Fonte: jw.org
Um leitor trouxe a este site os
seguintes questionamentos:
É um prazer contatá-lo pela
primeira vez.
Gostaria de sua ajuda para
refutar esse argumento utilizado para apoiar o batismo por aspersão praticado
pela cristandade, como por exemplo, os presbiterianos:
(Por gentileza, consulte também a
versão Almeida utilizada pela cristandade.)
Eles alegam que o batismo cristão
tem sua origem nos ritos de purificação judaicos. Citam a obra The
Interpreter's Dictionary of the Bible, que afirma: “Os antecedentes do batismo
cristão estão fundados dentro do judaísmo.”
Pergunta 1: Procede que o batismo
de João tem origem judaica? Como refutar?
Portanto, alegam que o batismo
praticado por João não era novidade para os líderes judeus, e que o povo sabia
o que estava ocorrendo. Por exemplo, os sacerdotes tinham que participar de
abluções (Levítico 11:15; Números capítulo 19) e que existiam exortações
concernentes a purificações que seriam feitas com água (Isaías 1:16 e Jeremias
4:14) sendo o texto “mais forte” Ezequiel 36:25-27 (contendo “aspergirei”) e
Zacarias 13:1.
Pergunta 2: O batismo praticado
por João já era conhecido pelo povo devido às práticas de purificações
judaicas? Como refutar?
Pergunta 3: Como refutar Ezequiel 36:25-27?
A cristandade alega que as
Escrituras Gregas Cristãs utilizam a palavra grega baptízo ao se referir às
purificações com água praticadas na Era Cristã, concluindo que baptízo não
possui um único significado bíblico de “mergulhar”, “imergir”. Referente a Marcos
7:3-4, por exemplo, eles alegam: Como pode baptízo significar apenas imergir se
os judeus purificavam a cama também? Por acaso, eles mergulhavam a cama?
Resposta:
Vejamos abaixo suas perguntas:
O batismo de João tem origem judaica? O
batismo praticado por João já era conhecido pelo povo devido às práticas de
purificações judaicas?
A obra Estudo Perspicaz das
Escrituras (volume 1, p. 315, verbete “Batismo”)[1], afirma:
Alguns peritos procuram ver uma antecipação do
batismo de João e do batismo cristão nas antigas cerimônias de purificação sob
a Lei (Êx 29:4; Le 8:6; 14:8, 31, 32; He 9:10 n.) ou em atos
individuais. (Gên 35:2; Êx 19:10) Mas estes casos não têm nenhuma analogia com
o verdadeiro significado do batismo. Eram lavagens para limpeza cerimonial.
Apenas em um caso havia algo parecido a mergulhar o corpo completamente debaixo
de água. Era o caso de Naamã, o leproso, e a imersão em água foi feita sete vezes.
(2Rs 5:14) Isto não o introduziu numa relação especial com Deus, mas apenas o
curou da lepra. Além disso, biblicamente, os prosélitos eram circuncidados, não
batizados. Para alguém participar da Páscoa ou empenhar-se na adoração junto ao
santuário, ele tinha de estar circuncidado. — Êx 12:43-49.
Tampouco há qualquer base para a asserção feita por
alguns de que o batismo de João foi provavelmente copiado da seita judaica dos
essênios ou dos fariseus. Ambas estas seitas tinham muitos requisitos de
abluções a serem realizadas frequentemente. Mas Jesus mostrou que esses eram
meros mandamentos de homens, que violavam os mandamentos de Deus pela sua
tradição. (Mr 7:1-9; Lu 11:38-42) João batizava em água porque, conforme disse,
fora enviado por Deus para batizar em água. (Jo 1:33) Não fora enviado pelos
essênios, nem pelos fariseus. Não tinha a comissão de fazer prosélitos
judaicos, mas devia batizar aqueles que já eram membros da congregação judaica.
— Lu 1:16.
Os “batismos”, ou
imersões (Hebreus 9:10) realizados
sob o pacto da Lei tinham por objetivo a purificação cerimonial. Diferentemente,
o batismo de João era em símbolo de arrependimento dos pecados dos que estavam
sob o pacto da Lei e a transgrediram. Lemos em Lucas 3:3: “Assim, ele [João
Batista] percorreu toda a região em volta do Jordão, pregando o batismo em
símbolo de arrependimento para o perdão de pecados.”
Fonte: jw.org
Ademais, o batismo cristão, longe de ser uma
“remoção da sujeira da carne” (1 Pedro 3:21), trata-se da afirmação pública, ou
símbolo exterior, de que a pessoa morreu para com seu antigo modo de vida e
ressurgiu para um novo modo de vida. Ser ela imersa retrata que morreu e foi
sepultada para com seu anterior modo de vida, e ser ela emersa, ou levantada da
água, simboliza sua revivificação para um novo modo de vida – o modo de vida
cristão. Isso é observado nos textos abaixo:
“Portanto, fomos
sepultados com ele por meio do nosso batismo na sua morte, a fim de que, assim
como Cristo foi levantado dentre os mortos por meio do poder glorioso do Pai,
assim também nós vivamos uma vida nova.” – Romanos 6:4.
“Pois vocês foram
sepultados com ele no batismo dele e, pela sua relação com ele, foram também
levantados junto com ele por meio da sua fé na atuação poderosa de Deus, que o
levantou dentre os mortos.” – Colossenses 2:12.
Fonte: O Maior Homem Que Já Viveu. História 18.
O texto de Ezequiel
36:25-27 também se encontra num contexto de purificação, descaracterizando-o de
qualquer ligação com o batismo cristão.
Como refutar o argumento de que baptízo não significa apenas mergulhar,
como por exemplo em Marcos 7:3-4?
Vejamos Marcos
7:4 no idioma grego antigo:
καὶ ἀπ' ἀγορᾶς ἐὰν μὴ βαπτίσωνται οὐκ ἐσθίουσιν
kaì ap’ agorâs ean mè baptízontai
ouk esthíousin
e [vindo] do mercado se não
batizarem não comem
καὶ ἄλλα πολλά ἐστιν ἃ παρέλαβον κρατεῖν
kaì álla pollá estin há parélabon krateîn
e muitas outras são as [coisas] que receberam para se apegar
βαπτισμοὺς ποτηρίων καὶ ξεστῶν καὶ χαλκίων [καὶ κλινῶν]
baptismoùs poteríon kaà xestôn kaì khalkíon [kaì klinôn]
batismos de copos e de jarros e de cobres [e de camas]
Fonte: O Maior Homem Que Já Viveu. História 56.
Algumas versões antigas acrescentaram
o vocábulo grego κλινῶν
(klinôn, substantivo feminino no
genitivo plural de klíne), que significa “mesas”, “camas”, “sofás de jantar”. A Vulgata
latina traduziu tal substantivo pela palavra lectorum que significa “leito, cama, sofá”. Na Pesito aramaica ocorre a palavra
equivalente ܘܕܥܪܣܬܐ que significa também “camas”.
Porém, nos melhores e mais antigos
manuscritos e versões da Bíblia esta palavra não ocorre.
A Bíblia de Estudo John Macarthur
mostra que a palavra “cama” não ocorre nos melhores manuscritos. Diversas
versões, em especial as baseadas nos melhores textos, não colocam, a exemplo de
Almeida Revisada Imprensa Bíblica, NVI,
SBB, Ave Maria etc.
O Novo Testamento Grego de Nestle
British & Foreign Society também omite. O mesmo o faz o texto de Westcott
e Hort, de 1881.
Fonte: wikipedia.org
O autor anglicano Henry Donald Maurice Spence
afirma, em sua obra The Complete Pulpit Commentary.
Volume 7. Matthew to John. A Exposition, Homiletics, And Homilies
Commentary On The Bible: “As palavras (καὶ κλινῶν [e de camas]) … não têm autoridade suficiente para serem
mantidas no texto.”
Conclusão
Portanto, as evidências apresentadas
acima corroboram que o batismo cristão tem significado próprio, singular, não
sendo resíduo quer do judaísmo bíblico instituído por Deus por intermédio de
Moisés (João 1:17), quer do judaísmo deteriorado existente nos dias de Jesus
Cristo. Como o próprio Cristo afirmou: “Ninguém costura um remendo de
pano novo numa roupa velha.” (Mateus 9:16) Assim, o cristianismo, tal qual “pano
novo”, não veio para perpetuar práticas judaicas desgastadas (comparadas a uma “roupa
velha”).
Nota:
[1] Publicada pelas Testemunhas de Jeová.
Bibliografia:
Analysis of Peshitta verse Mark 7:4. Disponível
em: <http://www.dukhrana.com/peshitta/analyze_verse.php?verse=Mark+7:4&font=Estrangelo+Edessa&size=125%25&source=>.
Codex de Khabouris. NT Evangelho de Marcos. 12 de junho de 2015. Disponível em: <http://www.khabouris.be/2015/06/12/evangelie-van-marcus/>.
Kiraz, George
A. Dukhrana Biblical Research. Arquivo de Recuperação de
Dados Eletrônicos Syriac ( SEDRA ),
distribuído pelo Syriac Computing Institute. Os versos da Peshitta são
tirados do Peshitta NT publicado pela
British and Foreign Bible Society. Copyright
© 2006-2017. Disponível em: <http://www.dukhrana.com/peshitta/analyze_verse.php?verse=Mark+7:4&font=Estrangelo+Edessa&size=125%25&source=>.
Peshitta verses that contains word 2:16229 ܘܕܥܪܣܬܐ Disponível em: <http://www.dukhrana.com/peshitta/sedra_concordance.php?adr=2:16229&font=Estrangelo+Edessa&size=125%25&source=ubs>.
Spence-Jones, Henry
Donald Maurice. The Complete Pulpit Commentary.
Volume 7. Matthew to John. A Exposition,Homiletics, And Homilies Commentary On
The Bible. Disponível
em: <https://books.google.com.br/books>.
The Evangeliun of Eshu Meshikha Acording to Marcus. In:
TheAramaicScriptures.com. Disponível em: <http://www.thearamaicscriptures.com/marks-gospel.html>.
Why modern translations of Mark 7:4 omit some words
at the end of the verse? Disponível em: <https://hermeneutics.stackexchange.com/questions/9126/why-modern-translations-of-mark-74-omit-some-words-at-the-end-of-the-verse>.
A menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da
Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada, publicada
pelas Testemunhas de Jeová.
Contato: oapologistadaverdade@gmail.com
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