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Você é misericordioso assim como Jesus? – O relato da mulher encurvada

Fonte da ilustração: jw.org

Como era o seu costume, Jesus estava ensinando em uma sinagoga, ou local de reunião, dos judeus. Mas, nesta ocasião, havia na assistência uma pessoa com uma situação peculiar. O historiador e médico Lucas descreveu com extrema precisão a história e a situação dessa pessoa: “E havia ali uma mulher que tinha um espírito de fraqueza havia 18 anos; ela estava encurvada e não conseguia de modo algum se endireitar.” – Lucas 13:11.

Assim que nota a presença dela, extremamente sensibilizado pela desafortunada situação daquela mulher, o Senhor para o seu discurso e toma a iniciativa em se dirigir a ela com palavras altamente consoladoras: “Mulher, você está livre da sua fraqueza.” (Lucas 13:12) Fazendo mais do que isso, o Filho de Deus põe as mãos sobre ela. E o que acontece em resultado disso? De forma milagrosa, ela se endireita instantaneamente! Como foi maravilhoso ela estar na sinagoga naquela ocasião ouvindo o Filho de Deus! Após penosos 18 anos, ela estava finalmente curada.

Porém, por incrível que possa parecer, nem todos os ali presentes compartilhavam dos sentimentos de Jesus pelos aflitos. Uma pessoa altamente improvável – o presidente da sinagoga – ficou irritado pelo fato de Jesus ter curado aquela sofredora no sábado. A cegueira mental e espiritual do presidente da sinagoga o impediam de ver que tal milagre naquelas condições somente podia ter sido realizado pelo poder de Deus. Como Lucas citaria mais tarde as palavras do apóstolo Pedro, que falou “sobre Jesus, que era de Nazaré, como Deus o ungiu com espírito santo e poder; e ele andou por toda a região fazendo o bem e curando todos os oprimidos pelo Diabo, porque Deus estava com ele”. – Atos 10:38.

Mas, em vez de criticar diretamente a Jesus, tal presidente da sinagoga fez uma crítica indireta a Cristo por censurar os demais presentes na sinagoga, dizendo: “Há seis dias em que se deve trabalhar; portanto, venham nesses dias e sejam curados, e não no dia de sábado.” (Lucas 13:14) Podemos imaginar o rosto de Jesus enrubescer, numa mescla de ira e de profunda decepção, transtornado pela extrema insensibilidade de pessoas tais como aquele homem. Não podendo conter-se, o Senhor respondeu-lhe: “Hipócritas, não é que cada um de vós, no sábado, desata da baia o seu touro ou o seu jumento e o leva para dar-lhe de beber? Não era então apropriado que esta mulher, que é filha de Abraão, e a quem Satanás manteve amarrada, ora! por dezoito anos, fosse solta deste laço no dia de sábado?” – Lucas 13:15, 16; NM Com Referências, edição de 1986.

A lógica usada por Cristo é incontestável: os que criticavam tal cura no sábado não viam nada de errado em soltar seu touro ou jumento para que estes pudessem saciar sua sede. Mas criticavam a Jesus por ele ter soltado tal mulher esgotada e sedenta de saúde no dia de sábado. Eles mostravam misericórdia por um animal, mas desprezavam um ser humano. Tal animal estaria pouco tempo – talvez poucas horas – sem beber água. Esta mulher estava 18 anos sofrendo!

O erudito cristão Lucas registra que Jesus usou a mesma palavra tanto para o caso dos animais como para o caso da mulher – a palavra λύω (lýo), que significa “soltar”, “libertar”, “livrar”. No caso daquela mulher, ele descreveu a situação dela antes da cura pelo verbo grego δέω (déo), que significa “amarrar”, “apertar” com correntes. Os animais daqueles críticos provavelmente não se encontravam amarrados de forma grandemente apertada, a ponto de estarem sufocados, como havia sido o caso daquela mulher, e por tão longo tempo.

Jesus ainda cita outra informação sobre essa mulher: ela era “filha de Abraão”. (Lucas 13:16) Portanto, ela era da mesma ascendência deles. Mas, com os corações insensíveis, desconsideravam todos esses fatos.

Podemos sentir a profunda indignação do Filho de Deus pela expressão “ora”, que atua como interjeição que envolve uma mistura de surpresa, decepção e de raiva. É a tradução de ἰδού (idoú), “uma partícula demonstrativa … corretamente o imperativo, o aoristo médio de eidon/horáo, ver”[1]. Em outras palavras, o Senhor Jesus estaria dizendo: ‘Esta mulher a quem Satanás manteve amarrada, vejam! por dezoito anos!’

Tão profundo foi o enfoque abordado pelo Senhor que, após tal magistral exposição, seus oponentes ficaram envergonhados. – Lucas 13:17.

A lição a ser aprendida

Havia entre o povo de Deus daquele tempo pessoas altamente legalistas, presas a um entendimento restrito, insensível e injusto da Lei mosaica dada por Deus. Colocavam seu entendimento fundamentalista acima dos princípios defendidos pela própria Lei, tais como a misericórdia e a justiça. (Veja Oseias 6:6.) Lemos em Miqueias 6:8: “E o que Jeová pede de você? Apenas que pratique a justiça, ame a lealdade e ande modestamente com o seu Deus!” Como Jesus disse sobre tais legalistas em outra ocasião: “Guias cegos, que coam o mosquito, mas engolem o camelo!” – Mateus 23:24.

Por certo, tal relato bíblico nos dá o que pensar. Será que prezamos as qualidades tais como o amor, a misericórdia e a justiça? Ou nos permitimos desconsiderar tais qualidades divinas por nos apegarmos insensivelmente a regras de homens que deixam de lado tais qualidades?


A menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada, publicada pelas Testemunhas de Jeová.



Os artigos deste site podem ser citados ou republicados, desde que seja citada a fonte: o site www.oapologistadaverdade.org











[1] Fonte: http://biblehub.com/greek/2400.htm

Comentários

  1. Olá.
    Será que a conclusão do assunto faz referência indireta aos procedimentos ligados à dasassociaçao?
    Isso é Uma dúvida sincera.
    Att.
    Pet7

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Prezado leitor:

      A matéria do artigo acima não fez nenhuma aplicação indireta a algum assunto específico. Cabe a cada leitor analisar esse artigo e determinar com consciência e sobriedade a latitude de aplicação que talvez poderá ter.

      Abraços.

      Excluir

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