Um leitor me enviou a argumentação de um
trinitarista sobre a palavra “unigênito” aplicada a Jesus Cristo em João 1:18:
Vou
lhe explicar o porquê de JESUS ser chamado de unigênito. A palavra grega usada
em João 1:18 é “µόνος”. Se você pesquisar em qualquer léxico grego vai ver que
ela significa: Gerado, único, sozinho ou ainda SEPARADO. Agora, para
entendermos a aplicação da palavra “µόνος” em João 1:18, temos que usar uma
regra da Hermenêutica bíblica, a regra do texto paralelo.
Filipenses
2:7 diz sobre Jesus: “Mas ESVAZIOU-SE a si mesmo, tomando a forma de servo,
fazendo-se SEMELHANTE aos homens.” Note que o texto diz que Ele (Jesus) se
esvaziou! Mas se esvaziou de quê? A resposta está em Colossenses 2:9, que diz
que n'ELE habita TODA a plenitude da divindade. Harmonizando o texto de
Colossenses 2:9 com Filipenses 2:7, entendemos que Cristo se esvaziou de sua
DIVINDADE!
Analisando
os textos supracitados, fica fácil a compreensão
do texto de João 1:18.
Veja
na “Versão dos Setenta” (LXX) o texto de Deuteronômio 1:12, que reza assim:
πῶς δυνήσοµαι µόνος φέρειν τὸν κόπον ὑµῶν καὶ τὴν ὑπόστασιν ὑµῶν καὶ τὰς ἀντιλογίας ὑµῶν. [“Como suportaria eu sozinho os vossos fardos, e as vossas cargas, e as vossas contendas?”, Almeida Corrigida Fiel.]
Note
que a palavra “µόνος” aqui, a mesma usada em João 1:18, está sendo atribuída a
Moisés como estando SOZINHO. Ou será que o texto estava querendo dizer que
Moisés era o unigênito????? Claro que não!
Entendemos
que “µόνος”, ou SEPARADO, é aplicada em João 1:18 no sentido d'Ele ter ficado
SEPARADO de sua DIVINDADE; ter deixado sua vida celestial por uma vida terrena.
Esse é o real significado de João 1:18.
Resposta:
A Trindade é uma teoria sofismática tão
descabida que os trinitaristas vivem se contradizendo entre si e com a chamada
doutrina oficial da Trindade. O comentário acima do referido trinitarista é
prova inequívoca disso.
Antes de mostrar isso, vale trazer à tona
que ele erra contra o texto grego quando afirma que “a palavra grega usada em
João 1:18 é ‘µόνος’”. A palavra é monogenés.
(Mónos é o primeiro dos dois elementos
de composição que formam a palavra monogenés.)
Portanto, toda a argumentação que ele faz em cima da palavra mónos fica sem efeito.
Segundo, ele mostra parcialidade em sua
argumentação por se basear em traduções que vertem João 1:18 por “Filho
unigênito”, sendo que os mais antigos manuscritos gregos usam a expressão “Deus
unigênito”. Assim, a palavra “unigênito” não poderia indicar ausência de
divindade, uma vez que o referido como “unigênito” é também descrito como sendo
“Deus”, ou divino. E mesmo a expressão “Filho unigênito” é uma referência ao
Lógos antes de sua vinda à Terra como
humano. Lemos em João 3:16:
“Porque Deus amou tanto o mundo,
que deu o seu Filho unigênito, para
que todo aquele que nele exercer fé não seja destruído, mas tenha vida eterna.”
A passagem acima não afirma nem
permite concluir que Deus deu alguém que haveria
de se tornar seu Filho unigênito. Não; o Lógos (Jesus em sua existência
pré-humana) já era Filho e unigênito
em sua existência no céu.
O próprio texto de João 1:18,
mesmo na versão utilizada pelo referido trinitarista, nos faz concluir que o
“Filho unigênito” possui divindade, pois tal versão reza:
João 1:18:“Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que
está no seio do Pai, este o fez conhecer.”– Almeida Revista e
Corrigida.
Note que João
escreveu a respeito do “Filho unigênito” que este se encontra no seio do Pai. Ou
seja, quando o apóstolo escreveu seu Evangelho, por volta do fim do primeiro
século da Era Cristã, Jesus já havia retornado ao céu e
foi descrito como sendo “unigênito”!
Mas, vejamos agora a contradição
criada por esse trinitarista em relação ao próprio ensino da Trindade.
Os trinitários
caem em seus próprios buracos
Jesus afirmou a respeito dos
fariseus – seita judaica de seus dias: “Guias cegos é o que eles são. E, se um
cego guiar outro cego, ambos cairão num buraco.” – Mateus 15:14.
Os trinitaristas fazem buracos
teológicos levando outros trinitaristas a cair nesses mesmos buracos. O
comentário do trinitarista no início deste artigo mostra isso. Ele afirmou que
Jesus Cristo despojou-se de sua divindade ao vir à Terra. Isso é biblicamente correto, sendo
respaldado, inclusive, pelo texto que ele mesmo citou: Filipenses 2:7.
Contudo, por usar esse argumento
bíblico, o mesmo trinitarista cava um buraco para os trinitaristas que aderem à
visão oficial da Trindade, a qual prega que, na Terra, Jesus era tanto homem
como Deus. E os trinitaristas cegados pela teoria do Deus-Homem caem
diretamente nesse buraco!
Esse é apenas um dos muitos exemplos que
mostram que os trinitaristas são totalmente desarmoniosos – e contraditórios –
quanto à sua crença na Trindade. Tudo isso é produto de uma doutrina falsa,
imposta pela força e de modo bem gradual na cristandade – a doutrina da
Trindade.
A menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da
Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada, publicada
pelas Testemunhas de Jeová.
Os artigos deste site podem ser citados ou republicados, desde que seja citada a
fonte: o site www.oapologistadaverdade.org
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