“Confie em Jeová” – esta é
uma frase exaustivamente repetida pelos irmãos quando mencionam-se assuntos a
serem consertados no que tange à Sociedade Torre de Vigia. Mas o que significa,
em realidade, “confiar em Jeová”? Comecemos por definir o que não significa
“confiar em Jeová”.
Devemos
fazer nossa parte
Vários irmãos concluem equivocadamente que confiar
em Jeová e em Jesus significa não fazer absolutamente nada e deixar que eles
consertem as coisas de forma milagrosa. Tal pensamento não poderia estar mais
distante da verdade! Jeová sempre usa alguns servos dispostos para consertar as
coisas. Jeremias foi enviado a Jerusalém para transmitir a mensagem de Jeová.
Sua pregação não produziu arrependimento nos ouvintes. Será que isso significa
que Jeremias desperdiçou seu tempo e seus esforços? Será que ele se sentou e
esperou por um milagre? Não. Ele agiu por fazer o que tinha de fazer.
Paulo condenou a ideologia da leniência, pois os
cristãos em Corinto eram lenientes para com falsos apóstolos.
(2 Coríntios 11:3, 4) 4 Se, na verdade, vindo alguém,
prega outro Jesus que não temos pregado, ou se aceitais espírito diferente que
não tendes recebido, ou evangelho diferente que não tendes abraçado, a esse, de boa mente, o tolerais. (JFAA)
Em parte alguma da Escrituras os cristãos são
ordenados a tolerar e ser submissos a falsos instrutores e que isso significaria
“confiar em Jeová” – não! O Senhor nos responsabiliza por isso; rejeitar falsos
instrutores é tarefa nossa; o Senhor nos delegou tal serviço e isso fica claro
pela leitura do capítulo 2 de Apocalipse.
A confiança em Jeová pode ser ilustrada com a
agricultura. O agricultor confia em que Deus dará chuva no tempo certo;
entretanto, ele levanta cedo, lavra o solo, semeia, prepara os celeiros, etc.
Se o agricultor se sentar e cruzar os braços, ele pode até dizer que confia em
Deus, mas ele mesmo não demonstrou que confia. A confiança em Deus requer tomar
as ações necessárias até o ponto em que não caberá a nós mais nenhuma ação, só
a Ele. Cruzar os braços e esperar um milagre é preguiça, leniência e covardia,
não confiança em Jeová.
“O que
posso fazer?”
Há um bom número de irmãos em conexão com a
Sociedade Torre de Vigia que ainda assistem às reuniões e participam delas,
pregam de casa em casa e se associam intimamente com os demais irmãos, mas que
se sentem de mãos atadas sobre o que podem fazer em relação ao Corpo Governante
(CG) das TJs (Testemunhas de Jeová).
Tais irmãos se aperceberam de que há algo de muito
errado nessa organização; há expansivas regras extrabíblicas para controlar as
consciências dos irmãos e que estão prejudicando e destruindo famílias e vidas,
que estão separando os irmãos; há pessoas sendo desassociadas por razões frívolas
e injustas (certa irmã na Noruega foi desassociada por ter sido estuprada;
outro irmão foi desassociado por acreditar que a Terra é plana[1]);
os erros em relação ao modo como os desassociados são tratados (afastamento
absoluto) não foram corrigidos e décadas já se passaram; os membros do CG
passaram a ter mais destaque entre as TJs do que o Edir Macedo na Universal; o
foco está em homens, não em Cristo; o CG é mais mencionado e louvado nas
reuniões que o próprio Senhor; há descomedido foco em “confiar na organização”
e em pedir dinheiro; os membros do CG vivem no luxo; a organização está focada
em adquirir patrimônio e poder (até mesmo máquinas de cartão de débito e
crédito foram introduzidas nos Salões do Reino a fim de pedir dinheiro); os
superintendentes viajantes andam de carro novo, comprado com o dinheiro dos
irmãos, enquanto estes se esgoelam para que o mês termine antes do salário – há
algo de muito errado e os irmãos estão se apercebendo disso.
O problema é que os irmãos que têm despertado para
os fatos temem ser desassociados e difamados pelo corpo de anciãos, os quais
são devotos incondicionais do CG. Muitos dos familiares desses irmãos são
membros da TJs e devotos dos “oito santos” com tanta intensidade quanto os
católicos são devotos de Maria. Assim, qualquer opinião pública contrária a uma
mínima regra do CG resultará em desassociação e difamação; em muitos casos,
casamentos têm sido desfeitos quando um dos cônjuges se posiciona contra alguma
regra da organização e o outro cônjuge vê isso como traição a Deus.
Portanto, o que fazer? Há alguma esperança de
restauração? É este o povo de Jeová? Será que Jeová enxerga este povo de forma
especial? Será que dissociar-se é a opção correta? Por favor, considere os
seguintes pontos.
A vinda
de “Elias”
As profecias da Bíblia são relevantes para todas
as épocas, e muitas delas são feitas em sistema de tipos e antítipos. O que são
tipos? O tipo é uma figura profética, que pode ser uma pessoa ou um drama, e
essa figura aponta para algo futuro que ocorrerá no “grande dia de Jeová”, a
saber, o Armagedom. Sendo assim, como sabemos se uma profecia que se cumpriu no
passado é um tipo profético? Há vários indicativos, e um desses é se a profecia
faz referência ao “dia de Jeová”. A expressão “dia de Jeová” é uma menção
profética que se aplica a vários momentos históricos, mas que terá seu
cumprimento máximo no Armagedom, e chamamos esta aplicação profética de
“antítipo”.
Com isso em mente, leiamos Malaquias 4:5, 6, que é
a última profecia das Escrituras hebraicas.
5 “Eis que vos envio
Elias, o profeta, antes de chegar o grande e
atemorizante dia de Jeová. 6 E ele terá de voltar
o coração dos pais para os filhos e o coração dos filhos para os pais; para que eu não venha e realmente golpeie a terra,
devotando-a à destruição.”
Quem é o prometido Elias? Essa profecia teve uma
aplicação primária em João Batista, pois Jesus disse:
(Mateus
11:13, 14) Pois todos, os Profetas e a Lei, profetizaram até João. 14 E, se vocês
quiserem aceitar, ele é ‘Elias, que há de
vir’.
Mas houve um contraponto feito por João Batista em
relação a isso.
(João 1:20, 21) 20 [João
Batista] não se recusou a responder; de fato, ele admitiu: “Eu não sou o
Cristo.” 21 Eles lhe perguntaram: “Então, quem é você?
Elias?” Ele respondeu: “Não sou.”
Notamos
aqui que, em uma primeira leitura, João Batista contradisse Jesus Cristo. Jesus
Cristo afirmou que João Batista foi de fato “Elias”; mas João Batista dissera
que não era Elias. De fato, essa contradição precisa ser explicada.
Minha
proposta é: João Batista negara ser o prometido “Elias” porque, deveras, não
pensou de si mesmo como o antitípico Elias, ou o Elias que há de vir
antes do “grande e atemorizante dia de Jeová”; entretanto, Jesus falou de João
em sentido primário. Então, nos dias de Jesus, houve um primeiro cumprimento
para a vinda de Elias – este era João Batista. Em sentido antitípico, porém,
antes do “grande e atemorizante dia de Jeová”, Elias virá para restaurar todas
as coisas, e este não é João Batista.
Não
sabemos quem será este “Elias”, mas pelas características de João Batista,
podemos concluir algumas coisas.
João
Batista foi entendido como enviado de Deus desde pequeno, mas ganhou destaque
quando enfrentou o sistema religioso autoritário antes da primeira vinda de
Cristo. Lemos:
(Mateus 3:7-12) 7 Quando [João Batista] viu muitos fariseus e
saduceus. . . disse-lhes: “Descendência de víboras, quem disse que vocês podem
fugir da ira que virá? 8 Portanto, produzam fruto
próprio do arrependimento. . . O machado já está posto à raiz das árvores.
Portanto, toda árvore que não produz bom fruto será
cortada e lançada no fogo. . . [O messias] tem na mão a sua pá para
separar o trigo da palha e limpará completamente a sua eira; e ajuntará seu
trigo no celeiro, mas a palha ele queimará num fogo que não pode ser apagado.”
Isso mostra que o Elias que há de
vir antes do Armagedom confrontará a liderança religiosa, isto é, os da classe
dos fariseus, no povo de Deus. Ademais, há algo peculiar sobre a
esperança de João Batista. Jesus disse:
(Mateus 11:11) 11 Digo-lhes a verdade: Entre os nascidos de
mulher não surgiu ninguém maior do que João Batista; mas aquele que é menor no
Reino dos céus é maior do que ele.
João Batista, que aos olhos de Deus era o maior
humano que já vivera até a época de Jesus, e sendo ele mesmo crente em Jesus, era
menor que o menor no Reino dos céus. Dessa forma, João Batista não tinha
esperança celestial, não era membro dos 144.000 selados. João Batista, embora
tenha sido um fervoroso crente em Jesus, entra no grupo dos servos de Deus com
esperança terrestre, assim como Abraão, Sara, Noé, Moisés, Daniel e outros.
Se este paralelo for exato, isso significará que o
antitípico Elias que há de vir é membro da grande multidão que sobreviverá na
Terra, e será ricamente reconhecido por muitos como enviado de Deus.
Entretanto, a alta cúpula do povo de Deus, a classe dos fariseus, não
reconhecerá o antitípico Elias de tal forma. Elias há de trazer as pessoas ao
Cristo antes de o Senhor voltar no Armagedom e causará um cisma no povo de
Deus.
Eu quero deixar claro que estou apenas propondo uma
aplicação da profecia conforme me parece plausível. Caberá a cada leitor
decidir por si só exercer fé nestas palavras ou não após análise com oração e
sinceridade. Não estou designado por Deus para coisa alguma – jamais clamaria
isso de mim mesmo. Esta é apenas uma proposta que poderá ou não estar correta,
mas que soa coerente com a palavra de Deus.
De fato, enxergar a profecia de Malaquias 4:5, 6 de
tal forma nos dá esperança. (Romanos 15:4) Enquanto isso, ore a Jeová para que
ele conserte as coisas e para que você consiga identificar Elias quando este
vier. Reflita em quais ações você pode pessoalmente tomar e que não o colocarão
em perigo de desassociação perante a congregação. Meu conselho é que jamais
traia sua consciência, pois é melhor enfrentar o mundo por causa de nossa
consciência do que a trair para agradar ao mundo.
Não hesite em comentar suas ideias abaixo. Seus
comentários são anônimos. Apenas use linguagem de nível acadêmico e respeitosa,
sempre tendo em mente a solução do problema, não a discórdia.
Nota:
[1] Evidentemente a Terra não é plana e o terraplanismo é uma conspiração anticientífica. Entretanto, desassociar pessoas por isso é descabido.
Contato: oapologistadaverdade@gmail.com
Os artigos deste site podem ser citados ou republicados, desde que seja
citada a fonte: o site www.oapologistadaverdade.org
Este artigo é como uma "voz que clama no deserto". Para os que estão mais 'esclarecidos' é notório que está havendo uma debandada, pois para esses, é impossível fechar os olhos para o que esta acontecendo dentro da "Organização" de Jeová, e continuar dentro. Pelo menos para mim estava insuportável. Era como um estar no paradoxo, 'ser ou não ser eis a questão'. Como disse certo ex-irmão, vítima do modus operandis farisaico da atual liderança: "Minha amada religião..."
ResponderExcluirOuse falar contra as ações do corpo governante e seja condenado ao Niddui farisaico usados como arma de destruição de individualidade e família. Sim, como disse acima, famílias estão sendo destruídas sem dó nem piedade em prol de uma suposta proteção do grupo.
O grande problema é a questão da forma. A forma com que se desperta e se encara a Organização não raro está causando uma revolta interior ao infeliz ponto de se achar que Jeová e a Organização são a mesma coisa. Não são! Jeová e seu filho nada tem a ver com o que está acontecendo aí! Ainda que um artigo anterior tenha chamado o Raymond de "herege" e eu respeito o ponto de vista do blog, podemos afirmar com tranquilidade que o modus operandis atual teve início a 42 anos atrás, com esse "herege". Silenciar é o objetivo primário para se defender os próprios - obscuros - interesses da liderança.
Jesus, o Rei designado de Jeová, não está alheio ao que está ocorrendo. O Amo já identificou o escravo mau e irá tomar providências.
Para os que não suportarem ficar dentro, uma recomendação: "Não sirvamos como pedra de tropeço", "não desviemos os pequeninos". A notória infantilização da linguagem utilizada nas publicações visa diminuir a capacidade de raciocínio dos irmãos e diminuir o seu poder de percepção do que se passa ao redor. Os que aqui nesse blog entram, entram porque romperam algumas fibras das amarras da ignorância.
Mas é preciso madureza espiritual para entender que assim como João Batista - e outros profetas - falavam contra uma liderança que tinha se apartado do caminho de Jeová. É preciso madureza espiritual para entender que essa liderança atual - claro, autoproclamada e não instituída por Jesus - também se afastou do caminho de Jeová.
Ajudar a outros a ver o que está de fato ocorrendo requer tato e jogo de cintura! Orem a Jeová pedido essa sabedoria.
Há uma linha tênue que separa a 'revolta resiliente até certo ponto' de 'apostasia'. Que saibamos os limites.
Ola, prezado. O Russel poderia ter sido esse Elias que é enviado antes do grande e atemorizante dia de Jeová. Ou até a organização Torre de Vigia, mas teremos de pôr de lado a parte que diz que o menor no céu é maior que ele e aceitar que isso somente se refere a pessoa do João Batista.
ResponderExcluirOu simplesmente o ''atemorizante dia de Jeová'' se aplica aquela época, a saber em 70 E.C.
Abraço.
Prezado, eu não tenho certeza sobre todos esses pontos. Creio que a explicação que dei no artigo seja e mais próxima da mensagem apresentada nas Escrituras. Abraço.
ExcluirConcordo me parece que Russel se encaixe melhor como Elias.
ExcluirEu não saio das TJs porque, embora eu saiba que há erros e defeitos, não há nenhuma organização que se quer se aproxime da teologia, unidade, fraternidade das TJs. Eu acredito que Deus tem, sempre teve, e continuará tendo um povo que leva o Seu Nome. (Atos 15:14-17) Desigrejados podem ser até pessoas de motivação sincera, mas não possuem a fraternidade necessária para o verdadeiro cristianismo. (Apocalipse 7:9) Os desigrejados TJs que montam grupinhos são basicamente cristãos liberais que seguem o lema: "Faça o que bem desejar, apenas diga que ama a Deus e a Cristo e peça perdão pelos seus pecados." Eu não acho que a coisa é bem por aí. Não estou dizendo que essas pessoas serão necessariamente destruídas no Armagedom, apenas não acho que essa forma de cristianismo se aproxima daquela que lemos no novo testamento.
ResponderExcluirNo que tange a TEOLOGIA, creio que as TJs, embora não sejam os únicos unitários, são a única fraternidade global unitária. O povo de Deus é uma fraternidade global, não "meia dúzia de gato pingado" fazendo justiça teológica com as próprias mãos. Sem falar das outras doutrinas que as TJs acertaram: a ressurreição dos santos, os últimos dias, a ressurreição espiritual de Cristo, a mortalidade da alma, o paraíso na Terra, a pregação das boas novas, transfusões de sangue, etc. Sim, as TJs possuem alguns erros, mas não são de caráter teológico. São erros em assuntos não essenciais para a relação com Deus e a salvação.
No que tange a FRATERNIDADE, as TJs possuem uma fraternidade global de irmãos e irmãs, exatamente o que lemos no Novo Testamento sobre os primitivos cristãos. As TJs são globalmente unidas em amar uns aos outros, e em cuidar uns dos outros. Grupinhos unitários desigrejados não possuem essa fraternidade. Nesses pequenos grupos de ex-TJs desigrejadas é cada um por si, fazendo o que bem desejar, e Deus por todos. Eu creio que as TJs se aproximam muito mais do verdadeiro cristianismo, apesar dos defeitos, que os grupinhos desigrejados.
'No que tange a UNIDADE, as TJs são um só povo, um só grupo global.
O fato é que se uma pessoa tentar se isolar de um grupo, ele não fará isso por muito tempo se de fato for cristão e pregar boas novas e fazer discípulo, e não deixar de se ajuntarem, sendo todos estes; mandamentos BIBLICOS.
Assim, cumprindo com estes mandamentos básicos, ele inevitavelmente irá produzir uma nova igreja ou grupo, e passará a manifestar com o tempo os mesmos problemas internos dos quais ele originalmente passou a criticar e o motivou a se afastar, logo, o afastamento inicial não é a solução.
Isso não acontecerá apenas se o suposto cristão, deixar de pregar e fazer discípulos e deixar de se ajuntar, o que já apontará que ele de fato deixou de obedecer a Jesus e nem percebeu ainda.
A teoria dos desigrejados é impossível e impraticável.
Prezado, eu não discordo de você. É justamente por isso que estou tentando consertar as coisas. Há erros teológicos sérios:
Excluir1) A transformação da "ceia do Senhor" em uma "exposição culinária" cujo nome foi alterado para "celebração da morte de Cristo". A ideia de ir a uma ceia para ficar olhando a comida é "exposição culinária", não "ceia do Senhor". A "ceia do Senhor" não mais existe entre as TJs;
2) A ideia de que há uma classe clerical designada para interpretar a Bíblia aos leigos;
3) O número expansivo de regras extra-bíblicas que são colocadas como leis;
4) A exaltação imprópria do Corpo Governante como meio de salvação que substitui ao Cristo;;
5) A destruição de vidas e famílias por causa dos excessos nas regras da desassociação;;
ETC...
Se você não acha que esses erros são relevantes, não há por que se quer trocar uma ideia sobre esses assuntos.
Que viagem, apologista.
ResponderExcluirObrigado por sua opinião.
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