Por Cristão Antitípico.
No ARTIGO ESPECIAL: Romanos 13 – As “autoridades superiores” e o cisma de 1962 na Europa oriental (Parte 2), um leitor teceu o seguinte comentário:
É fato que indivíduos chegaram a discernir certas verdades antes de as mesmas se tornarem reconhecidas pela inteira parte terrestre da organização de Jeová. Podemos citar os exemplos sobre a questão da neutralidade (Despertai 22/09/87 §17) e o da compreensão quanto a identidade das autoridades superiores de Romanos 13:1. (A Sentinela 15/05/95 §4-5) Sabe-se também de alguns que, em decorrência disso, desligaram-se da congregação das Testemunhas de Jeová. Tinham elas razão nisso?
Bem, ao passo que talvez tivessem razão quanto ao entendimento de certos assuntos, não se pode dizer o mesmo das ações que tomaram. Afinal de contas, onde estão hoje? Pregam as boas novas do reino em obediência a Jesus? (Mateus 28:19,20) Santificam o nome de Jeová? (Mateus 6:9,10) A resposta é clara: não! E por quê? “Saíram do nosso meio, mas não eram dos nossos, pois se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco.” (1 João 2:19) Não tiveram a atitude dos apóstolos de Jesus que em certa ocasião quando não compreenderem certo ensino do mestre, admitiram candidamente: “Senhor, para quem iremos? O Senhor tem declarações de vida eterna.” (João 6:48-70; Zacarias 8:23) O que se deve fazer? A Sentinela de 1.º de dezembro de 1982, páginas 15-16, responde:
Às vezes, alguns trazem à atenção da classe do “escravo” diversos assuntos doutrinais ou organizacionais que acham que deveriam ser revisados. Certamente são apropriadas as sugestões para melhora, assim como o são as perguntas para se obter esclarecimento. Um exemplo disso foi quando Paulo, Barnabé e outros foram enviados a ‘subir até os apóstolos e anciãos em Jerusalém’ com respeito à circuncisão. Quando aqueles anciãos de Jerusalém decidiram a questão, sob a orientação do espírito santo, enviaram então irmãos a diversas cidades para ‘entregar aos que estavam ali, para a sua observância, os decretos decididos pelos apóstolos e anciãos, que estavam em Jerusalém’. A sujeição leal a esses decretos resultou na bênção de Jeová. Assim, “as congregações continuavam deveras a ser firmadas na fé e a aumentar em número, dia a dia”. — Atos 15:1 a 16:5.
O espírito correto, depois de se ter oferecido sugestões, é contentar-se em deixar o assunto entregue para ser considerado com oração pelos irmãos maduros que dirigem a obra na organização de Jeová. Mas, se os que fazem as sugestões não se contentarem com isso e continuarem a discutir o assunto nas congregações, visando conseguir o apoio de outros, qual será o resultado? Isso criará divisões, e poderá subverter a fé de alguns. Por isso, Paulo aconselha: ‘Fiquem de olho nos que causam divisões e motivos para tropeço contra o ensino que aprenderam, e. . . evitem-nos.’ Paulo aconselhou também Tito a “repreender os que contradizem”, acrescentando: “É preciso fechar a boca de tais, visto que estes mesmos persistem em subverter famílias inteiras por ensinarem coisas que não deviam . . . Por esta mesma causa persiste em repreendê-los com severidade.” — Romanos 16:17, 18; Tito 1:9-13.
Nota-se que é apropriado oferecer à classe do escravo sugestões para melhora de assuntos doutrinais ou organizacionais, de modo que NENHUM MEMBRO DA ORGANIZAÇÃO DE JEOVÁ está impedido de fazer isso. No entanto, antes de assim agir é próprio apresentar o assunto aos anciãos locais, pois talvez eles possam ponderar sobre o que já tem sido feito naquele respeito. De qualquer forma, aquele que agir com esse intuito precisará manifestar o espirito correto após remeter as sugestões, que é contentar-se em deixar o assunto entregue para ser considerado com oração pelos irmãos maduros que dirigem a obra na organização de Jeová e não discutir o assunto nas congregações visando conseguir apoio de outros. Sigamos os exemplos bíblicos:
“Ao viajarem pelas cidades, transmitiam aos irmãos as decisões tomadas pelos apóstolos e pelos anciãos em Jerusalém, para que obedecessem a esses decretos. Assim, as congregações eram fortalecidas na fé e cresciam a cada dia.” – Atos 16:4,5.
Resposta:
Prezado, até onde pude perceber, seu comentário revela que você não diferencia o mundo real do mundo ideal. A sua posição se baseia em uma citação das publicações das Testemunhas de Jeová. Vou mostrar as partes em que este comentário está errado.
Há uma diferença entre o que se diz e o que se faz, isto é, o mundo ideal e o mundo real. Muitas das ideias da citação que você fez só enganam os iludidos com o sistema organizacional. A verdade é a seguinte: ouse enviar correções ao Corpo Governante e você vai ser marcado. Insista em tais correções e você será desassociado e difamado. Portanto, este “mundo ideal” descrito na sua citação só existe na imaginação das pessoas crédulas, pessoas iludidas com uma organização que não existe na prática, isto é, que não aplica as palavras acima. A verdade é que o CG desassociará qualquer um que discordar de tal magistério.
A via de exemplo, cito o caso de Rolf Furuli, que, durante anos, apontou os erros do CG de forma sigilosa, escrevendo para o magistério e sugerindo mudanças. Durante décadas, o CG ignorou Rolf Furuli e passou a adquirir mais e mais poder. Até que por fim, Furuli lançou o livro dele, “Minha Querida Religião – E o Corpo Governante”. Então, ele foi desassociado sem nem mesmo suas alegações serem analisadas. Isso não tem base bíblica e é o oposto da mensagem da citação.
Outro erro na argumentação da citação que você copiou e colou é que o espírito santo não erra e não conduz ninguém ao erro.
Quando o espírito santo decidiu a questão da circuncisão no primeiro século, esperava-se que as congregações obedecessem a tal decisão. Por quê? Porque havia uma razão fundamental e imutável para isso: a decisão estava certa. Dizer que o espírito santo esperava que as pessoas obedecessem a uma decisão errada é absurdo, bizarro e irracional. Este ensino não é encontrado em parte alguma das Escrituras e vou te provar por quê.
Quando em Niceia o “Corpo Governante” da igreja primitiva introduziu a Trindade como doutrina, você teria mandado “sugestões”? Se os líderes da igreja não tivessem aceitado suas sugestões, o que teria feito? Continuaria submisso? Ou isso só vale para a sua religião?
O ponto é que, caso as palavras da citação acima se aplicassem da forma como foram aplicadas, isso faria de Charles Taze Russell um cristão rebelde que “causou divisões”. Russell não foi submisso à liderança de sua igreja e esta rebeldia justa deu início à Torre de Vigia. Ele bateu de frente com a alta classe, e somos gratos por isso. Se eu tenho que obedecer incondicionalmente, então Russell também tinha. E isso faria da Sociedade Torre de Vigia uma seita. Contudo, você discorda de tal conclusão e eu também discordo. Mas a implicação disto é que há casos em que a rebeldia é justificada.
Quanto ao progresso ou sucesso longe da Torre de Vigia (um argumento usado frequentemente), quero apenas lembrá-lo de que a maior igreja do mundo é a católica. Desde os primórdios do catolicismo até a Idade Média, lá pelos anos 300 DC até 1500 DC, isto é, durante mais de um milênio, a igreja católica foi a única que “deu certo”, ao passo que todos os dissidentes caíam no anonimato. (Não é por menos, afinal, eram executados.) Isso não prova que a igreja católica tem a bênção de Deus.
Da mesma forma, não é por nada que muitos que saem da Torre de Vigia caem no “anonimato”, por assim dizer, afinal, a Torre de Vigia os difama, isto é, os executa em sentido social e moral. Eles saem de mãos vazias e difamados. Então, não é por menos que estes se tornam insignificantes perante os homens.
Outro erro no seu comentário é que os erros crassos da Torre de Vigia não são “errinhos insignificantes”, isto é, erros que se você cometer não alterarão muita coisa na sua vida, tais como alterar o método de pregação, instruções sobre vestimenta, sobre o formato das reuniões, etc. Antes, são erros que desgraçam a sua vida, colocam você na cadeia, matam você, como foi o caso do erro de 1929, onde muitos irmãos foram presos e executados – algo admitido pela própria Torre de Vigia.
Se você não consegue perceber a diferença entre esses dois tipos de erros – um mecânico e sem relevância, e outro que destrói a sua vida – então, sinto muito, mas não há nem como conversar com você sobre esse assunto.
Contato: oapologistadaverdade@gmail.com
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Comentários
Eu tendo a concordar com a interpretação da Torre de Vigia no geral sobre os 144000 e a Grande Multidão, com alguns pormenores a serem reanalisados.
Por exemplo, lembre-se que João Batista não ascenderá aos céus. (Mateus 11:11-12)
Por quê? Ele era sem dúvidas crente em Jesus Cristo. Ou melhor, ninguém era tão crente em Jesus quanto o próprio João Batista. Ainda assim, ele não ascendeu aos céus.
Então, isso por si só prova que pode haver cristãos que não têm esperança celestial.
Contudo, visto que o modo como as questões são atualmente estabelecidas (o sistema unidirecional, de cima para baixo, autoritário e inquestionável), não posso condenar a ninguém por pensar diferente da congregação. Enquanto o sistema não mudar, não posso julgar as pessoas por quaisquer opiniões divergentes que expressarem.
A grande multidão é dita em Apocalipse que “sai da grande tribulação”, e que delas se "enxugará dos olhos toda a lágrima", e que o sol abrasador não mais causará dano; isto é, os membros da grande multidão não são os “escolhidos” que são “ajuntados” durante a grande tribulação e levados ao céu, e isso é dito do povo de Deus em Ezequiel muitas vezes. Entretanto, a Bíblia dá a entender que os 144000 são comprados da grande multidão, e isso é percebido pela expressão “dentre” em oposição à preposição “de”. A grande multidão é “de” todas as nações; os 144000 são comprados “dentre” todas as nações; isso indica que os 144000 são escolhidos de dentro da grande multidão. A implicação disso, entretanto, é que a grande multidão seria o próprio "Israel de Deus" - e a Torre de Vigia ensina que apenas os 144000 são esse "Israel de Deus".
A “grande multidão” é chamada em Apocalipse várias vezes de “as nações”. Por quê? Porque esse grupo é “de todas as nações”; assim, nos capítulos finais de Apocalipse, esse grupo é chamado de “as nações”. Essa expressão é significativa porque Jesus ensinou que, antes do fim e no tempo do fim, na consumação das eras, (que cremos ser o nosso tempo), o evangelho seria pregado “em todas as nações” e para as nações. Ou seja, a grande multidão é o ouvinte da pregação da igreja ou corpo de Cristo. Isso é o que as TJs ensinam. O que as TJs também ensinam e que pode ser um pouco controverso, e creio que aqui seja sua dúvida, é que a grande multidão participa da pregação do evangelho à todas as nações. Isso precisa ser reanalisado. Não estou dizendo que está errado, mas precisa ser reavaliado.
A profecia de Ezequiel faz referência à grande multidão muitas vezes, e em Ezequiel esse grupo é referido como “Israel”. Para saber mais, leia sobre a profecia de Ezequiel sobre os “dois bastões” que se tornariam “um só bastão”. Abraço.
Percebo que não foram citados os textos de Lucas 12:32 e João 10:16.
No meu entendimento - nas minhas pesquisas, dentro de diversas obras de referência que consulto, e estudo – qualquer vinculação dos textos (especificamente) acima respectivamente aos 144.000 e aos da Grande Multidão é a Torre de Vigia querer “ser exclusivista” demais ao seu próprio entendimento, o da Torre de Vigia; e consequentemente desconsiderar o contexto simples dos dizeres de Jesus Cristo.
Se você ler em João, capítulo 12, verá a tipificada "grande multidão", que não era do grupo dos apóstolos. Há uma distinção entre "as multidões" que aceitaram Jesus, e os apóstolos. Na Bíblia há uma distinção entre Judeu e Gentio; entre Israel e Judá. Estas coisas representam realidades na igreja.
Quanto a Torre de Vigia ser "exclusivista", devo lembrar-lhe de que também é a igreja Católica exlusivista, e as protestantes também. O protestantismo ensina que as TJs são uma "seita destrutiva" que será destruída por Deus porque as TJs negam a trindade; entretanto, quando as TJs ensinam que os protestantes não são atualmente a igreja de Cristo, mas parte de Babilônia, os protestantes acusam as TJs de "exclusivistas", criticando-as por pensarem dos protestantes a mesma coisa que os protestantes pensam das TJs. Ora, isso é no mínimo irônico.
Precisamos de uma definição sobre o que significa ser "exclusivista", pois as TJs são menos exclusivistas que os protestantes e católicos, se olharmos de certas perspectivas.
Por exemplo, os protestantes ensinam que as TJs perderão as suas vidas na volta de Cristo, e mesmo as TJs que hoje perdem a vida por qualquer causa (natural, desastres, etc.), terão o julgamento adverso de Cristo, o qual as lançará no inferno e serão atormentadas para todo o sempre.
Em oposição a isso, as TJs acreditam que todos os católicos e protestantes poderão ser salvos na ressurreição durante o milênio, e raríssimas são as exceções. Assim, quem realmente é "exclusivista"?
Não estou dizendo que concordo com o exagero da Torre de Vigia na questão da alegação de que são a "organização de Jeová"; mas se acreditamos de fato no que a Bíblia diz, entenderemos que haveria de ser no tempo do fim que o conhecimento se tornaria abundante, e que o trigo de fato se separaria do joio. Não podemos alegar que aqueles que creem ser "o trigo" são exclusivistas, pois de fato Jesus ensinou isso.
Assim, quando ouço a acusação de que as TJs são "exclusivistas", eu realmente não consigo entender o que as pessoas querem dizer com isso. Ou pelo menos, essa acusação precisa de uma análise completa e profunda.
Abraço. Por favor, continue comentando. Precisamos conversar sobre esse assunto e aprender um do outro. Abraço.