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“O conhecimento enche a pessoa de orgulho” – qual conhecimento?



Fonte: jw.org


Alguns acham que pesquisar muito a Palavra de Deus pode levar o pesquisador a ficar orgulhoso, e que até pode levar à apostasia (desvio da fé cristã), e baseiam seu raciocínio no texto de 1 Coríntios 8:1, que declara: “O conhecimento enche a pessoa de orgulho, mas o amor edifica.”

Mas, de qual conhecimento” o apóstolo cristão Paulo estava falando? Vamos ler o versículo inteiro: “Agora, sobre os alimentos oferecidos a ídolos: sabemos que todos nós temos conhecimento. O conhecimento enche a pessoa de orgulho, mas o amor edifica.”

Portanto, Paulo se referia ao conhecimento acerca dos “alimentos oferecidos a ídolos”. Qual era o conhecimento relacionado a esse tema que estava enchendo alguns cristãos de orgulho indevido? O apóstolo explicou:

“Quanto a comer alimentos oferecidos a ídolos, sabemos [isto é, ‘temos conhecimento de’] que o ídolo não é nada no mundo, e que não há outro Deus, senão um só. No entanto, nem todos têm esse conhecimento. Mas alguns, devido à familiaridade que tinham com os ídolos, comem o alimento como algo sacrificado a um ídolo, e a consciência deles, que é fraca, fica contaminada.” – 1 Coríntios 8:6, 7.

Sobre o costume que havia naquela época, lemos na obra Estudo Perspicaz das Escrituras  (volume 2, p. 369, verbete Ídolos, Carnes oferecidas aos”):


No mundo pagão do primeiro século EC [Era Comum], era costumeiro oferecer carnes aos ídolos, de forma cerimonial. Em tais ocasiões, pedaços da vítima sacrificial animal eram colocados sobre o altar do ídolo; parte era para os sacerdotes, e parte era para os adoradores, que a utilizavam para uma refeição ou uma festa, seja no templo, seja num lar. Contudo, parte da carne que havia sido oferecida a ídolos muitas vezes era entregue ao ·kel·lon, ou açougue, para ser vendida.

Paulo mostrou que os cristãos que antes de se converterem ao cristianismo não haviam tido a experiência da adoração de ídolos entendiam (sabiam) com facilidade que “o ídolo não é nada no mundo”. Assim, sentiam-se à vontade em comer o alimento que compravam no açougue e que, antes disso, havia sido oferecido a ídolos.

Por outro lado, como explicou Paulo, os convertidos ao cristianismo que antes disso haviam participado de cerimônias idólatras ainda associavam tal carne com o ídolo. Portanto, ao verem seus irmãos cristãos comendo tal alimento, sentiam-se constrangidos. Aplicava-se a tais a regra: “Quando alguém considera algo como impuro, então para ele é impuro.” (Romanos 14:14) Por causa disso, a consciência deles, por ser sensível, ficava “contaminada”.

Fonte: jw.org

Foi nesse contexto que Paulo fez a afirmação: “O conhecimento enche a pessoa de orgulho, mas o amor edifica.” Ou seja, os cristãos que tinham o conhecimento específico de que “o ídolo não é nada” deveriam ser conscienciosos e amorosos em relação aos que não tinham “esse conhecimento”, aceitando a recomendação dada por Paulo: “Tomem cuidado, porém, para que o seu direito de escolha [de comer o alimento outrora oferecido a ídolos] não se torne de algum modo uma pedra de tropeço para os que são fracos [os de consciência sensível].” – 1 Coríntios 8:9.

Os que desconsideravam a consciência sensível de seus irmãos estariam usando mal o conhecimento de que “o ídolo não é nada”. Tal conhecimento, sem o amor, ou consideração, pelos sentimentos dos outros, estaria enfunando, ou enchendo de orgulho indevido, os que desprezavam os outros.

Aplicando o princípio genericamente

O princípio de 1 Coríntios 8:1 não condena o conhecimento, ou a assimilação dele. Por outro lado, mostra que o amor deve dirigir tal conhecimento.

Fonte: jw.org

Longe de o conhecimento aprofundado levar à apostasia, lemos na Palavra de Deus que “com a boca o apóstata arruína seu próximo, mas pelo conhecimento os justos são salvos.” (Provérbios 11:9) Por isso, a Bíblia exorta aos servos de Deus que se aprofundem o máximo que puderem no conhecimento dela. Provérbios 2:10-12 declara: “Quando a sabedoria entrar no seu coração e o conhecimento se tornar agradável para a sua alma, o raciocínio o guardará e o discernimento o protegerá, para salvá-lo do mau caminho, dos homens que falam perversidades.”

Contudo, observe no texto acima o papel do amor, na expressão “quando a sabedoria entrar no seu coração” (não apenas na sua mente), gerando uma boa motivação no uso deste conhecimento.

O conhecimento profundo também permite aos que o possuem a atividade de avaliar as informações que recebem quanto à veracidade delas. Sobre os habitantes da cidade grega de Bereia, o historiador Lucas escreveu: “Estes tinham mentalidade mais nobre do que os de Tessalônica, pois aceitaram a palavra com vivo interesse, e examinavam cuidadosamente as Escrituras, todo dia, para ver se tudo [o que Paulo e Silas pregavam] era assim mesmo.” (Atos 17:11) Em consonância com isso, o apóstolo João escreveu: “Amados, não acreditem em toda declaração inspirada, mas ponham à prova as declarações inspiradas para ver se elas se originam de Deus, pois muitos falsos profetas saíram pelo mundo afora.” - 1 João 4:1.

Fonte: jw.org

Assim, não há nenhum problema em se empenhar por conhecimento profundo da Palavra de Deus. Ao contrário, é algo necessário e incentivado pela própria Bíblia. Mas devemos sempre fazer do amor o fator motivador e conducente do conhecimento.


A menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada, publicada pelas Testemunhas de Jeová.

A menos que seja indicada outra fonte, todas as publicações citadas são produzidas pelas Testemunhas de Jeová.



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