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Somos Testemunhas de Jeová Caraítas

 



        As pessoas têm perguntado a mim (Resistência TJ) e a outros irmãos que estão em união comigo: “Afinal, de qual organização vocês fazem parte?”; ou mesmo: “Vocês são Testemunhas de Jeová?”. Afinal, quem somos? Estamos organizados? Qual é o nosso propósito? Chegou o tempo para que respostas claras sejam dadas a tais perguntas.

        É importante deixarmos claro que não somos contra as Testemunhas de Jeová (TJs) que estão em conexão com a Sociedade Torre de Vigia (STV). Não questionamos os pilares da teologia das TJs – ao contrário! A fé das TJs é a nossa fé. Nós nos identificamos como Testemunhas de Jeová Caraítas. O Dicionário de Aurélio define “caraíta” da seguinte forma:

[Do hebr. karaim, ‘leitores’, + -ita2.]

1.    Membro da seita judaica fundada no séc. VII d. C. por Anan Ben-David, e que rejeitava a estrutura do judaísmo rabínico e os ensinamentos talmúdicos, reconhecendo apenas, como autoridade religiosa, o texto das escrituras (o Antigo Testamento).

A palavra “caraíta” se refere a um “escripturalista”, isto é, alguém que rejeita tradições extrabíblicas e se apega apenas àquilo que está escrito na palavra inspirada. O cristão caraíta não aceita que homens não inspirados adicionem regras à Escritura. A seguir estão os pilares da nossa fé, a qual temos em comum com as TJs em conexão com a Torre de Vigia.

Os pilares de nossa fé

1.    O nome de Deus – Jeová. Poucos ensinos bíblicos são tão claros e absolutos quanto o ensino de que Deus tem Nome pessoal que deve ser usado e deve ser louvado. (Salmo 83:18) Apenas o Pai recebe este nome na Bíblia.

a.   Observação: Ao contrário da Torre de Vigia, não defendemos a tese de que o Nome de Deus signifique “Ele causa que venha a ser” (ou “Ele é o Criador”) – a Bíblia não apresenta esta definição para o nome de Deus em parte alguma. O nome de Deus é definido na Bíblia como “Aquele que era, que é e que vem.” (Apocalipse 1:8) Isso significa passado, presente e futuro, a saber, “Ele era, Ele é, Ele será”.

2.   A verdadeira filiação de Cristo: Defendemos que o Filho de Deus veio à Terra em forma humana e ficou conhecido pelo nome de Jesus Cristo. (Gálatas 4:4) Ele era “um deus” ao lado do Pai e já existia antes de Gênesis. (João 1:1; 1:18) Ele é o “primogênito de toda a criação”, o “princípio da criação de Deus”, logo, um ser gerado, produzido, não o Eterno. (Provérbios 8:22-30; Colossenses 1:15, 16; Apocalipse 3:14) Deus fez o mundo por intermédio desse Filho. (Hebreus 1:1-3)

3.   O espírito santo: A Bíblia não ensina que o espírito santo é uma “pessoa distinta do Pai”. A Bíblia tampouco ensina que o espírito santo é “o poder de Deus”. A Bíblia apenas ensina que o espírito santo é a inspiração profética e a força que move os servos de Deus, que guia o entendimento das Escrituras. (Salmo 51:11; João 20:22; 2 Pedro 1:21)

4.   A vida na Terra: Defendemos que a Terra se tornará um paraíso, e que os servos fiéis de Deus serão ressuscitados para viver na Terra. (Daniel 12:2; Apocalipse 20:12-15) Defendemos que a Grande Multidão sobreviverá à grande tribulação na Terra. (Apocalipse 7:14)

5.   Os 144.000: Cremos que os 144.000 são as “primícias de Deus”, os partícipes da “primeira ressurreição”, e este número se refere a cristãos especiais que enfrentaram perseguição extrema. (Apocalipse 6:11; 14:1-3; 21:4) Há forte relação bíblica entre os 144.000 e o martírio.

6.   Pregação das Boas Novas: A pregação das boas novas deve ser feita em toda a Terra. (Mateus 24:14)

a.   Observação: Não há nenhuma ordem sobre método (casa em casa, ruas, praças públicas, internet, televisão, rádio, etc). A ordem é pregar, levar o evangelho. O método usado para cumprir a esta ordem caberá a cada cristão decidir de acordo com suas circunstâncias e habilidades. A congregação pode organizar métodos efetivos de pregação em grupo, mas não tem autoridade para impedir a iniciativa individual, a qual pode ser movida pelo espírito santo. (Marcos 9:38, 39; Atos 8:26)

7.   O Reino de Deus: Cremos que o Reino de Deus é um governo real, não um sentimento. (Daniel 2:44). Este reino trará guerra aos reis da Terra. (Apocalipse 16:16)

8.   A cruz: Não apoiamos a crença de que Jesus morreu em uma cruz. Tudo que afirmamos é que as palavras gregas staurós e xýlon (respectivamente “estaca” e “madeiro”), não trazem em si mesmas a ideia clara de uma cruz. A Bíblia ensina que Jesus carregou uma staurós, e que também foi pregado numa staurós. (Mateus 27:37-40) A Bíblia não ensina que Jesus levou um patibulum ou antenna, isto é, um suposto poste reto que foi acoplado a outro poste reto, formando uma cruz - a Bíblia não nos apresenta tais informações. Segundo nos revelam as palavras usadas na Bíblia, Jesus foi pregado no próprio instrumento que ele carregou.

9.   A morte: A morte é a interrupção da vida. Os mortos dormem no pó da Terra. (Eclesiastes 9:5-10) A alma morre e será ressuscitada no Dia do Julgamento. (Ezequiel 18:4) A imortalidade é um dom dado por Deus apenas a cristãos fiéis, não uma punição dada aos infiéis. (Romanos 6:23; 1 Coríntios 15:53, 54) Não existe tormento eterno ou inferno. (João 3:16)

10.                    O Dia do Julgamento: Cremos que o “Dia do Julgamento” durará mil anos e é onde todas as pessoas que habitaram a Terra, com algumas exceções apenas, serão julgadas. (2 Pedro 3:8) Cremos que as ações delas durante o milênio determinarão se elas receberão uma ressurreição de vida (vida eterna) ou de julgamento (condenação) após os 1000 anos terem terminado. (Daniel 12:2; João 5:28, 29)

a.   Observação: Não aceitamos a ideia de que os habitantes de Sodoma e Gomorra, da era pré-diluviana, de Babilônia e de outras cidades destruídas por Deus estão na Geena – isto é, não possuem esperança de ressurreição. Jesus ensinou que os habitantes de Sodoma estarão vivos no “Dia do Julgamento” e que será “mais fácil”, isto é, “menos rigoroso”, “mais suportável” para eles do que para os habitantes de Cafarnaum, os quais também estarão vivos no milênio. (Mateus 11:20-24)

11.                     A ressurreição: Defendemos que a ressurreição de Jesus Cristo foi em espírito, não em carne. (1 Pedro 3:18, 19) Isso é próprio da vida celestial. (1 Coríntios 15:50) A Escritura diz também que Jesus subitamente apareceu, isto é, se materializou após sua ressurreição para que fosse visto por olhos humanos, assim como os anjos, que são espíritos, fizeram perante Abraão. (Gênesis 18:1-8; Salmo 104:4; Lucas 24:36-43) Na ressurreição celestial, os corpos serão etéreos, espirituais/imateriais, semelhantes ao de Jesus e aos dos anjos; na ressurreição terrestre, serão “feitos do pó”, isto é, físicos, semelhantes ao de Adão. (1 Coríntios 15:40, 42)

a.   Observação: A Bíblia não diz que Jesus tinha marcas/sinais de pregos nos pés e nas mãos após sua ressurreição. Foi Tomé quem disse que queria ver os sinais dos pregos. (João 20:25) Nada é dito em relação a Jesus mostrar “os sinais dos pregos” a Tomé. (João 20:27)

12.                    O mundo: Acreditamos que o mundo seja influenciado pelo Diabo. (Apocalipse 12:12) É dever do cristão manter-se afastado do mundo em todas as atividades que violam princípios bíblicos.

13.                    O novo pacto e ceia do Senhor: Defendemos, limitando-nos às instruções bíblicas, que a ceia do Senhor é para todos aqueles que se batizaram em dedicação a Jeová por meio da fé em Jesus Cristo. (Lucas 22:19, 20) Não há exceções apresentadas na Bíblia para a participação da ceia do Senhor, a não ser o beber e o comer sem discernir o sentido desses alimentos. (1 Coríntios 11:27-34) Defendemos que não há qualquer instrução bíblica clara que exclua os membros da Grande Multidão do novo pacto. Se algum cristão pensa não fazer parte do novo pacto, ele está em seu direito e responsabilidade caso decida não tomar da ceia do Senhor. Entretanto, não pode ser ensinado na congregação que alguns cristãos estão proibidos de tomar a ceia do Senhor, ou que a ceia não é para eles.

14.                    Sangue: Aceitamos o fato de que decreto apostólico é para todos os cristãos em todas as épocas. (Atos 15:28, 29) Não há exceções para tais leis. O sangue para uso medicinal não é apresentado como exceção à lei bíblica. Beber ou comer sangue para fins medicinais não é uma exceção ao decreto apostólico. Injetar sangue nas veias tampouco é exceção apresentada na Bíblia.

15.                    Desassociação: O homem mau deve ser expulso da congregação. (1 Coríntios 5:11-13) A excomunhão/desassociação deve estar rigorosamente limitada àquilo que é descrito claramente na Bíblia. (1 Coríntios 4:6)

16.                    Colegial/magistério: Não há nem pode haver um colegial/magistério de ensino para a congregação. O instrutor da congregação é o espírito santo. Não há ninguém designado por Deus ou por Cristo para explicar a Bíblia aos demais; isto é dever de cada cristão. Todo e cada instrutor da Bíblia é submisso à congregação; não há nenhum instrutor humano sobre a congregação. Todo instrutor deve prestar contas à congregação por seus ensinos e por suas ações. (2 Coríntios 11:4, 5)

17.                    Submissão: A congregação deve cooperar com os anciãos, a menos que haja violação de princípios bíblicos ou que a autoridade dos anciãos seja usada de forma abusiva. (Atos 5:29; Hebreus 13:7, 17) Se anciãos usarem de sua autoridade para autoglorificação, para colocar-se entre a congregação e Cristo como meios de salvação, eles poderão ser excomungados por heresia. (Tito 3:10)

18.                    Celebrações: Uma celebração é imprópria para os cristãos apenas se ela violar claramente princípios bíblicos. Um cristão pode evitar uma celebração para não ferir a consciência de outro cristão mais fraco. Entretanto, a consciência fraca não deve ser usada como padrão para que regras sejam impostas aos demais, como se os outros devessem viver para satisfazer desejos narcisistas dos que têm consciência fraca. Não cabe à congregação regulamentar as consciências dos cristãos individuais. Cada cristão prestará contas de si mesmo a Deus por agir conforme sua consciência. (Gálatas 6:1-5)

19.                    Vestimenta: Cabe à congregação determinar padrões mínimos de vestimenta segundo o costume local para as reuniões. Os irmãos devem se vestir com modéstia, isto é, de acordo com a ocasião solene. (1 Timóteo 2:9) Entretanto, não é amoroso nem próprio ter padrões que estejam além do poder aquisitivo das pessoas. A congregação não deve regulamentar as consciências dos irmãos sobre cabelos, barbas, maquiagem, adornos e coisas similares. Se regras excessivas forem criadas e irmãos forem menosprezados e destratados, isso pode resultar em formação de seita, e os que criam tais regras poderão ser excomungados. Tudo deve ser governado pelo bom senso e o respeito às decisões pessoais. Homens devem se vestir como homens; mulheres como mulheres. (1 Coríntios 11:11-16)

20.                   Educação: Não cabe à congregação determinar quanta educação os membros podem ter. Os anciãos não devem coagir nem influenciar qualquer irmão sobre suas decisões em relação aos seus estudos. Os anciãos podem apenas apresentar alternativas/possibilidades, analisá-las com os irmãos para estes consigam ter uma gama maior de opções.

21.                    Esclarecimentos de crenças: A congregação deve estar unida em um só ensino. (1 Coríntios 1:10) Não deve haver “escolas de pensamentos”, tais como há no protestantismo, a saber, “calvinistas e arminianos”, ou “pré-milenaristas, pós-milenaristas e amilenaristas”. Antes, o ensino deve ser o mesmo para todos e a partir de todos. Ainda assim, os cristãos não devem ser “papagaios”. Devem ser pensantes e capazes de ter análise crítica. Qualquer disputa deve ser analisada por concílio de toda a congregação, onde todos os lados deverão ser ouvidos e analisados, conforme Atos, capítulo 15. A congregação inteira deve participar da construção do entendimento. (Atos 15:4) Se o espírito santo mostrar a resposta do assunto por evidências claras, seguindo o modelo do livro de Atos, toda a congregação deverá aceitar a decisão e o assunto estará resolvido. Se não houver uma resposta do espírito santo é porque não chegou a hora de se obter uma resposta. A resposta do espírito santo se manifesta de forma externa. (Atos 10:44) A orientação do espírito santo não ocorre de forma secreta nas opiniões de um grupo específico de anciãos que supostamente estariam designados para impor suas decisões a todos os demais, tal qual um colegial ou magistério.

22.                   Organização: As Testemunhas de Jeová Caraítas não são uma organização, mas uma fé. Somos uma fraternidade. (1 Pedro 2:17) Você pode ser um cristão caraíta e ainda assim congregar com as Testemunhas de Jeová que estão em conexão com a Torre de Vigia. Os cristãos caraítas, entretanto, não compactuam com o que está errado, nem são submissos ao pecado e ao erro. Ser um caraíta significa que o certo é certo para todos; o errado é errado para todos. O cristão caraíta ama o próximo e também ama a verdade, não uma organização.

23.                   Os tempos dos gentios e 1914: Não nos opomos ao entendimento de que os tempos dos gentios terminaram em 1914, ou por volta daquele ano. Não nos opomos à crença de que o início do século XX (seja 1914 ou outro ano próximo) tenha sido o início da “era da consumação”, durante a qual as boas novas do reino seriam pregadas em toda a Terra. (Mateus 24:14) Reconhecemos que há bons argumentos que corroboram para tal tese. Entretanto, tampouco somos categóricos ao afirmar que tal entendimento é absoluto e inegociável em cada detalhe.

24.                   Tipos e antítipos: Entendemos que cada relato especial do antigo testamento reflete um tipo profético de uma realidade em Cristo. Um relato especial é aquele que contém elementos que causam estranhamento, linguagem profética, promessas de eternidade, referências ao “Dia de Jeová”, dentre outros pontos. Isso não significa que cada detalhe do relato seja profético, porém. Rejeitamos a crença de que a Bíblia é um livro de lições morais; rejeitamos a análise secular da Escritura.

25.                   Exatidão bíblica: Defendemos que a Bíblia é exata em todos os sentidos: teológico, histórico, cronológico, moral e científico.

a.   Observação: Reconhecemos que a Bíblia não é um livro de ciências e que tampouco usa linguagem científica. A Bíblia trata de conceitos gerais apenas, não de questões científicas detalhadas.

Os 25 pontos aqui apresentados não correspondem a todos os pontos, mas transmitem a ideia geral sobre o que significa ser uma Testemunha de Jeová Caraíta. Em resumo, o cristão caraíta/escripturalista é aquele que ama a lei de Deus e que não vai “além das coisas que estão escritas”. (Romanos 5:13; 1 Coríntios 4:6) Ser um cristão caraíta significa que não aceitamos a nenhuma regra como vinda de Deus a não ser aquelas que estão explicitamente apresentadas nas Escrituras.

Comentários

¨Dumon disse…
8. A cruz: Não apoiamos a crença de que Jesus morreu em uma cruz. Tudo que afirmamos é que as palavras gregas staurós e xýlon (respectivamente “estaca” e “madeiro”), não trazem em si mesmas a ideia clara de uma cruz. A Bíblia ensina que Jesus carregou uma staurós, e que também foi pregado numa staurós. (Mateus 27:37-40) A Bíblia não ensina que Jesus levou um patibulum ou antenna, isto é, um suposto poste, mas que foi pregado em uma cruz.Segundo nos revelam as palavras usadas na Bíblia,
Jesus foi pregado no mesmo instrumento que ele carregou.

O certo não seria: "A Bíblia não ensina que Jesus levou um patibulum ou antenna, isto é, um suposto poste HORRIZONTAL, que foi pregado EM OUTRO POSTE VERTICAL, FORMANDO uma cruz.

Da maneira que está no texto, dá a entender que estão concordando que Jesus morreu mesmo na Cruz.

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