Fonte: jw.org
O objetivo
deste artigo não é refutar cada versículo apresentado por trinitaristas como
alegada prova da doutrina da Trindade. Ao invés disso, esta matéria apresenta
de forma direta e positiva o conceito das Escrituras Gregas, o chamado “Novo
Testamento”, sobre a identidade de Deus, bem como sobre a identificação de
Jesus e do “Espírito Santo”.
O artigo
anterior focou as duas características básicas da crença trinitarista – a
existência de três pessoas em um só Deus e a coigualdade entre elas de glória,
poder, autoridade e eternidade. Portanto, o primeiro aspecto desse dogma
depende da personalidade do espírito santo. Diante disso, perguntamos:
O que o “Novo
Testamento” revela sobre o espírito santo?
Ao explicar
à virgem judia Maria como se daria o nascimento milagroso de Jesus, o anjo
Gabriel disse: “Espírito santo virá sobre ti e poder do Altíssimo te encobrirá.”
(Lucas 1:35) Sendo israelita, Maria possuía o conceito judaico sobre o espírito
santo exposto nas Escrituras Hebraicas – como sendo algo, uma força impessoal.
Que o mesmo conceito predominou pode ser visto pelo paralelo entre “espírito
santo” e “poder do Altíssimo”. [1] Ademais, antes disso, o mesmo anjo
havia dito a Zacarias que João Batista seria “cheio de espírito santo desde a
madre de sua mãe”. (Lucas 1:15) Tal descrição mantém o mesmo conceito afirmado
no “Velho Testamento” sobre a impessoalidade do espírito santo. O próprio Jesus
Cristo atestou o caráter impessoal do espírito santo, ao comparar esse espírito
com o “dedo de Deus”. – Mateus 12:28; Lucas 11:20.
Tais textos,
por si só, mostram a alguém sem preconceitos que o conceito da primeira parte
da Bíblia sobre o espírito santo foi mantido. Adicionalmente, isso explica por
que, em muitos textos, o espírito santo não é mencionado junto com o Pai e o
Filho. (Veja João 8:17, 18; 10:30; 17:3, 20-22; Apocalipse 7:10; 4:9; 5:3, 5,
7; 22:1, 3; Efésios 5:5; 1 João 1:3) Especialmente digno de nota é o texto de
João 8:17, 18, onde Jesus evoca a si mesmo e a seu Pai como sendo testemunhas
de que ele é o Enviado de Deus. Jesus fez isso com base na Lei mosaica, que
declara: “O assunto deve ficar de pé pela boca de duas testemunhas ou pela boca
de três testemunhas.” (Deuteronômio 19:15) Por que Jesus não apresentou o Pai e
o espírito santo como testemunhas à parte dele, os quais, junto com
ele, constituiriam três testemunhas? Isso por certo daria mais
peso ainda à sua afirmação. O contexto geral da Bíblia responde: Porque o
espírito santo não é uma pessoa.
Prova
adicional disso é que tal espírito é mencionado como dando testemunho, mas não
junto com pessoas e sim com coisas impessoais, como a “água” e o “sangue”. (1
João 5:5-8) De fato, diversos textos alistam o espírito santo com coisas
impessoais. (Mateus 3:11; Atos 6:5; 11:24; 13:52; 2 Coríntios 6:4-6; Efésios
5:18) Outrossim, as mesmas expressões usadas para o espírito santo nas
Escrituras Hebraicas, bem como expressões similares, de caráter igualmente
impessoal, são também usadas nas Escrituras Gregas Cristãs. Segundo esta última
coleção, o espírito também pode ser derramado (Atos 2:17; 10:45), distribuído
(Hebreus 2:4) e até soprado.[2] – João 20:22.
Todo esse
coerente e uniforme conjunto de evidências atesta cristalinamente a
impessoalidade do espírito santo, reiterando o mesmo conceito das Escrituras
Hebraicas, e provando além de qualquer contestação que a alegação trinitária de
três pessoas em um só Deus não tem respaldo nas Escrituras Sagradas.
Mas, que
dizer do Filho? Será que ele é apresentado no “Novo Testamento” como constituindo,
junto com o Pai, um só Deus, formando assim uma dualidade de iguais?
O que o “Novo
Testamento” revela sobre o Filho?
As
Escrituras Hebraicas mencionam o Filho de forma discreta. Como sabedoria
personificada, ele é descrito como alguém ‘produzido’ por Jeová “como princípio
do seu caminho”, como “mestre-de-obras”, que participou junto como o Pai no
período da criação, e como “aquele de quem ele [Jeová] gostava especialmente”.
(Provérbios 8:22, 30) Tal descrição evidentemente indica ausência de
coigualdade em glória, poder, autoridade e eternidade. Será que o “Novo
Testamento” mudaria esse quadro?
Positivamente
não! As Escrituras Gregas Cristãs, de forma coerente e harmoniosa com as
Escrituras Hebraicas, descrevem igualmente o Filho como alguém ‘produzido’ por
Deus, em expressões tais como “o primogênito de toda a criação” e “o princípio
da criação de Deus”. (Colossenses 1:15; Apocalipse 3:14) Confirmando o papel do
Filho como “mestre-de-obras”, tais Escrituras fazem alusão à participação do
Filho no período da criação, não como Autor dela, mas como intermediário. (João
1:3, 10; Hebreus 1:2; Colossenses 1:16, 17; 1 Coríntios 8:6) É, pois, evidente
que tais fatos não deixam margem para qualquer suposta coigualdade entre o
Filho e o Pai.
Com efeito,
o inteiro “Novo Testamento” descreve o Filho como subordinado e inferior ao
Pai. Ele é menor que o Pai, sendo aludido como “servo” de Deus (João 14:28;
Atos 4:30; 1 Coríntios 11:3); ele não exerce sua própria vontade, mas a do Pai
(João 5:30; 6:38); ele não fala de si mesmo, mas somente o que o Pai o mandou
falar (João 8:26; 12:49). Tudo, inclusive a própria vida, ele recebeu do Pai.
(João 3:35; 5:26, 27; 6:57; Mateus 28:18) O conhecimento do Filho é limitado em
relação ao do Pai (Mat. 24:36; Apocalipse 1:1; 1 Coríntios 2:16). O Filho é
herdeiro do Pai (Romanos 8:17). O Pai é Deus do Filho.[3] – 1 Coríntios
15:24; Efésios 1:17; Apocalipse 3:2, 12.
Portanto, em
harmonia com o quadro de subordinação e inferioridade do Filho em relação ao
Pai, apresentado nas Escrituras Cristãs, as alusões ao Filho como “deus” o
tornam “um deus” menor e sujeito ao Pai. Assim, a tradução indefinida de João
1:1c não é só gramaticalmente possível, como também é contextualmente
correta.[4]
Como é
maravilhoso saber a verdade a respeito de Deus! Longe de ser uma misteriosa
Trindade ou de ser uma dualidade de iguais, a Bíblia inteira harmoniosamente o
revela como sendo uma única Pessoa, com nome próprio, gênero e personalidade.
(Salmo 83:18; Êxodo 34:6) Ele possui um Filho muito especial, sua primeira
criação e seu principal representante, que foi enviado à Terra para vindicar
Sua Soberania e resgatar a humanidade obediente do pecado e da morte adâmicos.
(João 3:16, 36; 14:31; 1 João 3:8) E ele usa seu espírito santo, a energia que
dele emana, para realizar Sua vontade e beneficiar Seus servos. (Salmo 33:6;
143:10) Por aceitarmos tais cristalinas verdades da Palavra de Deus e vivermos
em harmonia com elas, podemos entrar numa relação achegada com Jeová, pois
Jesus declarou: “Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai com espírito e
verdade, pois, deveras, o Pai está procurando a tais para o adorarem.” – João
4:23.
Notas:
[1] Estritamente
falando, espírito santo não é poder, mas força. Poder é energia concentrada, ao
passo que força é energia liberada, em operação. Podemos ilustrar a diferença
com a bateria carregada de um carro. Ela tem poder para fazer
o veículo funcionar. Mas, quando se dá a partida, ela libera força ou
corrente elétrica. O ponto em questão é que força e poder são termos
semelhantes e expressam características, e não personalidade.
[2] Os
casos de personificação do espírito santo são considerados no artigo Personificação prova personalidade? No entanto,
em antecipação à leitura do referido artigo, podemos sublinhar que, uma vez que
a Bíblia não se contradiz, a personificação do espírito não poderia provar sua
alegada personalidade. Ademais, textos tais como Mateus 28:19, 1 Coríntios
12:4-6 e 2 Coríntios 13:13 também precisam ser entendidos à luz do conceito
bíblico, de que tal espírito não é uma pessoa.
[3] Assim,
textos bíblicos tais como João 10:30, João 20:28, Filipenses 2:6, Tito 2:13, e
outros, devem ser entendidos em harmonia com a clara verdade apresentada no “Novo
Testamento”, de subordinação e inferioridade do Filho em relação ao Pai.
[4] A
tradução qualitativa de João 1:1c, fazendo o texto rezar “a Palavra era divina”,
tem de ser entendida dentro do quadro de subordinação e inferioridade do Filho
exposto no “Novo Testamento”. Portanto, ser a Palavra “divina” não implicaria
coigualdade, mas apenas ressaltaria sua natureza, do mesmo modo que ser alguém “humano”
não o torna coigual a outro humano; apenas destaca a sua natureza. No entanto,
a tradução indefinida (“um deus”) preserva a palavra usada no texto – theós (“deus”;
a palavra “divino” é theíos). Ademais,
a tradução “um deus” destaca tanto a natureza como a individualidade da
Palavra, sendo, portanto, semanticamente mais abrangente. Assim, a tradução “um
deus” é gramaticalmente correta, é textualmente preservadora, é contextualmente
certa e biblicamente exata.
A menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da
Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, publicada
pelas Testemunhas de Jeová.
Contato: oapologistadaverdade@gmail.com
Os artigos deste site podem ser citados ou
republicados, desde que seja citada a fonte: o site www.oapologistadaverdade.org
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𝐄𝐒𝐓𝐄 É 𝐔𝐌 𝐒𝐈𝐓𝐄 𝐃𝐄 𝐍Í𝐕𝐄𝐋 𝐀𝐂𝐀𝐃Ê𝐌𝐈𝐂𝐎. 𝐀𝐎 𝐂𝐎𝐌𝐄𝐍𝐓𝐀𝐑, 𝐔𝐒𝐄 𝐋𝐈𝐍𝐆𝐔𝐀𝐆𝐄𝐌 𝐀𝐂𝐀𝐃Ê𝐌𝐈𝐂𝐀, 𝐒𝐄𝐌 𝐈𝐍𝐒𝐔𝐋𝐓𝐎𝐒, 𝐒𝐄𝐌 𝐏𝐀𝐋𝐀𝐕𝐑𝐀𝐒 𝐃𝐄 𝐁𝐀𝐈𝐗𝐎 𝐂𝐀𝐋Ã𝐎. 𝐍Ã𝐎 𝐑𝐄𝐏𝐈𝐓𝐀 𝐎𝐒 𝐀𝐑𝐆𝐔𝐌𝐄𝐍𝐓𝐎𝐒 𝐑𝐄𝐁𝐀𝐓𝐈𝐃𝐎𝐒, 𝐍Ã𝐎 𝐃𝐄𝐒𝐕𝐈𝐄 𝐃𝐎 𝐀𝐒𝐒𝐔𝐍𝐓𝐎. 𝐒𝐄 𝐄𝐒𝐓𝐀𝐒 𝐑𝐄𝐆𝐑𝐀𝐒 𝐍Ã𝐎 𝐅𝐎𝐑𝐄𝐌 𝐂𝐔𝐌𝐏𝐑𝐈𝐃𝐀𝐒, 𝐒𝐄𝐔 𝐂𝐎𝐌𝐄𝐍𝐓Á𝐑𝐈𝐎 𝐒𝐄𝐑Á 𝐑𝐄𝐏𝐑𝐎𝐕𝐀𝐃𝐎.