Um leitor indagou o
seguinte:
As Testemunhas de Jeová
afirmam que o relato do Rico e do Lázaro é simbólico, sendo que um argumento
usado é o de que o Rico, estando no Hades (sepultura comum da humanidade) não
poderia estar consciente e conversando com o Lázaro. No entanto, Isaías 14:3-23
apresenta uma conversa entre os reis mortos e o rei de Babilônia quando este
cai no Seol (Hades). (Ler os versículos 9 e 10, 15-18). Seria também uma figura
de linguagem?
Resposta:
O fato é que existem
diversas figuras e recursos de linguagem, como símile, metáfora, hipérbole,
prosopopeia, pleonasmo, antítese, metonímia etc. O ponto alto é identificar as
figuras usadas nas passagens bíblicas. No caso da parábola do rico e Lázaro,
existem algumas considerações nesse respeito.
Conforme sabemos, o
Seol-Hades (a sepultura comum da humanidade) é o lugar que se encontra no solo
da terra, abaixo da superfície. (Números 16:31-33; veja também o Apêndice
da Tradução do Novo Mundo, p. 1514.) Assim, por semântica (estudo da
evolução do sentido das palavras através do tempo e do espaço) Seol (Hades)
passou a representar figuradamente uma condição de rebaixamento profundo (Mateus
11:23; Jó 11:7, 8; Estudo Perspicaz das Escrituras, volume 2, p.
278). Esse evidentemente é o sentido usado na parábola do rico e Lázaro. Estudo
Perspicaz (volume 2, p. 278) declara:
O “rico” da parábola é
mencionado como “enterrado” no Hades, o que fornece evidência adicional de que
o Hades se refere à sepultura comum da humanidade.
Mas, nessa parábola, o
Hades é usado em sentido figurado – de condição de rebaixamento. Ou seja, há
uma realidade – a sepultura comum da humanidade – usada em sentido figurado,
como ocorre em Romanos 6:7, 23. O “rico” (pessoa de posição social
plutocrática) é uma realidade neste sistema de coisas, usada para representar a
opulenta e dominadora classe clerical dos judeus. (Lu 16:14, 15) “Lázaro” é um
nome próprio real usados para humanos, que provavelmente é a forma grega do
nome hebraico “Eleazar”, que significa “Deus Ajudou” (Estudo Perspicaz,
vol. 2, p. 666). Assim, a escolha, por parte de Jesus, desse nome
para representar o povo comum oprimido e espiritualmente faminto pelo visto se
deve a seu significado etimológico, para representar a ajuda dada por Deus
mediante Cristo a esse povo. (Mateus 9:36) A morte – um evento real – também
foi usada em sentido ilustrativo, de mudança de condição. – Efésios 2:1, 5.
Portanto, a conversa
envolvida na parábola, da parte do “rico”, é um claro exemplo de prosopopeia.
Segundo o Dicionário Michaelis, prosopopeia é definida como “figura
pela qual se atribui qualidade ou sensibilidade humana a um ser inanimado e se
fazem falar as pessoas ausentes e até os mortos.” (Negrito
acrescentado.) A mesma figura da prosopopeia se aplica à passagem de Isaías
14:3-23.
Veja também o artigo “O Rico e Lázaro – história real ou parábola?”.
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