
ficariam sem alternativas neste caso. O que mostra a incoerência desta
suposição. Ou acham que são mais preparados que os eruditos e enciclopedistas
que produziram léxicos e Dicionários exaustivos? Por que, então, não advogam
uma revisão completa em todos os léxicos?
Saibam que,
ainda que fizessem isso, não estariam seguindo o exemplo nem dos escritores
judeus inspirados, os profetas e muito menos o exemplo dos apóstolos.
Quando a
Tradução de João Ferreira de Almeida em algumas de suas edições apresentou o
Nome de Deus vocalizado e vertido para se ler “Jeová”, alguém poderia
apontar uma crítica aos tradutores feita por algum erudito em vista desta
opção do emprego da letra jota? Que se sabe, o debate envolvia a
vocalização do tetragrama.
Como já
abordei diversas vezes aqui nesta página, jamais vi alguém defendendo que
Maria, a mãe de Jesus, deveria ser chamada de Miriam, somente porque “no
hebraico seu nome não é Maria”. Existe algum artigo erudito fazendo isso?
Existe algum artigo acadêmico falando nisso?
Alguns vão
mais longe e alegam que a consoante “S” do nome Jesus faz uma ligação com o
nome do falso deus Zeus. Isto seria o mesmo que dizer que todo substantivo
masculino grego que termina com o SIGMA se refere a Zeus. Teríamos então uma
longa lista de supostos nomes pagãos no texto da Bíblia. Só falta aparecer
alguém dizendo que não devemos colocar o nome em nossos filhos de Natan ou
Jonatan, visto que seria o mesmo que relacioná-los com Satan. Este é o tipo de
raciocínio que apresentam alguns que defendem tais ideias.
Quando os apóstolos
de Jesus escreveram o chamado “Novo Testamento”, preservaram eles os nomes
hebraicos de modo a serem pronunciados da mesma forma pelos que liam e
falavam grego? Não!
Uma simples
leitura em Mateus no primeiro capítulo em grego revela que os apóstolos não
preservaram a pronúncia de diversos nomes ao verterem nomes judaicos para o
grego. Empregaram o equivalente grego de tais nomes. Até mesmo ao se referirem
a Maria não usaram a forma hebraica “Miriam”.
Se levarmos
a sério esse tipo de raciocínio, então estaremos dizendo que os apóstolos
inspirados erraram ao grafar o nome dos servos de Deus da antiguidade. O uso da
letra jota em inglês ou português é uma variação comum aos idiomas. Algo
presente até mesmo dentro das antigas tribos israelitas. Nem mesmo entre eles
havia uma pronúncia exata para a mesma palavra. Foi a própria cristandade que
passou a usar o nome Jeová e até mesmo a escrevê-lo em suas antigas igrejas na
Europa. Mas a discussão envolvendo a letra J e a vocalização do Nome de Deus só
passou a se tornar um assunto preocupante para eles quando os Estudantes da
Bíblia – as Testemunhas de Jeová – começaram a demonstrar a diferença entre
Jeová Deus e Jesus Cristo, como sendo de fato duas pessoas distintas, com
vontades distintas e não parte de uma trindade pagã.
Devemos
tomar cuidado com a falácia enganosa da pressuposição. Alguns presumem
falsamente que, visto que no idioma hebraico não existe a letra J, então não
devemos usá-la. O próprio nome Jesus possui uma letra que não existe uma
equivalente nem em inglês nem em português. Devemos então inventar uma letra? Refiro-me
a letra Ain ( ע ), que possui um som típico dos semitas.
Não é empregado no ocidente.
O que dizem
os dicionários?
Por que,
então, os que falam a língua inglesa (e também a língua portuguesa) pronunciam
tanto Josué e Jesus com um “j” ao invés de um “y” ou um
“i”? De onde isto se originou? Representa isso alguma sorte de conspiração
sinistra, como alguns afirmam, ou há uma explicação bem mais inocente?
Observe o
que afirma o Dicionário de Inglês de Oxford (Oxford English Dictionary ou OED) a respeito da história da letra
“j”:
“Esta
décima letra do alfabeto em inglês e outras línguas modernas é, em sua origem,
uma modificação comparativamente tardia da letra I. No alfabeto da Roma antiga,
o “I”, a despeito de seu valor como vogal … tinha um valor consonantal
aparentado com o moderno Y do inglês … algum tempo antes de 6º século, este som
de Y, por compressão na articulação e consequente desenvolvimento de uma ‘pausa’
inicial, tornou-se um ditongo consonantal … No Velho Inglês, a consoante Y
tanto quanto era usada, tinha (como ainda tem em todas as línguas germânicas
continentais) seu valor em latim (y), mas na ortografia francesa introduzida
pelos da conquista Normandina trouxeram no Velho Francês o valor da consoante
i=g macio (dji) um som que o inglês tem retido desde então em palavras
derivadas de outra fonte … do século 11 até o século 17, então, a letra i representou
de uma vez o som da vogal i, e a consoante com som (dji) bem
diferente da vogal.”
Por todo o
período medieval, as formas do moderno “i” e “j” foram usadas
intercambiavelmente, e ambas as formas representaram a mesma letra. Como,
então, o “i” e o “j” vieram a ser consideradas duas letras distintas do
alfabeto?
“A diferenciação
foi feita primeiro em espanhol, onde, desde a introdução inicial da impressão,
vemos o j usado para a consoante e i somente para a vogal … Louis Elzevir, que
imprimia em Leyden em 1595-1616, é geralmente considerado o responsável pela
criação da distinção moderna do u e v, e i e j ,
que foi pouco tempo depois seguida pela introdução do U e J entre
as letras maiúsculas por Lazarus Zetmer e Strasburg em 1619.” (OED, “J”).
As letras “i”
e “j” continuaram por muitos anos a ser consideradas como meramente formas
diferentes da mesma letra, até que no início do século 19, dicionários
interligaram palavras com o I e o J em uma série.
A Bíblia
Sagrada em parte algum coloca o hebraico como sendo uma língua insubstituível e
a única que deve ser usada para se pronunciar o Nome de Deus ou de seu filho
Jesus Cristo, enviado por Ele. – João 3:17;12:49.
A menos que haja uma
indicação, todas as citações bíblicas são da Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada.
Os artigos deste site podem ser citados ou republicados, desde que seja citada a fonte: o site oapologistadaverdade.org
Comentários
Certo judeu de uma comunidade judaica mencionou a pronúncia atual do Tetragrama com um som bem semelhante à pronúncia “Iehovah” (Jeová). Mas, independente do conceito judaico, o que importa é que Deus tem um nome distintivo, que ocorre em quantidade superior a qualquer de seus títulos, que deve ser divulgado (Êxodo 9:16; Romanos 9:17) e que a pronúncia que se tornou comum nas línguas vernáculas é uma forma de Jeová.