Contribuído por Cristão Antitípico.
Raymond Franz é visto pelas Testemunhas de Jeová (TJs) em
conexão com a Sociedade Torre de Vigia como um “apóstata”. Conforme expliquei
nos artigos anteriores, ele foi culpado de heresia; portanto, este é o
termo exato para descrevê-lo, a saber, “herege”. Portanto, não uso o termo
“apóstata” para me referir ao ex-membro da Torre de Vigia.
Eu concordo com algumas das críticas que ele fez em relação às
TJs e principalmente as que fez em relação ao Corpo Governante (CG) das TJs.
Entretanto, conforme já falei exaustivamente, R. Franz foi muito além de seus
conhecimentos e qualificações acadêmicas e resolveu falar de assuntos em
relação aos quais não possuía qualquer qualificação. Muitas das críticas que R.
Franz fez em relação à liberdade das TJs hoje tornaram-se verdadeiras nas duas
últimas décadas, mas não eram verdadeiras na década de 1970. Este, inclusive,
tem sido o maior feito do atual Corpo Governante: fazer com que R. Franz
passasse a ter razão em muito do que disse.
Minha posição clara sobre R. Franz é esta: ele fez
algumas críticas justas sobre as TJs; muitas críticas justas sobre o Corpo
Governante; algumas poucas observações teológicas razoáveis ou que deveriam ser
trazidas sobre a mesa; e algumas aberrações teológicas que são base para desassociação
incontestável, como a que discuto neste artigo, a saber, sobre o nome de Deus.
Em vista desta última questão, R. Franz tornou-se culpado de heresia e mereceu
ser desassociado das TJs.
O nome de Deus
É estarrecedor o fato de R. Franz ter atacado a forma como as
TJs usam o nome do Criador do universo, pois a importância do nome de Jeová é abertamente
expressa tanto nas Escrituras Hebraicas como nas Escrituras Gregas Cristãs.
Além disso, os argumentos de R. Franz mostram que ele está muito longe de ser
um estudioso da Bíblia e revelam sua falta de conhecimento em relação ao nome
de Deus — cuja santificação é o tema central da própria Bíblia. Na página 491 do
livro Liberdade Cristã (em inglês), R. Franz faz a seguinte
pergunta:
Com que
direito, então, os homens que afirmam ser seguidores das pisadas do Filho de
Deus escolhem um nome que nem mesmo dá testemunho
do Cristo? Como eles justificam a escolha de um nome que remonta a uns
700 anos antes de seu aparecimento como o Messias, de volta às palavras ditas
ao povo judeu sob o Pacto da Lei.
Esta pergunta mostra que R. Franz, além de não saber coisa
alguma do que estava falando, seguiu a tradição das principais denominações
cristãs e transferiu a ênfase de Jeová para Jesus Cristo – ao invés de dar
ênfase em Jesus apenas “para a glória de Deus” – este é colocado em segundo
plano. (Leia Filipenses 2:11.) A posição
de R. Franz é oposta aos fatos. O nome latinizado “Jesus” é teofórico, isto é,
contém um morfema que é o mesmo do nome “Jeová” – algo muito comum no idioma
hebraico. “Jesus” é uma adaptação linguística do grego Iesus e do
hebraico Yehoshua, que significa “Yehovah
é a salvação” e, portanto, o nome Jesus dá testemunho de Jeová e está conectado
com Jeová, indicando que o Supremo é a verdadeira causa da salvação. Portanto,
é evidente que R. Franz tirou do vento a ideia de que ‘o nome de Deus não dá testemunho
de Jesus’.
Embora os nomes não sejam traduzidos de acordo com seus
significados, há tradução (ou adaptação linguística) para nomes históricos em
vários idiomas. Veja alguns exemplos:
Inglês |
Português |
Christopher Columbus |
Cristóvão Colombo |
John Calvin |
João Calvino |
Martin Luther |
Martinho Lutero |
Aristotle |
Aristóteles |
Portanto, se usamos a forma latinizada “Jesus”, começando com
o radical “JE”, é inconsistente usar a forma “Javé” para Deus, começando com o
radical “JA”, pois o radical de ambos os nomes têm de ser o mesmo. Assim, não
apenas o uso do nome de Deus pelas TJs é correto, mas também a forma latinizada
“Jeová” é perfeitamente consistente com o sistema de tradução e com o sentido
do nome de Deus.
O significado do nome de
Deus
O nome de Deus não significa “Ele causa que venha a ser” (isto
é, “Ele é o Criador”), conforme ensina a Torre de Vigia, pois a Bíblia não diz
isso em parte alguma; o nome de Deus significa “Ele era, ele é, ele será” (ou
“que era, que é e que vem”, indicando passado, presente e futuro), pois é isso
que a Bíblia diz. (Apocalipse 1:8) E visto que tal sentido é apresentado em
Apocalipse 1:8 de forma tão gloriosa, isso já derruba qualquer oposição à ideia
da presença do nome de Deus no Novo Testamento. Farei um artigo só sobre isso
em breve.
Na página 495, R. Franz argumenta contra a inclusão de “Jeová”
na Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs da seguinte maneira:
O que é
notável é que, além dessas quatro ocorrências dessa forma abreviada em Apocalipse,
em nenhuma outra parte das Escrituras Cristãs contidas nessas cópias antigas
encontramos uma única ocorrência desse nome. Uma vez que existem cerca de 5.000
cópias em grego dessas Escrituras Cristãs, o fato de que nenhuma dessas
milhares de cópias contém o Tetragrama é ainda mais impressionante. O mesmo se
aplica às primeiras traduções dessas Escrituras Cristãs para outras línguas,
como as traduções siríaca, armênia, saídica e latina antiga. Por esta razão, na
grande maioria das traduções do Novo Testamento o nome “Jeová” não aparece fora
de sua aparição abreviada no livro de Apocalipse. Por contraste, se
consultarmos a Tradução do Novo Mundo da Sociedade Torre de Vigia, encontraremos
o nome “Jeová” (e “de Jeová”) 237 vezes, de Mateus a Apocalipse. O fato, porém,
é que quando a Tradução do Novo Mundo coloca o nome “Jeová” em qualquer parte
das Escrituras Cristãs, o faz sem qualquer apoio de um único dos manuscritos
antigos dessas Escrituras Cristãs.
Para um estudo mais profundo, poderá adquirir o livro The Tetragram — Its History, Its Use in the
New Testament, and Its Pronunciation (2019), de Rolf Furuli. O
irmão Furuli refuta simplesmente todos os argumentos de R. Franz contra o uso
do nome de Deus nas Escrituras Gregas Cristãs e em tudo o mais. Não tenho
capacidade para dissertar sobre a língua hebraica com a propriedade e
autoridade que o irmão Rolf Furuli faz em seu livro. Portanto, recolho-me à
minha insignificância neste ponto e apenas incentivo você, leitor, a conhecer
tal livro.
Entretanto, a crítica de R. Franz é no mínimo tendenciosa
demais. Ele objurga a
inserção do nome de Deus pelas TJs nas Escrituras Gregas Cristãs, mas há um
silêncio ensurdecedor da parte dele quanto à remoção do nome de Deus das
Escrituras Hebraicas pelas igrejas cristãs em geral. Ou seja, recolocar o nome
de Deus 237 vezes nas Escrituras Gregas é absurdo, mas removê-lo quase 7000
vezes das Escrituras Hebraicas é tolerável? O padrão duplo de lógica da parte
de R. Franz é evidência de hipocrisia.
‘O nome
de Deus não aparece no NT’
Eu não gosto de frases de impacto, pois elas são geralmente
limitadas em aplicação e, se aplicadas a tudo, conduzem os ouvintes ao erro.
Entretanto, vou abrir uma exceção válida. Certa vez ouvi uma frase que dizia: “É
possível contar um monte de mentiras dizendo só verdades.” (Queira assistir a este breve
vídeo. Clique aqui.) Se apenas parte da informação for passada, por
mais que tal porção esteja correta e seja plenamente verdadeira, os ouvintes
serão conduzidos a uma conclusão errada. Vejamos um exemplo disso no quadro
abaixo.
Como contar mentiras dizendo apenas verdades David
Splane, atual membro do Corpo Governante, fez uma palestra na Holanda e na
Bélgica em 2005. Ele usou Davi, Golias e Saul como ilustrações indicando que
cada um de nós também deve lutar contra gigantes. Um dos “gigantes” que
devemos combater, segundo as palavras de Splane, são os problemas econômicos. Em
1992, a revista A Sentinela publicara um artigo equilibrado sobre ensino complementar
e educação, que apresentava uma visão oposta sobre educação em relação à
visão que passou a ser promovida intensamente desde o ano 2005. Nesse
contexto, Splane disse:[1] Milhares de
nossos irmãos enfrentam o gigante dos problemas econômicos. O mundo os mantém
trabalhando longas horas. Os pais querem o melhor para os filhos. Usamos a
armadura de Saul ou seguimos o caminho de Jeová? O mundo diz que a resposta é
o ensino superior. Alguns passam quatro, seis ou até oito anos buscando o ensino superior do mundo. O
resultado: eles são efetivamente isolados da organização e congregação de
Jeová por esse período. Em 1992, a
organização de Jeová publicou alguns conselhos. A Sentinela de 1 de novembro
de 1992 teve um artigo interessante sobre educação. A questão era que
deveríamos ter uma visão equilibrada da educação. Curiosamente, as palavras “ensino
superior” nunca apareceram naquele artigo; o termo usado
foi “educação complementar”. Isso significa um curto curso de talvez alguns
meses ou até um ano, ou talvez um pouco mais, para atender adequadamente as
suas necessidades. Vemos a sabedoria desse conselho? Hoje, milhões de graduados
universitários estão sem trabalho. Em Paris, diz-se que não se pode encontrar
um encanador. Sim, muitos têm diplomas em ciência da computação, mas quando
os canos estouram, um diploma em ciência da computação não os conserta! Em uma primeira
análise, nada do que Splane disse é falso; ainda assim, a mensagem é falsa e
dissimulada. Vou explicar 4 declarações de Splane que são verdadeiras em
primeira mão, mas que enganam os ouvintes. 1. “[Os que
cursam uma universidade]
são efetivamente isolados da organização e congregação de Jeová
por esse período.” É verdade que alguns irmãos que cursam a
universidade acabam se afastando da congregação, mas isso é exceção, não
regra; a verdade que Splane não contou é que muitos jovens que entram no
serviço de pioneiro sem cursar o ensino superior também acabam se afastando
da congregação. Minha experiência é que jovens
universitários podem ser até mais teocráticos e zelosos que aqueles que
decidiram não cursar uma universidade. Conheci muitos jovens universitários
que apoiavam construções de salões do reino, eram pioneiros ou mesmo ótimos
publicadores; e também conheci jovens que não foram para a universidade a fim
de serem pioneiros e eram os mais fofoqueiros e impertinentes da congregação,
intrometidos nos assuntos dos outros e com vida dupla. (Leia 1 Timóteo
5:11-13.) Por fim, vários destes jovens, outrora “teocráticos”, foram até
mesmo desassociados. Além disso,
questiono-me sinceramente sobre o motivo de muitos jovens abandonarem a
congregação após entrar em uma universidade. Será que o CG não tem nenhuma
culpa nisso? Com certeza tem! Devido ao modo caricato como o CG apresenta o
ensino universitário e ao modo pejorativo como trata ou se refere aos irmãos
universitários, a congregação absorve tais conceitos e passa a tratar um
jovem universitário com desdém. Em resultado disso, após o jovem entrar em
uma universidade, ele não se sente mais bem-vindo na congregação; ele se
sente como se os outros o vissem como delinquente, rebelde, materialista –
exatamente o que os irmãos são ensinados pelo CG a pensar dos outros; então ele
se afasta. Portanto, de quem
realmente é a culpa por muitos jovens universitários se afastarem da
congregação? Com certeza é do Corpo Governante – eles são os responsáveis
pela difamação dos jovens universitários. Ninguém se sente bem sendo tratado
e encarado pela congregação como delinquente e rebelde, e é isso que o CG
ensina a congregação a pensar de jovens universitários. 2. “Hoje,
milhões de graduados universitários estão sem trabalho.” Essa
frase é dissimulada. “Milhões” em quantos países? E quais cursos
universitários esses desempregados têm, isto é, em qual área? Eu nunca vi um
médico ou um dentista desempregado, e raramente professores, contadores
públicos e outros profissionais similares ficam sem trabalho. O que acontece
é que Splane está pegando a exceção e a transformando em regra. É
verdade que há muitos cursos universitários inúteis, como ciências sociais,
sociologia, turismo e outros; mas há muitos cursos bons, como medicina,
odontologia, enfermagem, cursos na área das tecnologias, etc. Assim, embora a frase seja verdadeira, é
dissimulada e transmite uma mensagem errada. 3. “Curiosamente,
as palavras ‘ensino superior’ nunca apareceram naquele artigo.” Splane
se referiu ao artigo em A Sentinela de 1º de novembro 1992 que apresentara
uma visão equilibrada sobre o ensino superior. Embora as palavras “ensino
superior” não apareçam no artigo de 1992, as palavras “ensino complementar”
se referem, ou pelo menos incluem, o ensino superior porque o contexto trata
de profissões que requerem ensino superior, a saber, a irmã citada no artigo
como exemplo a ser seguido, e que era “contadora pública titulada” – uma
profissão que exige diploma universitário. Assim, Splane levou a assistência a pensar
que o artigo de 1992 não se referia ao ensino superior porque não menciona
“ensino superior”; mas isso é falso. É uma mentira contada por meio de
verdade. 4.
“Muitos têm diplomas em ciência da
computação, mas quando os canos estouram, um diploma em ciência da computação
não os conserta!” Essa
frase soa engraçada para a assistência. Contudo, ela é dissimulada e revela
grande ignorância e até mesmo hipocrisia da parte do membro do CG. Realmente,
encanadores são necessários, mas foram encanadores que traduziram a Tradução
do Novo Mundo? Foram encanadores que desenvolveram o WatchTower Library (CD-ROM)?
São encanadores que defendem as TJs nos tribunais? São encanadores que
aceitam tratar as TJs com cirurgia sem sangue? Quando Splane tem uma dor de
dente, ele vai ao dentista ou ao encanador? Foram encanadores que
desenvolveram e que continuam desenvolvendo o site JW.ORG? David Splane,
deixe de ser hipócrita! O
ponto é: todas essas profissões são necessárias e cada uma delas cumpre uma
função; mas Splane dá a entender que ser encanador é a solução para os
problemas financeiros de todos os irmãos. Ele falou alguma informação falsa? Em
primeira mão, não; mas sua mensagem foi dissimulada e falsa. Há
mais pontos que poderiam ser considerados, mas estes bastam por agora para
provar que mentiras podem ser contadas mesmo que apenas verdades sejam ditas.
Foi isso que David Splane fez na Bélgica e que Raymond Franz fez em seu
livro. Não vejo muita diferença de caráter entre eles. |
O que R. Franz falou, isoladamente, é verdade; mas a mensagem
que ele tenta transmitir é falsa.
O que R. Franz não menciona, e o que ele mesmo provavelmente
não considerou, é que nenhum dos 5.000 manuscritos gregos representa os
autógrafos, isto é, os manuscritos originais que os autores dos livros das
Escrituras Gregas Cristãs escreveram. Por que isso é essencial? Porque sabemos, não apenas “presumimos”,
que várias palavras que foram escritas nos autógrafos foram alteradas nas
milhares de cópias existentes desses autógrafos a que R. Franz se referiu. Nós sabemos, não apenas “presumimos”, que, visto
que todas as cópias dos três primeiros séculos AEC têm abreviações onde o nome
de Deus supostamente fora escrito, isso é uma evidência convincente de que essa
palavra foi alterada. Cerca de dez outras palavras diferentes também são
abreviadas, e nunca ouvi nenhum estudioso afirmar que qualquer uma dessas abreviações
teria ocorrido nos autógrafos.
A abreviação onde o nome de Deus deveria estar é ks com uma barra acima das
letras. Alguns argumentariam que ks
é uma abreviação de kyrios,
que significa “senhor”, e essa abreviação mostraria que o Tetragrama (YHVH) não ocorria
nos autógrafos. Esse argumento até parece lógico, mas existem alguns dados que
contradizem definitivamente essa conclusão.
A abreviação ks
também é encontrada nos manuscritos da LXX (Septuaginta) dos primeiros três
séculos EC. Nos poucos fragmentos da LXX que existem do período AEC e um de 50
EC, o nome de Deus é escrito como YHVH
com letras hebraicas ou aramaicas antigas ou com as letras gregas iao e nunca como kyrios. Assim, os dados mostram
que somente após 50 EC e antes do final do primeiro século EC, onde ks começa a ocorrer nos
manuscritos gregos, o nome de Deus começou a ser removido dos manuscritos da
LXX que foram copiados e substituídos por ks.
Visto que os manuscritos mais antigos das Escrituras Gregas
Cristãs têm a abreviatura ks
para o nome de Deus, esta é uma boa evidência de que o nome de Deus também foi
removido das Escrituras Gregas Cristãs e substituído por ks junto desta tendência em
conexão com cópias da tradução da Septuaginta grega (LXX). Assim, a ausência do
nome de Deus nos 5.000 manuscritos gregos não mostra em nenhuma hipótese que o
nome de Deus não teria sido escrito nos autógrafos das Escrituras Gregas
Cristãs. Em verdade, o argumento de R. Franz revela que ele não conhecia nada
desse assunto, nem mesmo estava em dia com as informações da Sociedade Torre de
Vigia. Portanto, os tradutores da Tradução do Novo Mundo tinham boa evidência
manuscrita e, portanto, uma base sólida quando usaram o nome “Jeová” nas
Escrituras Gregas Cristãs. Isso sem dúvida foi a direção do espírito santo.
R. Franz usa vários argumentos especulativos em favor de sua
opinião de que o nome “Jeová” não deveria ser usado pelos cristãos. Vou
discutir um que parece ter uma base textual. Na página 515 de Liberdade Cristã, R. Franz
escreveu:
Ao
contrário da prática comum das Testemunhas de Jeová ao se dirigir a Deus em
oração, Jesus sempre se dirigiu a Ele, nunca como “Jeová”, mas sempre como
“Pai” (empregando essa expressão seis vezes apenas em sua oração final com seus
discípulos).
Em relação a este argumento, R. Franz ignora o contexto e
várias informações são omitidas dos leitores. Uma delas é que as TJs também
usam livremente o título “Pai” para se referir a Deus e R. Franz sabia disso.
Recuso-me a crer que R. Franz não tenha se dado conta disso.
No caso da última oração de Jesus, por que então ele usa o
título “Pai”, e não “Jeová”? A resposta é óbvia: porque o nome de Deus não era
o assunto da oração. O tema da última oração de Jesus era a filiação, não o
nome de Deus.
R. Franz parece não ter entendido a crítica feita pelas TJs em
relação às outras religiões. A crítica não é que as denominações cristãs, por
vezes, não usam o nome Jeová, mas que elas nunca o usam e que negam o
próprio nome do Soberano. Portanto, R. Franz está atacando um espantalho.
Veja este exemplo que elucidará a questão. Quando nos
dirigimos ao nosso pai carnal, usualmente não o chamamos por seu nome pessoal,
mas pelo título “pai”. Entretanto, o que nosso pai carnal pensaria de nós se
nos recusássemos ou achássemos desculpas para nunca mencionar seu nome? Ou
pior, o que pensaria de nós se inventássemos argumentos para não mencionar seu
nome? Ou ainda, o que pensaria de nós se removêssemos seu nome de seus
documentos?
Imagine que um rapaz de 15 anos de idade seja parado por um
policial e questionado sobre quem seria seu pai. Então, ele diz: “Meu pai é o
pai.” A única razão para o rapaz se recusar a falar o nome de seu pai é se ele
se envergonha do progenitor. De fato, não há nada de errado em chamar a Jeová
de “Pai” – isso nunca foi afirmado pela Torre de Vigia; o erro está em negar o
nome de Deus.
Em outras situações, Jesus usou o nome Jeová. Vejamos algumas.
· (Mateus 4:4) “Está
escrito: ‘O homem tem de viver, não somente de pão, mas de cada pronunciação
procedente da boca de Jeová.’”
· (Mateus 4:7) Jesus
disse-lhe: “Novamente está escrito: ‘Não deves pôr Jeová, teu Deus, à prova.’”
· (Mateus 4:10)
Pois está escrito: ‘É a Jeová, teu Deus, que tens de adorar e é somente a ele
que tens de prestar serviço sagrado.’
É absurdo propor que Jesus teria
citado as Escrituras Hebraicas de forma adulterada, tirando o Tetragrama e o
substituindo por “Senhor”. Portanto, Jesus de fato usou o nome de Deus.
Há evidências de que o nome de Deus era usado livremente pelos
judeus nos dias de Jesus e que foi na última parte do primeiro século EC que os
judeus pararam de usar o nome de Deus.[2]
Conclusão
Após esta clara análise, não há dúvidas de que R. Franz
tornou-se culpado de séria heresia e mereceu ser desassociado das TJs. De fato,
o termo “herege” descreve muito bem a personalidade de R. Franz, pois ele se
tornou um inimigo do nome do Soberano universal por causa de sua disputa com a
liderança das TJs.
Que isso sirva de alerta para nós: não permitamos que os erros
do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová e nossa indignação justa com as
atuais diretrizes dessa organização nos afastem do caminho da verdade.
Notas:
[1] A revisão foi feita por irmão da Holanda.
[2] Você poderá se inteirar com as pesquisas e publicações de Nehemia Gordon.
Contato: oapologistadaverdade@gmail.com
Os
artigos deste site podem ser citados ou republicados, desde que seja citada a
fonte: o site www.oapologistadaverdade.org
Comentários
Você não precisa de 4 anos de estudo em Turismo para trabalhar em uma agência de turismo. Conheci inúmeros turismólogos desempregados que viraram trabalhadores braçais ou mesmo foram para o comércio. Ou seja, eles desperdiçaram 4 anos da vida em uma faculdade que não lhes foi útil ao nível que eles esperavam.
Veja, por exemplo, a faculdade de Liberal Arts nos EUA. É a coisa mais inútil e o maior desperdício de dinheiro, esforços e tempo que você pode ter na vida. E ainda vai sair da faculdade dizendo que "homens podem menstruar e engravidar"; ou seja, sairá mais ignorante do que quando entrou.
O ponto é que há faculdades melhores que outras, há cursos mais úteis que outros. Sendo que o propósito. Enquanto indivíduos, queremos fazer faculdade para um fim - ter nosso sustento e uma boa educação. Assim, por que escolheria uma faculdade que não lhe ajudará a atingir seus objetivos? Ou pior... por que é que o pagador de impostos teria de pagar por um curso superior inútil? É disso que falo.
É claro que, se você quiser cursar qualquer curso superior, isso não é da minha conta, nem da conta do CG, nem da congregação, nem de ninguém. Seja feliz. Entendeu o ponto, prezado?
Espero ter esclarecido. Um abraço.
Rolf Furuli foi um dos maiores, se não o maior, erudito das TJs. Ele era para as TJs o que o Rodrigo Silva é para a igreja adventista. Ou melhor, ele seria professor do Rodrigo Silva.
Ele apontou corretamente os erros do Corpo Governante ao próprio CG em secreto por décadas, mas sem sucesso. Quando mais o irmão Furuli os aconselhava a "baixar a bola", mais poder e prestígio eles se empenhavam em alcançar. Até que, em vista de uma nova atitude do CG em relação a controlar as consciências dos irmãos por ir claramente além das Escrituras, Furuli se expressou publicamente com o justificado lançamento de seu livro: "Minha Querida Religião e o Corpo Governante".
Imediatamente, ele foi desassociado sem que suas alegações fosse ao menos avaliadas quanto à veracidade. Isso foi trágico e, na verdade, apenas comprovou que o que aquilo do que ele acusara o CG era a mais pura verdade.
Mas para mim ele não está desassociado. Eu ainda o trato como irmão de fé, pois é isso que ele é. Não que eu concorde com tudo que ele tenha dito, mas concordo com o direito de ele se posicionar contra o que está errado.