Fonte da ilustração:
http://wol.jw.org/pt/wol/d/r5/lp-t/1102014664
Certo leitor escreveu:
Olá, amado irmão.
Debatendo com um trinitarista sobre a
personalidade do espírito santo, o tal afirmou que é possível sim uma pessoa
"encher" outra pessoa; e para tal usou o exemplo dos demônios, que
são espíritos pessoas, mas que podem "entrar" numa pessoa.
Segundo ele, "entrar" e
"encher" não faz diferença, visto que podemos dizer que "a água
ENTROU no navio e este afundou" ou podemos dizer que a "água ENCHEU o
navio e este afundou."
Nessa explicação dele, o espírito
"entrar" numa pessoa significa que a pessoa fica sob o seu controle
ou influência.
No caso do espírito santo, ele
"encher" uma pessoa significa que ela está sob seu controle ou
influência.
Então conclui: Se o argumento unitário está
certo e o espírito santo não é pessoa porque enche, da mesma forma demônios não
são pessoas, porque entram numa pessoa.
Eu gostaria de saber do irmão qual é a
diferença das palavras gregas ou hebraicas para "entrar" e "encher"
e assim fazer uma refutação mais elaborada.
Agradeço.
Resposta do apologista:
O exemplo citado pelo referido
trinitarista para fundamentar a tese dele, de que “entrar” e “encher”
significam a mesma coisa, prova justamente o contrário.
Quando ondas bravias arrebentam
contra o casco de um navio ou de uma embarcação menor, um pouco de água pode entrar no navio, mas isso não significa
que a embarcação fique cheia de
água. Mesmo quando uma embarcação sofre ruptura em seu casco, e as águas
começam a entrar por essa ruptura,
leva algum tempo até que o navio fique cheio
de água e afunde. Portanto, o verbo “entrar” não significa “encher”. A
continuidade da ação de entrar resulta em
se encher algo. Mas as duas ações não são a mesma coisa. Não é possível encher
sem entrar, mas é possível entrar sem encher.
Os termos gregos não significam a
mesma coisa
Vejamos as palavras “entrar” e “encher”
em textos do “Novo Testamento”:
Lucas 22:3:
Εἰσῆλθεν δὲ Σατανᾶς εἰς Ἰούδαν
Eisêlthen dè Satanâs eis Ioúdan
Entrou pois Satanás em Judas
O verbo eisêlthen é derivado de eisérkhomai
(εἰσέρχομαι). Este último tem a
preposição eis, que indica movimento
para dentro, e érkhomai, que
significa “vir”; portanto, ‘vir para dentro’, ou “entrar”.
εἰσέρχομαι, v
Vejamos agora a palavra grega para
“encher”:
Atos 2:4:
καὶ ἐπλήσθησαν πάντες πνεύματος ἁγίου
kaì
eplésthesan pántes pneúmatos hagíou
E ficaram cheios todos de espírito santo
Efésios 5:18:
πληροῦσθε ἐν πνεύματι
pleroûsthe en penúmati
Ficai cheios em espírito
O
verbo envolvido é πληρόω (pleróo),
que significa basicamente “encher”.
Portanto,
tanto em português quanto em grego – de fato, em qualquer idioma – “entrar” e “encher”
não significam a mesma coisa.
Diferença entre o espírito santo e os seres espirituais pessoais
O histórico dos demônios prova que são seres espirituais
pessoais.
A Bíblia
mostra que os demônios eram seres espirituais pessoais de boa índole, chamados
de “anjos”, antes de se tornarem maus e serem chamados de “demônios”. 2 Pedro
2:4 os descreve como “os
anjos que pecaram”, e Judas 6 os menciona como “os anjos que não
mantiveram sua posição original, mas abandonaram sua própria morada correta”. O mesmo não se dá com o espirito santo. Não há na Bíblia nenhum
histórico sobre ele.
Falta ao espírito santo identificação como pessoa.
Além disso,
a expressão “espírito santo” é um termo genérico que poderia ser usada para
descrever qualquer ser espiritual perfeito. Deus, o Pai, é Espírito, e
é santo. (João 4:24; 17:11) Portanto, ele é um espírito santo
pessoal. Jesus, o Filho, também é espírito, e é santo. (1 Pedro 3:18; João
6:69) Os anjos de Deus são todos espíritos, e são santos. (Hebreus 1:7; Marcos
8:38) Assim, todos esses são espíritos santos pessoais. Para que o “espírito
santo” seja uma pessoa, ele teria de ter um nome pessoal para distingui-lo dos
demais espíritos santos pessoais que existem. Mas, falta-lhe tal identificação
como pessoa.
Os demônios possuem corpo espiritual definido. O espírito
santo, não.
A Bíblia
diz: “Se há corpo
físico, há também um espiritual. E, assim como levamos a imagem daquele
feito do pó, levaremos
também a imagem do celestial.” (1
Coríntios 15:44, 49) Portanto, os seres espirituais pessoais têm corpo
definido. Assim, um demônio consegue se apossar de um corpo de um ser material,
mas não consegue se apossar de diversos corpos físicos ao mesmo tempo.
Por outro
lado, o
espírito santo – uma energia – não tem definição corporal e pode, não apenas “entrar”,
mas “encher” pessoas – e várias
delas – ao mesmo tempo.
Atos 1:15: “Naqueles
dias, Pedro se levantou no meio dos irmãos (os presentes ali somavam cerca
de 120 pessoas).”
Atos 2:4: “E todos ficaram cheios de
espírito santo e
começaram a falar em línguas, assim como o espírito os capacitava.”
Nisso reside a razão pela qual só o espírito santo pode “encher”
pessoas: porque somente ele pode ser parcelado. Lemos as palavras de Jeová a
Moisés em Números 11:17, 25:
“‘Eu descerei e falarei com você ali, tirarei um pouco do
espírito que há sobre você e o colocarei sobre eles.
E eles o ajudarão a levar o fardo do povo, para que você não tenha de levá-lo
sozinho.’ Jeová desceu então numa nuvem e falou com ele, e tirou
um pouco do espírito que havia sobre ele e pôs sobre cada um dos 70 anciãos. E,
logo que o espírito veio sobre eles, começaram a agir como profetas, mas fizeram isso apenas aquela vez.”
A questão do exercício da influência
O referido
trinitarista, na sua proposição de tentar igualar o espírito santo aos demônios
na questão da pessoalidade, afirmou que a ação de ambos em um ser humano
significa exercer controle sobre o mesmo.
Mas há
uma diferença fundamental no caso do espírito santo: o respeito pelo
livre-arbítrio. Quando o espírito santo encheu pessoas fiéis, energizando-as ou
lhes dando capacidade de executarem algo que naturalmente não conseguiriam,
tais pessoas continuaram com seu livre-arbítrio. Nada na Bíblia indica que
foram forçadas a agir. Por exemplo, Davi tinha espírito santo, mas isso não o
impediu de cometer adultério, a ponto de ele suplicar a Jeová: “Não me
expulses da tua presença; e não tires de mim
o teu espírito santo.” – Salmo 51:11.
Por
outro lado, o controle exercido pelos demônios faz as pessoas agir ao contrário
do que fariam normalmente, conforme os textos abaixo:
Marcos
9:20: “Ao ver Jesus, o
espírito lançou o menino imediatamente em convulsões.
Depois de cair no chão, ele ficou
rolando e espumando pela boca.”
Marcos 5:2, 5: “E, assim que Jesus saiu do
barco, um homem sob o poder de um
espírito impuro saiu dentre os túmulos e foi ao seu
encontro. E, incessantemente, noite e dia, ele gritava nos túmulos e nos montes, e se cortava com pedras.”
Portanto,
por todos os motivos lógica e biblicamente fundamentados acima, a possessão demoníaca NÃO prova que o espírito santo seja uma
pessoa.
A
menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da Tradução do
Novo Mundo da Bíblia Sagrada, publicada
pelas Testemunhas de Jeová.
Os artigos deste site podem ser citados ou republicados, desde que seja citada a
fonte: o site www.oapologistadaverdade.org
Comentários
Bom dia
Interessante o estudo assim como os outros estudos. Davi mesmo pecando tinha o Espirito Santo então vem a dúvida: Davi enquanto um ser pessoal consegui com sua ação "dominar" o Espirito Santo e pecar? O Espirito Santo pode ser "dominado" pela ação humana?
Luiz
Boa tarde
No exemplo de Davi se ele resistiu ao espirito santo então a ação dele prevaleceu sobre a ação de Deus. Se o espirito santo que veio de Deus foi impedido de atuar estando dentro de Davi então Davi venceu a ação de Deus justamente com o livre-arbitrio.Davi prevaleceu na luta interna.
Luiz
Luiz
Bom dia
Muito obrigado pela resposta.
Um abraço
Luiz
A Bíblia usa para o espírito santo verbos não usados para pessoas espirituais (o Pai, o Filho e os anjos):
ENCHE pessoas. – Êxodo 31:3; Atos 2:4.
Pode VIR SOBRE elas. – Juízes 3:10; Lucas 2:25.
Pode ESTAR ATIVO em pessoas. – Juízes 14:6; 1 Samuel 10:6.
É DERRAMADO. – Atos 2:17; 10:45.
PARCELADO. – Números 11:17, 25.
SOPRADO. – João 20:22.
O espírito santo é comumente associado a coisas impessoais:
ao fogo’ (Mateus 3:11);
à fé (Atos 6:5; 11:24);
à alegria (Atos 13:52)
á água e ao sangue. (1 João 5:5-8)
O espírito santo não tem identificação pessoal; falta-lhe um nome, o que não ocorre com o Pai e o Filho.
Veja os artigos:
O “Espírito Santo” é uma pessoa?
Debate sobre o espírito santo
"Espírito Santo" – um dilema para os trinitaristas