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Estudo sobre a submissão – Hebreus 13:7, 17




Estudo sobre a submissão – Atualizado


Contribuído por Cristão Antitípico.

Esse estudo está baseado nos textos de Hebreus 13:7 e 17: 

(TNM2015) 7 Lembrem-se dos que exercem liderança entre vocês, os que lhes falaram a palavra de Deus, e, ao observar os resultados da conduta deles, imitem sua fé..

(Almeida Atualizada) 7 Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram.

(TNM2015) 17 Sejam obedientes aos que exercem liderança entre vocês e sejam submissos, pois eles vigiam sobre vocês e prestarão contas disso; para que façam isso com alegria, e não com suspiros, porque isso seria prejudicial a vocês.

(Almeida Atualizada) 17 Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros. 

Neste estudo eu farei uma análise de algumas das palavras originais aqui usadas e mostrarei seus campos semânticos. Também explicarei a quem as palavras se referem. Esta explicação terá 4 pontos principais:

1.  O sentido das palavras “lembrai-vos” (segundo a Almeida Atualizada) ou “lembrem-se” (segundo Tradução do Novo Mundo 2015);

2.O sentido da palavra “guias” (segundo a Almeida Atualizada) e das palavras “que exercem liderança entre vocês” (segundo Tradução do Novo Mundo 2015);

3.    A quem a expressão “exercem liderança” se refere – aos “apóstolos e anciãos em Jerusalém” ou aos anciãos locais nas congregações?

4.   Existe limite para a submissão ou será que ela é irrestrita?

Ponto 1 – “Lembrai-vos. . .”

O versículo começa com a expressão literal “lembrai-vos”. A palavra grega usada ali é mnēmoneuō e está relacionada com aquilo que é mnemônico, isto é, relativo à memória, a lembrar-se. Este é o sentido primário do termo. Mas o que significa “lembrar-se” de alguém?

(2 Tessalonicenses 2:5) Vocês não se lembram (mnēmoneuō) de que, quando eu ainda estava com vocês, costumava lhes dizer essas coisas?

O verbo usado é o mesmo em Hebreus 13:7. Então, este é o sentido básico do verbo: “lembrar” significa primariamente recordar. Vejamos outra ocorrência do termo

(Lucas 17:32) 32 Lembrem-se (mnēmoneuō) da mulher de Ló.

Mais uma vez aqui temos o mesmo verbo. No entanto, o termo “lembrar-se” possui sentido mais profundo em Lucas 17:32. Ele envolve não apenas recordar-se, mas também considerar o objeto de lembrança como um exemplo a ser ou imitado ou não. No caso da mulher de Ló, um modelo a não ser imitado. O erudito John Gill disse sobre o verbo no contexto de Hebreus:

“lembrar” deles é conhecê-los, concordar com eles, reconhecê-los e respeitá-los como seus governadores; para obedecê-los e submeter-se a eles; entesourar na memória suas doutrinas e exortações; estar atento a eles no trono da graça, orar por eles; e cuidar de sua manutenção e suprimento externo de vida;

Portanto, o verbo inicial do versículo tem o sentido de dar atenção respeitosa e prática. Por exemplo, a Bíblia diz:

(Gênesis 8:1) . . . Depois disso, Deus lembrou-se (mimnēskō) de Noé e de todo animal selvático. . .

Em qual sentido Jeová “lembrou-se” de Noé? Não no sentido de recordar-se, mas no sentido de prestar ajuda, dar atenção prática. É este o sentido de “lembrar-se” em Hebreus 13:7. 

Ponto 2 – “. . . guias”

Outro ponto a ser analisado é o sentido da palavra “guias”, ou “líderes”, “Lembrem-se dos vossos líderes”. Essa palavra não é um substantivo no grego original. Portanto, a tradução “governantes”, “guias” ou “líderes” não é a mais adequada. A tradução mais próxima do original seria “aqueles que lideram”, ou “aqueles que exercem autoridade”, pois é um verbo no plural. Mas será que o escritor de hebreus está falando de que cristãos teriam outros cristãos “governando” sobre eles? O verbo hēgeomai (liderar) é usado para se referir a uma ampla gama de ações, e inclui estimar, considerar e até mesmo pensar.

(2 Tessalonicenses 3:15) 15 Contudo, não o considerem (hēgeomai) como inimigo, mas continuem a aconselhá-lo como irmão.

O verbo “considerem” é hēgeomai, o mesmo verbo do texto de Hebreus, e aqui é traduzido como “considerar”. Esse “considerar” está dentro do campo semântico do verbo usado no texto de Hebreus. Transmite a ideia de “enxergar/encarar” e isso nos abre um pouco a mente sobre o sentido da expressão “aqueles que tomam a liderança”. Essa liderança não é no sentido de ser um governante, tal como um governante político que cria leis para os outros, mas no sentido daqueles que pastoreiam, que estimam os irmãos na fé. Portanto, uma tradução parafraseada para Lembrem-se dos vossos guias seria: “Deem atenção àqueles que pastoreiam entre vocês.” Ainda nesse ponto, veja o que disse o erudito John Gill:

A palavra pode ser traduzida como “guias” ou “líderes”; pois tais apontam o caminho da paz, vida e salvação para os homens, e os dirigem a Cristo; e guiá-los na compreensão das Escrituras, e nas verdades do Evangelho; e conduzi-los nos caminhos da fé e da santidade, e são exemplos para eles.

         Portanto, o escritor de Hebreus não está falando de cristãos que governam outros, mas de cristãos que guiam, ensinam e pastoreiam outros no caminho da fé. 

Ponto 3 – Submissos a quem?

O terceiro ponto de análise é a quem essas palavras se referiam. Será que o escritor de Hebreus, que acreditamos ter sido Paulo, estava se referindo “aos apóstolos e anciãos em Jerusalém”[1] quando falou “aqueles que exercem a liderança entre vocês”, ou será que se referia aos anciãos locais das congregações? A Tradução do Novo Mundo 2015 nesse texto de Hebreus 13:7 diz:

(Hebreus 13:17) . . . Sejam obedientes aos que exercem liderança entre vocês e sejam submissos, pois eles vigiam sobre vocês e prestarão contas disso M ...

Perceba que o sujeito das palavras “prestarão contas disso” é o mesmo que exerce a liderança e é o mesmo a quem os cristãos devem ser submissos. Portanto, a fim de descobrirmos a quem o escritor ordena os cristãos a serem submissos, precisamos saber quem são esses que “prestarão contas” a Deus. Se você pesquisar na TNM15, verá que ao lado da palavra “disso” existe uma referência cruzada que nos leva a Atos 20:28.

(Atos 20:28) 28 Prestem atenção a si mesmos e a todo o rebanho, sobre o qual o espírito santo os designou como superintendentes, para pastorearem a congregação de Deus, que ele comprou com o sangue do seu próprio Filho.

Perceba então que esses superintendentes são os mesmos a quem o escritor de Hebreus ordenou que a congregação de Deus fosse submissa. Mas quem são esses “superintendentes”? Se continuar pesquisando na TNM15, verá que também há uma referência cruzada que nos leva a

(1 Timóteo 3:1-7) 3 Esta declaração é digna de confiança: Se um homem está se esforçando para ser superintendente, deseja uma obra excelente. 2 O superintendente, portanto, deve ser irrepreensível, marido de uma só esposa, moderado nos hábitos, sensato, ordeiro, hospitaleiro, qualificado para ensinar. 3 Não deve ser beberrão nem violento, mas deve ser razoável, não briguento. Não deve amar o dinheiro. 4 Deve presidir bem à sua própria família, tendo os filhos em sujeição com toda a seriedade. 5 (Pois, se um homem não souber presidir à sua própria família, como cuidará da congregação de Deus?) 6 Não deve ser recém-convertido, para que não se encha de orgulho e caia no julgamento aplicado ao Diabo. 7 Além disso, deve ter também um bom testemunho de pessoas de fora, a fim de que não caia em desonra e num laço do Diabo.

Então, quem são esses “superintendentes” citados? Esses textos não se aplicam “aos apóstolos e anciãos em Jerusalém”, mas exclusivamente aos anciãos locais das congregações. Por que isso? As congregações eram lideradas por grupos de anciãos e, visto que o NT ainda não estava reunido e disponível, muitos anciãos recebiam dons miraculosos, incluindo o dom do conhecimento. Em 1 Coríntios 12:8 nós lemos:

8 Pois a um é dada a palavra de sabedoria por meio do espírito; a outro, a palavra de conhecimento, segundo o mesmo espírito;

Os anciãos congregacionais tinham que tomar várias decisões que influenciariam os membros da congregação, tais como organizar reuniões e educar os membros da congregação. A fim de que a congregação permanecesse unida, era importante que todos os membros aceitassem a liderança do corpo local de anciãos.

Ademais, naquela época a comunicação entre as congregações e os apóstolos em Jerusalém era extremamente limitada – não havia e-mails nem meios de transporte como os que hoje existem. Era inviável a até impossível enviar cartas toda a semana para as congregações, instruindo sobre cada mínimo detalhe. Assim, quem liderava as congregações não eram os apóstolos a partir de Jerusalém, mas os anciãos locais, e por isso o livro de Hebreus ordena os cristãos a cooperarem com os anciãos locais para que haja união e harmonia nas congregações.

Em harmonia com isso, acompanhe o comentário da revista A Sentinela de 15 de dezembro de 1989, p. 24, pars. 15-16.

15 . . . Paulo escreveu: “Sede obedientes aos que tomam a dianteira entre vós e sede submissos, pois vigiam sobre as vossas almas como quem há de prestar contas; para que façam isso com alegria e não com suspiros, porque isso vos seria prejudicial.” (Hebreus 13:17) Devemos respeitar os anciãos designados que tomam a dianteira na congregação. . . Deixarmos de ser submissos seria fatigante para os superintendentes. . . Um espírito cooperador torna mais fácil aos anciãos prestarem ajuda e contribui para a união e o progresso da obra de pregação do Reino. — Salmo 133:1-3.

16 Quão apropriado é que sejamos submissos aos que tomam a dianteira! Eles ensinam nas nossas reuniões e nos ajudam no ministério. Como pastores, buscam o nosso bem-estar. (1 Pedro 5:2, 3) Ajudam-nos a manter uma boa relação com Deus e com a congregação. (Atos 20:28-30) . . .

As palavras acima mostram que o autor do artigo de A Sentinela de 1989 aplicou o texto de Hebreus 13:17 aos anciãos congregacionais. E este entendimento está correto, pois Paulo desejava que os membros das congregações cooperassem com os anciãos locais; eles já aceitavam a autoridade de Paulo e dos demais apóstolos. Então, neste terceiro ponto nós vemos duas coisas:

1.     A Bíblia ensina, conforme mostram as referências cruzadas com base em palavras-chave na TNM15, que o texto de Hebreus 13:7 não se refere aos apóstolos e anciãos em Jerusalém e não inclui os apóstolos, mas refere-se exclusivamente aos anciãos locais nas congregações.

2.    A revista A Sentinela de 1989 corretamente aplicou a referência das palavras em harmonia com as Escrituras. 

Ponto 4 – Submissão irrestrita?

O quarto e último ponto é: visto que esse texto nos ordena a submissão aos anciãos congregacionais, até que ponto vai essa submissão? Será que ela é ilimitada e irrestrita? O texto de análise nesse estudo é Hebreus 13:7 e também o 17. Por isso, analisemos Hebreus 13:9 para que descubramos se essa submissão é limitada ou absoluta.

(Hebreus 13:9) 9 Não sejam desencaminhados por ensinamentos variados e estranhos. . .

É relevante a colocação dessas palavras logo após o texto que menciona a submissão. Após Paulo ter dito aos cristãos para serem submissos aos anciãos locais, ele alerta os cristãos para que não sejam “desencaminhados por ensinamentos estranhos”, ou seja, ensinamentos falsos. Então aqui nós vemos que há de fato um limite na submissão: temos de ser submissos apenas enquanto as orientações estiverem em plena harmonia com as Escrituras. Se há orientações que vão além das Escrituras, ensinos estranhos que simplesmente surgem e são impostos, não temos obrigação alguma de ser submissos. Ao contrário, é um dever nos posicionar contra o que está errado. Do contrário, não somos seguidores de Cristo, mas de homens.

O erudito bíblico Albert Barnes explicou sobre o limite da submissão:

. . . até o ponto que seja administrada em acordo com os preceitos do Salvador. A obrigação à obediência certamente não se estende a qualquer coisa que seja errada em si mesma ou que seria uma violação da consciência.[2]

Em harmonia com a tese acima defendida, David Guzik, comentarista bíblico, observou:

Infelizmente, alguns levam a ideia de submissão aos líderes da igreja longe demais. O ‘Movimento Pastoral’ foi um exemplo claro desse tipo de abuso (que muitos parecem acolher, querendo que outra pessoa seja responsável por suas vidas).[3]

A crítica aqui feita é quanto a atribuir salvação aos que pastoreiam, como se eles fossem capazes de salvar os membros da congregação. Isso é certamente uma extrapolação.

Em adição a isso, Chuck Smith, teólogo americano, ressaltou:

Um instrutor deve nos ensinar a sermos submissos a Deus, não a ele próprio.[4]

Isso se harmoniza com as palavras de Paulo:

(2 Coríntios 1:24) Não é que sejamos os amos de vossa fé, mas somos colaboradores para a vossa alegria, porque é pela [vossa] fé que estais em pé.

Na segunda carta aos coríntios, Paulo menciona ensinos falsos que estavam sendo introduzidos nas congregações.

(2 Coríntios 11:3-6) 3 Mas tenho medo de que, assim como a serpente seduziu Eva pela sua astúcia, a mente de vocês seja de algum modo corrompida, afastando-se da sinceridade e da castidade que devemos ao Cristo. 4 Pois, de fato, se alguém chega e prega um Jesus diferente do que nós pregamos, ou se vocês recebem um espírito diferente do que receberam, ou boas novas diferentes das que aceitaram, vocês facilmente o suportam. 5 Pois eu não me considero inferior aos seus superapóstolos em coisa alguma.

         Havia pelo menos um falso instrutor na congregação em Corinto, um “superapóstolo”. O erudito John Gill explicou que o problema dos cristãos ali era que eles ‘recebiam a doutrina dele, eram submissos à autoridade dele’. (O grifo é meu.)

     Neste exemplo vemos que a submissão irrestrita e incondicional gerou problemas: os cristãos poderiam ser seduzidos assim como a serpente seduziu Eva porque estavam levando o princípio da submissão ao extremo.

      Não devemos nos esquecer das palavras do Senhor à congregação em Éfeso:

Conheço as tuas ações, e o teu labor e a [tua] perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que se dizem apóstolos, mas não são, e que os achaste mentirosos

          Jesus elogiou a congregação de Éfeso por não tolerar falsos instrutores. Em momento algum foi ensinada a submissão a falsos instrutores, e isso fica claro em Apocalipse 2:15, 16:

15 Assim, tu tens também os que se apegam igualmente ao ensino da seita de Nicolau. 16 Arrepende-te, portanto. Se não, virei a ti depressa e guerrearei com eles com a longa espada da minha boca.

         Remover sectaristas (hereges) da congregação é mais difícil do que parece. Por quê? Porque muitos pensam que os sectaristas sejam majoritariamente pessoas sem destaque na igreja. Longe disso! Os hereges mais perigosos ocupam cargos de instrutores dentro da congregação, e é justamente por isso que é tão difícil removê-los e também dizer “não” para eles – eles detêm poder e possuem apoiadores zelosos que farão de tudo para defendê-los. Por isso que as palavras do Senhor Jesus nos capítulos iniciais de Apocalipse são de relevância atemporal.

Uma ilustração baseada em fatos reais poderá clarear mais essa explicação. Imagine que você está dando testemunho a um evangélico fervoroso, tal qual um membro de uma igreja neopentecostal. Então vocês começam a falar sobre o dízimo. Você prova para ele com base bíblica que o dízimo não é obrigatório para os cristãos e que as contribuições devem ser voluntárias. A implicação disso é que o pastor que cobra o dízimo está indo além das Escrituras, distorcendo-as, desrespeitando-as. 

Ao se aperceber disso, o evangélico fica visivelmente desconfortável por ter suas crenças questionadas. Então ele conversa com os líderes da igreja dele e lhes apresenta o seu argumento e a sua explicação. Então os pastores não aceitam a explicação e também reafirmam que o dízimo deve ser cobrado e que aquele que não o pagar estará no desfavor de Deus. Não apenas isso, os líderes da igreja evangélica ainda ordenam o sujeito a “ser humilde” e aceitar a liderança da igreja em tudo, inclusive nesse ponto. Ordenam também o sujeito a “confiar no Senhor”. Apenas para enfatizar, as ordens são:

·         “Você tem que ser humilde”;

·         “Você tem que confiar no Senhor”;

·         “Você tem que obedecer aos líderes”.

Então o sujeito volta a você e diz:

“Olha, meu amigo, eu entendi sua explicação e sei que o dízimo não é para os cristãos. Mas os pastores da minha igreja disseram que o dízimo é bíblico e que a igreja precisa do dízimo, e que você é um herege, pois não acredita na igreja. Os pastores são líderes designados por Deus e não cabe a nós julgar aqueles a quem Deus designou, mesmo que eles estejam errados, a Bíblia manda sermos submissos. Portanto, eu sei que o dízimo não é para os cristãos, mas tenho que ser obediente, pois tenho que ser submisso assim como a Bíblia ordena.” 

Pergunto: será que pensaríamos que tal pessoa ama as Escrituras? Pensaríamos que tal pessoa ama mais a verdade ou a homens? Será que tais homens não estariam distorcendo a Escritura e extrapolando o princípio da submissão para seus próprios interesses a fim de manter sua autoridade e prestígio?

O exemplo baseado em fatos reais apresentado acima deixa claro que homens podem usar o princípio da submissão para se tornarem inquestionáveis, poderosos, venerados e intocáveis; e também que muitos homens tementes a Deus poderão ser desencaminhados por pensarem que devem obedecer a falsos instrutores achando que estão seguindo as Escrituras, quando a verdade é que a Escritura está sendo torcida e extrapolada para manter os servos do Senhor sob controle de homens com desejo de poder. Isso sempre aconteceu no curso da humanidade e continua acontecendo até os dias de hoje.

Conclusão

A passagem de Hebreus 13:7 (e também o v.17) nos mostra que devemos nos “lembrar” ou mostrar respeito, prestar atenção e obedecer aos instrutores da Bíblia, que são os anciãos congregacionais, não os “apóstolos e anciãos em Jerusalém”. Os anciãos congregacionais prestarão contas a Deus pelo modo como terão tratado as ovelhinhas do Senhor.

Isso não significa, entretanto, que os cristãos devem obedecer aos anciãos em simplesmente tudo que disserem. Afinal, os próprios anciãos são imperfeitos, errantes, e muitas vezes poderão confundir os preceitos bíblicos com suas opiniões pessoais. Portanto, a submissão/obediência aos anciãos locais se limita aos princípios bíblicos.

Você consegue pensar em exemplos onde os cristãos verdadeiros devem ser submissos? Consegue também pensar em como isso poderia ser extrapolado? Quais cuidados os cristãos devem ter? Comente abaixo e compartilhe suas opiniões com os demais. Seja sempre respeitoso e use linguagem gramaticalmente correta e de nível acadêmico. Obrigado.

 

Notas:

[1] Os “apóstolos e anciãos em Jerusalém” são interpretados pela liderança das Testemunhas de Jeová como sendo um corpo governante permanente em Jerusalém que governava as congregações.

[2] Citação original: “so far as it was administered in accordance with the precepts of the Saviour. The obligation to obedience does not, of course, extend to anything which is wrong in itself, or which would be a violation of conscience.” Disponível em: https://biblehub.com/commentaries/hebrews/13-17.htm

[3] David Guzik, Enduring Word Commentary, sobre Hebreus 13:17. Disponível em: https://www.preceptaustin.org/hebrews_1317-19

[4] Ibid.


Contato: oapologistadaverdade@gmail.com

 

Os artigos deste site podem ser citados ou republicados, desde que seja citada a fonte: o site www.oapologistadaverdade.org

 



Comentários

Daniel disse…
Ou seja, se "os anciãos e apóstolos em Jerusalém" dessem uma orientação, eles não deveriam ser submissos, já que eles não faziam parte da congregação local....

É
Anônimo disse…
CONSIDERAÇÕES ADICIONAIS DO AUTOR DO ARTIGO

Recebi o seguinte comentário:

“𝗢𝘂 𝘀𝗲𝗷𝗮, 𝘀𝗲 "𝗼𝘀 𝗮𝗻𝗰𝗶ã𝗼𝘀 𝗲 𝗮𝗽ó𝘀𝘁𝗼𝗹𝗼𝘀 𝗲𝗺 𝗝𝗲𝗿𝘂𝘀𝗮𝗹é𝗺" 𝗱𝗲𝘀𝘀𝗲𝗺 𝘂𝗺𝗮 𝗼𝗿𝗶𝗲𝗻𝘁𝗮çã𝗼, 𝗲𝗹𝗲𝘀 𝗻ã𝗼 𝗱𝗲𝘃𝗲𝗿𝗶𝗮𝗺 𝘀𝗲𝗿 𝘀𝘂𝗯𝗺𝗶𝘀𝘀𝗼𝘀, 𝗷á 𝗾𝘂𝗲 𝗲𝗹𝗲𝘀 𝗻ã𝗼 𝗳𝗮𝘇𝗶𝗮𝗺 𝗽𝗮𝗿𝘁𝗲 𝗱𝗮 𝗰𝗼𝗻𝗴𝗿𝗲𝗴𝗮çã𝗼 𝗹𝗼𝗰𝗮𝗹.... É.”

Esse tipo de comentário me deixa triste, pois é decepcionante ver pessoas inteligentes sendo consumidas no intelecto por causa de sua veneração a homens. Em momento algum eu se quer inferi as palavras do leitor. Ele tirou tal conclusão do vento. O que foi dito no texto foi que a referência das palavras de Hebreus 13:7, 17 é exclusivamente os anciãos congregacionais. Foi apenas isso que eu disse, mas a veneração imprópria dada a homens hereges tem feito pessoas inteligentes agirem como tolas, a ponto de se quer serem capazes de ler um texto claro e entender o sentido do que foi escrito. (Leia Eclesiastes 7:7; Salmo 146:3)

O ponto principal do artigo foi mostrar que quem coordenava as congregações eram os anciãos locais, não um corpo em Jerusalém. O que ocorreu em Atos 15 não foi um corpo permanente que enviava cartas toda a semana para as congregações a fim de instruir em cada detalhe que vão desde quais louvores devem cantar até quais pelos as pessoas podem ou não ter. Este tipo de sistema organizacional não existe no Novo Testamento. O NT apresenta apenas um concílio em Atos 15 onde vários cristãos experientes participaram sob a orientação dos apóstolos. Depois de resolvido o dilema, o grupo some do Novo Testamento e apenas restam os doze apóstolos. Assim, eram os anciãos locais que pastoreavam as congregações, não um corpo permanente em Jerusalém, e foi por tal razão que o escritor de Hebreus ordenou que os membros das congregações fossem submissos a tais anciãos.
Anônimo disse…
o corpo governante autoproclamado "escravo fiel e prudente" embora admita em suas publicações não ser infalível e nem ser inspirado exige dos irmãos obediencia " sem pensar duas vezes" por que "vem de jeová" este argumento é enganoso porque nem todas as orientações e crenças se baseiam exclusivamente na Bíblia, que logica é essa de : "podemos errar e vamos errar porém não nos questione seja obediente e humilde"
Anônimo disse…
Ótima pergunta, prezado. Vou fazer uma ilustração.

Certa vez, um sujeito iria pular de paraquedas. Seria seu primeiro voo. Então ele perguntou ao instrutor:

- “Eu posso confiar realmente que este paraquedas vai abrir?”

O instrutor respondeu:

- “Sim, pode confiar PLENAMENTE neste paraquedas.”

Então ele perguntou mais uma vez:

- “Ele já foi usado?”

- “Ah sim, já foi usado muitas vezes.”

- “Ele nunca falhou?”

- “Ah sim, já falou. Algumas vezes as pessoas pularam e se esborracharam no chão. Mas não se preocupe, Jesus confia plenamente nesse paraquedas e você pode também confiar.”

Esse diálogo te parece similar com algo? Ora, é um absurdo, um contrassenso, e ainda por cima, o nome de Jesus é usado para ganhar a confiança da pessoa. Qualquer semelhança não é mera coincidência.

Anônimo disse…
Exato, eles exigem obediência como se fossem profetas. Mas quando confrontados com seus erros, negam ter o dom de profecia
Anônimo disse…
Prezado. Belo comentário. Eu já concluí um artigo sobre isso e enviei ao Apologista da Verdade. Ele decidirá se publicará o artigo ou não. Abraço e força!
Anônimo disse…
Gostei do estudo sobre essa passagem de Hebreus, onde mostra que a orientação era obedecer os anciãos da localidade, e mesmo assim com uma submissão relativa, que importa em jamais ir "além do que está escrito", pois afinal tais irmãos não eram donos da fé alheia. Gostei da razoabilidade e exposição que esse estudo faz de certas maneiras de olhar para os homens que tomam a liderança. Pessoas razoáveis entenderão, enquanto os idólatras prosseguirão adorando meros homens.
thecamellon disse…
Além de tudo isso, acredito ser muita pretensão de homens sem inspiração divina, sem dons milagrosos do espírito e sem dons de profecia, e tão mortais quanto quaisquer outros, quererem ser comparados aos "apóstolos e anciãos de Jerusalém", comprovadamente batizados com espírito santo e ungidos. O artigo é muito eficaz em mostrar que a exortação aos Hebreus se referem aos anciãos ungidos das localidades, mas não chamou atenção para esse diferencial, que era a UNÇÃO atestada por todos os cristãos ungidos dos apóstolos e ancião de Jerusalém e demais congregações da época. Muito bom o artigo!
Anônimo disse…
Obrigado por seu comentário. É verdade isso que você disse. O propósito do artigo foi mostrar que a submissão não é o que se diz atualmente, nem é do mesmo modo como se faz atualmente, com governo central e totalitário.

Grato.

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