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A geração que não passaria - Parte 1: Os erros do passado

 


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Contribuído por Cristão Antitípico

Os verdadeiros cristãos estão interessados na profecia bíblica. Alguns sites de inimigos das Testemunhas de Jeová (TJs) criticam duramente este grupo religioso com acusações que de fato são anticristãs, mas mascaradas com apenas “anti-TJ”; muitas dessas acusações são elaboradas com a manipulação de palavras. Por exemplo, muitos acusam as TJs de terem “profetizado” o fim do mundo várias vezes. Este é um exemplo de manipulação de palavras.

Profetizar versus interpretar a profecia

Há uma diferença entre profetizar e interpretar a profecia, e os inimigos das TJs fingem não saber a diferença entre esses conceitos porque almejam ludibriar nossos irmãos por acusar a fraternidade de ter feito “falsa profecia”.

Entretanto, “profetizar” significa que o indivíduo alega ter recebido uma revelação de Deus por meio de sonhos, visões ou inspiração profética. Exemplos de pessoas que alegaram o dom da profecia nos tempos modernos são Ellen G. White e Joseph Smith. A pessoa que profetiza profere palavras novas sobre eventos futuros que, conforme afirma, hão de acontecer. Falsas profecias ocorrem o tempo inteiro nas igrejas evangélicas, principalmente nas neopentecostais e pentecostais, tais como a igreja Assembleia de Deus; mas também ocorrem eventualmente nas igrejas da primeira onda protestante. Perdi as contas de quantas vezes ouvi batistas, presbiterianos e pentecostais dizerem: “Eu profetizo a cura dessa pessoa [que estava doente]”, e por fim a pessoa morreu no hospital. Isso não acontece entre as TJs.

O que as TJs fizeram, em contrapartida, desde os tempos de Russell, tem sido uma tentativa de interpretar a profecia. A profecia já está escrita na Bíblia e, portanto, não foram as TJs que profetizaram; nossa função é apenas entender a profecia que já está escrita, e neste processo haverá erros e acertos.

 

Tabela 1: A diferença entre “Profetizar” e “Interpretar a profecia”.

Profetizar

Interpretar a profecia

·      Informação nova

·      Informação pré-existente

·      Revelação

·      Estudo

·      Visões/sonhos

·      Orações

·      Inerrância

·      Passível de erros

·      Obscuridade

·      Clareza

·      Participação passiva (recebimento)

·      Participação ativa (busca)

 

A hipocrisia do protestantismo

Não foram apenas as TJs que erraram nas interpretações proféticas, e é aqui que se torna evidente a hipocrisia dos protestantes. Os protestantes, a saber, a Igreja Anglicana, Luterana, Metodista, Batista, Presbiteriana, Congregacional, Pentecostal, Adventista do Sétimo Dia e Assembleias de Deus, cometeram muitos erros piores que as TJs; entretanto, a turma dos “iluminados pela escuridão” parece ter uma memória bastante seletiva – eles lembram de todos os erros das TJs, mas converteram-se a um seguimento religioso (protestantismo) cujos erros são piores, apenas estão espalhados no passado.

Estes dizem: “As TJs mudaram de crença mais de 300 vezes”, mas eles mesmos agora fazem parte de um seguimento que é composto de milhares de seitas com ensinos conflitantes entre si. É verdade que as TJs mudaram muito desde 1870, mas devemos lembrar que C.T. Russell e os Estudantes da Bíblia iniciaram sua busca pelo conhecimento justamente com este propósito – crescer em conhecimento e alterar o que está errado a medida que o conhecimento aumentasse. Entretanto, tal acusação revela hipocrisia, pois o site protestante Got Questions diz sobre as divisões do protestantismo:

Embora as línguas [i.e. o “dom” de falar em línguas das igrejas pentecostais] possam ser uma questão importante na vida cristã, em nenhum sentido isso determina a autenticidade da fé em Cristo.

[...] não há intérprete infalível das Escrituras, nem há necessidade de um. Não há denominação ou igreja infalível. Mesmo depois de receber a Cristo como Salvador, ainda estamos contaminados pelo pecado. Todos nós cometemos erros. Nenhuma denominação / igreja tem uma doutrina absolutamente perfeita em todos os assuntos. A chave é esta - todos os fundamentos da fé são abundantemente claros na Palavra de Deus.[1]

Ou seja, para os protestantes, a divergência que há entre os presbiterianos e os pentecostais no que tange os dons de língua, com toda aquela gritaria maluca que ocorre nas igrejas pentecostais com plena alegação de revelação sobrenatural, não é uma diferença relevante para a verdadeira fé em Cristo, mas quando as TJs alteraram sua doutrina por causa do entendimento esclarescido da palavra staurós, de “cruz” para “estaca de tortura”, isso é geralmente dito como sendo uma prova de que as TJs são falsos cristãos. Quanta hipocrisia!

É bom estarmos informados de que o protestantismo também se renovou muito desde sua origem. Walter B. Shurden, do Centro para Estudos Batistas, escreveu:

Sendo um grupo diverso desde o início, os batistas se expressam hoje de vários modos, a ponto de que muitos que alegam ter o nome de batistas também vão negar os outros que alegam o mesmo nome! Os batistas diferem hoje - e diferiam desde o início - no que crêem, como adoram, em suas atitudes em relação a outros cristãos e em sua compreensão do que é importante no discipulado cristão.[2]

Portanto, posso garantir que nenhum seguimento religioso mudou tanto suas crenças quanto o protestantismo. Assim, é hipocrisia que os membros deste grupo lancem críticas de “falsos profetas” sobre as TJs por causa de mudanças.

O protestantismo e a geração de Mateus 24:34

O protestantismo é o seguimento religioso com maior número de possíveis interpretações para Mateus 24:34. A seguir, listo um resumo das citações dos eruditos desse seguimento:

John Gill – 1748:

Não a geração dos homens em geral. . . nem a geração, ou povo dos judeus. . .  nem a geração de cristãos. . . esta é uma prova completa e clara de que nada do que foi dito antes se relaciona com a segunda vinda de Cristo”.

Philip Schaff – 1879:

Aplicado ao Israel espiritual, [significa] a geração de verdadeiros crentes.”

Adam Clarke – 1810:

“esta raça; isto é, os judeus não deixarão de ser um povo distinto. . .”

Expositor’s Bible Commentary – 1887:

“é muito natural que a advertência prática siga o curso da própria profecia, referindo-se primeiro à destruição de Jerusalém, e passando dela para aquele grande evento do qual foi a precursora.”

William Cuninghame – 1842:

‘o abalo dos poderes políticos estão agora se cumprindo, assim acreditamos que esta mesma geração [do ano de 1835] verá a volta de Cristo.’

F.C Cook – 1878:

‘há duas aplicações, uma imediata e uma remota, para a profecia de Jesus.’

Norman Geisler – 1992:

Jesus estaria dizendo que “esta geração” que estiver vivendo a tribulação ainda estará viva no seu final.”

 Para muitos membros da Igreja Batista, a geração que vivia entre os anos de 1800-1900 presenciaria a volta de Cristo; para os batistas clássicos, “a geração” era a raça judaica e isso não se aplica à segunda volta de Cristo. Se você pesquisar o que o protestantismo já disse, desdisse e redisse sobre isso, verá mais inconsistências do que em toda a interpretação profética da história das TJs.

Edward Bickersteth, erudito protestante, em A Practical Guide to the Prophecies (1835) disse sobre os erros de interpretação profética do passado (antes de C.T. Russell):

O grande triunfo daqueles que desencorajam o estudo da profecia foram as falhas de muitos que especificaram tempos determinados. E talvez alguém pergunte: Por que Deus, que prometeu essa benção no estudo da profecia, permitiu isso? Não apenas para tornar humilde o orgulho da sabedoria humana, nem meramente para tornar os escritores proféticos mais cautelosos, mas também no que diz respeito ao seu povo, para testar sua fé no evento claramente predito, não resistindo a incerteza do tempo, e com respeito aos seus inimigos, que odeiam a ele e a sua palavra, para que eles possam tropeçar e endurecer; e assim sua iniquidade é manifesta, e a justiça divina em sua condenação eterna é deixada clara.” (p. 31)

Para Bickersteth, Deus permitiu o erro de entendimento da parte de vários instrutores cristãos, mesmo antes de C.T. Russell, para que nossa fé na profecia fosse testada e a iniquidade daqueles que não têm fé fosse manifesta; entretanto, isso não deve ser motivos para deixarmos de lado o estudo da profecia.

Conclusão

Neste artigo mostrei que há uma diferença entre “profetizar/fazer profecia” e “interpretar a profecia”. Erros de interpretação não são “falsa profecia”. Para que haja uma falsa profecia e consequentemente um falso profeta, é necessário que haja a produção de nova profecia com a alegação de uma revelação direta por meio de visões, sonhos ou inspiração profética, assim como alegou Joseph Smith.

Mostrei também que o protestantismo já errou muitas vezes na interpretação profética, e que também apresenta muitas visões conflitantes quanto ao texto de Mateus 24:34. Todavia, os protestantes ignoram os erros de seu seguimento religioso e acusam apenas as TJs de serem “falsos profetas”, quando as TJs nunca alegaram fazer profecia.

No próximo artigo mostrarei por que o entendimento atual do Corpo Governante das TJs está errado.

Contato: oapologistadaverdade@gmail.com

Os artigos deste site podem ser citados ou republicados, desde que seja citada a fonte: o site www.oapologistadaverdade.org

Comentários

  1. Quando tentaram (e agora meio que silenciaram o assunto), empurrar sobre nós a “geração sobreposta,” o desastre foi maior. Há uma linha tênue que a interpretação deveria ter mais cautela; aquela que ela solidifica uma doutrina!
    A geração passou e nada aconteceu!

    Acho as tentativas de interpretação válidas, até certo ponto.
    Será que uma variabilidade hermenêutica é aceitável? Sim. Não estou dizendo que devemos atirar a esmo para todos os lados, mas que todos os lados dever ser considerados e cobertos com cuidadosa pesquisa.

    Por exemplo, em sua obra Novo Testamento Interpretado – volume 6 – em Apocalipse 7:4, o teólogo (isto é, a visão teológica) Norman Champlin trabalha com 6 interpretações possíveis do texto; mas qual é o detalhe interessante? Ele não bate o martelo. Tem até a predileção, mas não bate o martelo. Creio que a Torre de Vigia não deveria ter certas presunções em determinadas passagens e se dignar a deixá-las em aberto sem criar expectativas desnecessárias. Ao mesmo tempo que hipocritamente (como em um estudo recente) quase que ordena os irmãos a não “especularem”; (logo ela!)

    Focar em viver uma vida cristã, sem jugos e pesos desnecessários!
    Não se aferrar em interpretações escatológicas com o único objetivo de incutir medo.

    Uma reforma urge em nossa 'amada religião'.

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    1. Cristão Antitípico10 de maio de 2023 às 12:55

      Prezado, eu concordo com praticamente tudo que você disse. Entretanto, apenas eu teria cautela para inferir que é belo ficar apresentando possibilidades sem "bater o martelo". De fato, às vezes é sábio não bater o martelo; mas por vezes é importante ter uma posição definida porque isso revela identidade - o grupo é unido e identificado por um entendimento específico, mesmo diante da possibilidade do equívoco. Eu sou a favor disso.

      Ademais, apresentar possibilidades sem bater nunca o martelo em nada é um modo de falar, mas ter uma desculpa para o erro. Não apoio isso. Sou a favor de uma opinião oficial clara para entendimentos proféticos. Entretanto, o que eu realmente reprovo é a imposição disso aos demais como se fosse imutável e eterno enquanto dura; mas que depois é anulado com a mesma facilidade como quando se joga um par de meias fora.

      Eu sou a favor de uma opinião oficial que sugere-se que seja aceita, mesmo que alguns achem que está errada, e que só pode ser alterada por concílio geral de todos os membros. O problema é que o CG impõe, desassocia quem discorda, altera, não indeniza quem foi desassociao, não responde perante a congregação, os membros do CG não perdem os cargos, não são repreendidos por ninguém, eles podem tudo sobre tudo e todos. Isso sim está errado.

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