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Dissertação homilética sobre o conceito bíblico em relação ao sangue

    As Testemunhas de Jeová Caraítas (TJC)[1] reconhecem que cada pessoa tem a liberdade para crer no que bem desejar e para escolher o tratamento médico que lhe pareça se harmonizar com suas crenças religiosas. Todavia, nem todas as pessoas e religiões concordam com isso. Muitas pessoas religiosas pensam que, se uma TJC opta por um tratamento sem sangue, ela é pecadora. Para tais, as TJC devem aceitar, sem questionar, o tratamento que o médico prescrever, e não deve haver opções nem diálogos quanto a optar sobre tratamento sem sangue. Caso uma TJC opte por um tratamento sem sangue, as outras religiões lançarão duras críticas e pesados julgamentos sobre ela.

Poucas doutrinas nas religiões de viés cristão são tão controversas quanto a posição das TJC sobre o uso de sangue em tratamentos médicos. Essa doutrina é praticamente exclusiva das TJC e das TJ-STV (Testemunhas de Jeová em conexão com a Sociedade Torre de Vigia), e revela apreço pela lei de Deus. A benção de Jeová Deus sobre esse posicionamento é também um identificador do povo do Altíssimo.

A criação de Deus foi, pelo menos em sua maioria, vegetariana. (Gênesis 1:30) Isso incluía o ser humano.  (Gênesis 1:29) Após o dilúvio, porém, Deus abriu a oportunidade para que o ser humano consumisse carne e, ao que tudo indica, gradativamente os animais desenvolveram a mesma dieta alimentar. “Somente a carne com a sua alma — seu sangue — não deveis comer”, diz Gênesis 9:4. Essa lei tem a ver com a vida – a alma – e por isso transcende a lei mosaica, a qual ordenou:

(Deuteronômio 12:23) 23 Apenas toma a firme resolução de não comer o sangue, porque o sangue é a alma e não deves comer a alma junto com a carne.

  Quando Jesus morreu, a lei mosaica foi abolida. (Romanos 10:4) Significava isso que os cristãos estariam livres para comer sangue?

 

O decreto apostólico

  Os cristãos estavam com um dilema no primeiro século. A lei mosaica prescrevia a circuncisão: “No oitavo dia, o prepúcio dele será circuncidado”, diz Levítico 12:3. Contudo, visto que a lei havia sido pregada na estaca com Cristo, e que vários gentios incircuncisos estavam aceitando o Cristianismo, deveriam estes ser circuncidados a fim de ter a aprovação de Jeová? Muitos judeus achavam que sim, mas o espírito santo ensinou outra coisa. (Atos 15:1)

Os 12 apóstolos convidaram os anciãos de Jerusalém para resolver essa questão. Porém, quem decidiu foi o espírito santo, não eles, e o resultado foi que o espírito santo – não um “corpo governante” – mostrara que não era necessário que um gentio tivesse de primeiro ser circuncidado para somente então receber o espírito santo. Contudo, será que toda a lei mosaica era também desnecessária? E quanto à adoração de ídolos? E o sábado? E o sexo fora do casamento (fornicação)? E o sangue? E as demais ordenanças da lei?

 

A santidade da vida

Uma lei é baseada em um ou mais princípios, que são verdades fundamentais. Toda a lei mosaica foi abolida, mas há um princípio que transcende a lei mosaica: a santidade da vida. Os apóstolos e os anciãos pesquisaram a Escritura e determinaram, sob orientação do espírito santo, que as leis que retratam o valor da vida são eternas e imutáveis. Quatro leis específicas foram decretadas pela igreja primitiva sob a orientação do espírito santo. Os cristãos deveriam abster-se de:

1.   Coisas sacrificadas a ídolos;

2.   Fornicação (imoralidade sexual, sexo ilícito);

3.   Carnes estranguladas (não sangradas);

4.   Sangue;

Conforme falei, essas quatro leis retratam algo em comum: O valor da vida. Doravante, disserto sobre a relação entre a vida e o sangue:

1.   Por que sacrificar animais a ídolos é um desrespeito à vida? Toda a vida é sagrada. O ídolo não é nada, mas aqueles que sacrificam coisas a ídolos, “sacrificam a demônios”. (1 Coríntios 10:20) Em vista disso, os cristãos não devem sacrificar nada a ídolos, nem participar de cerimônias onde isso está acontecendo. Sacrificar um animal a um ídolo é um desrespeito para com o animal. Se, entretanto, a carne que outrora havia sido sacrificada a ídolos, for vendida para consumo no açougue, o cristão está liberado para comê-la, mas deve tomar cuidado para não fazer outro cristão tropeçar. (1 Coríntios 10:25)

2.  Por que a fornicação é um desrespeito à vida? As relações sexuais entre um homem e uma mulher geram outra vida humana. Jeová sabe que o melhor ambiente para o desenvolvimento espiritual, intelectual e moral de uma criança é a família. Crianças sem pai, ou que são fruto de adultério, são privadas do ambiente propício para seu desenvolvimento saudável e puro. Por tal razão, a fornicação (imoralidade sexual) é um desrespeito à vida. De forma similar, quando pessoas do mesmo sexo mantém relações sexuais, isso vai “contra natureza” humana, e isso é um desrespeito à vida. (Judas 7)

3.  Por que ingerir carne estrangulada é um desrespeito à vida? O sangue representa a vida e é sagrado. Ao abater um animal, Deus ordenou que o sangue desse fosse derramado, simbolizando assim a devolução da vida ao Criador. Portanto, o cristão, ao abater um animal, deve sangrá-lo, simbolicamente devolvendo a vida ao Criador e honrando a vida que foi tirada.

4.  Por que fazer uso de sangue é um desrespeito à vida? Conforme explicado, o sangue representa a vida e é sagrado. Diferente do ponto anterior, o sangue como líquido agora é o foco da proibição, não apenas a carne estrangulada que retém esse sangue. Assim, o cristão deve se abster de sangue. Do contrário, ele desrespeitará o símbolo da vida.

 

A confissão de Augsburgo

As TJC ensinam com razão que um dos sinais identificadores do verdadeiro cristianismo é ‘aceitar toda a Bíblia como inspirada por Deus’.[2] Se perguntássemos a qualquer igreja protestante se seus membros acreditam que toda a Bíblia é inspirada por Deus, eles naturalmente diriam que sim. Porém, a Confissão de Augsburgo, que é um documento central na reforma protestante, contém uma clara negação da Bíblia, conforme mostrarei a seguir.

Os apóstolos ordenaram abstenção do sangue e do sufocado. Mas quem observa isso hoje em dia? E, contudo, não pecam os que não o observam, porque os próprios apóstolos não quiseram onerar as consciências com tal escravidão, mas apenas o proibiram por algum tempo, a fim de evitar escândalo. Pois nessa ordenação é preciso atentar no artigo principal da doutrina cristã, que não é ab-rogado por esse decreto.

Quase nenhum dos cânones antigos é observado tal qual reza. E diariamente muitas das ordenações se tornam obsoletas, mesmo entre aqueles que observam essas ordenações de maneira diligentíssima. Não se pode aconselhar nem auxiliar as consciências onde não se observa essa mitigação, para sabermos observar essas ordenações de maneira que não as tenhamos por necessárias, cientes também de que as consciências não são feridas, ainda que desapareçam tais ordenações.[3]

As palavras supracitadas são um sacrilégio. Será que esse foi um “pequeno erro” do passado no protestantismo? Não. Até este dia muitos protestantes ainda negam a Escritura Sagrada na passagem de Atos. Isso revela que esses não aceitam que toda a Bíblia é inspirada por Deus. As palavras da Confissão de Augsburgo não possuem base bíblica alguma, e eu mostrarei a seguir por que afirmo isso.

A decisão dos apóstolos e dos anciãos foi colocada por Lutero em uma espécie de categoria de “leis que não os cristãos não precisam seguir.” Nenhuma evidência bíblica é dada para a alegação de que as leis foram dadas “a fim de evitar escândalo” e de que foram dadas “por algum tempo” e depois foram abolidas. Isto é um sacrilégio. Mas vou considerar dois argumentos posteriormente inventados por protestantes para encobrir a heresia de Lutero.

O primeiro argumento é que ‘essas leis foram dadas apenas aos cristãos das nações e não eram obrigatórias para os cristãos de ascendência judaica’. Nada disso é dito na Bíblia. Essa é uma interpretação descabida. É ir “além das coisas que estão escritas”. (1 Coríntios 4:6) Eu concordo que eram os cristãos das nações o foco das discussões, e que a razão disso era que os cristãos de Antioquia haviam levantado a questão da circuncisão. Porém, se alguém argumentar que as leis se referem apenas aos cristãos das nações, deveríamos logicamente restringir tal aplicação apenas aos cristãos em Antioquia, visto que a carta lhes fora endereçada (versículo 23). No entanto, Atos 16:4 mostra que Paulo e Timóteo visitaram diferentes congregações cristãs, e “eles entregavam a eles por observância os decretos que haviam sido decididos pelos apóstolos e anciãos que estavam em Jerusalém”. E quem foram os objetos dessa carta? A palavra grega autois (“eles”), plural dativo masculino, é usada. Portanto, todos em cada congregação deveriam guardar esses decretos. E nas congregações havia judeus e cristãos das nações, como Atos 16:3 indica.

O argumento feito por muitos protestantes é de que o decreto apostólico ‘apenas instruía os gentios a obedecer temporariamente a lei de Moisés para não ofender os judeus’. Isso é absurdo. Será que os cristãos gentios deveriam “abster-se de fornicação” só por um tempo, a fim de não ofender os judeus, mas depois poderiam voltar a fornicar? O mais absurdo é que isso não apenas foi defendido no passado, mas até hoje é defendido em grande parte do herético protestantismo.

Outro argumento usado por mutios protestantes que negam a Escritura é de que as quatro leis seriam válidas ‘apenas por um curto período de tempo’. Isso se baseia nas palavras de Paulo sobre sacrifícios a ídolos em 1 Coríntios, capítulos 8 e 10: As carnes de animais sacrificados a ídolos poderiam ser ingeridas se ninguém fosse ofendido (1 Coríntios 10:25), e isso supostamente mostraria que o mandamento contra coisas sacrificadas aos ídolos não era mais válido.

Todavia, o contexto mostra que esse argumento é resultado de uma fraca interpretação. Em Corinto havia templos para ídolos. Animais eram abatidos e partes de cada animal eram oferecidas aos ídolos, e outras partes eram comidas por adoradores de ídolos que jantavam nos templos dos ídolos. Após a oferta e a ingestão no templo do ídolo, ainda sobrava muita carne, e essa carne era vendida no dia seguinte no açougue. Portanto, a questão era se os cristãos podiam comprar as carnes de animais que no dia anterior haviam sido sacrificadas aos ídolos. Essa era uma decisão que cada cristão teria de tomar, de acordo com Paulo. Mas comer no templo do ídolo seria pecado, de acordo com o que Paulo diz em 1 Coríntios 10:18–21:

Não são participantes com o altar os que comem dos sacrifícios? . . . digo que o que as nações sacrificam, elas sacrificam a demônios, e não a Deus. E eu não quero que vocês se tornem participantes de nada com os demônios. 21 Vocês não podem beber o cálice de Jeová e o cálice de demônios; não podem participar da “mesa de Jeová” e da mesa de demônios.

Isso mostra que o mandamento contra o consumo de carne oferecida aos ídolos ainda estava em vigor. Muitos anos depois que as cartas aos coríntios foram escritas, João escreveu: “Guardai-vos dos ídolos”. (1 João 5:21) Portanto, o mandamento da reunião em Jerusalém em 49 EC ainda era válido.

Em resposta, um argumento é disparado contra nós, e tal será abordado agora e provado falso. Alguns argumentam que a expressão “carnes sacrificadas a ídolos” usada por Paulo em 1 Coríntios 8:4, 7 é a mesma usada pelos apóstolos em Atos 15:29, e que isso significaria que não existe essa dicotomia de “carne no açougue” que é liberada aos cristãos, e “carne no templo” que é proibida. Entretanto, se este argumento se propõe a invalidar o decreto apostólico, ele é muito fraco. A expressão usada nas passagens é eidolóthyton, e significa literalmente “uma imagem-sacrifício”. Significa isso que Paulo estaria “flexibilizando” ou ainda “anulando” o decreto apostólico? De forma alguma. O que Paulo estava ensinando é justamente o que ele de fato disse: Comam de tudo o que se vende no açougue, sem fazer perguntas por causa da sua consciência. . .” (1 Coríntios 10:25) Paulo também disse: “Portanto, meus amados, fujam da idolatria.” (1 Coríntios 10:14) Por que é que Paulo concluiu sua dissertação com a frase “fujam da idolatria” se ele estivesse anulando o decreto apostólico que justamente proibia a idolatria por comer de carnes sacrificadas a ídolos? Isso mostra que não é relevante se Paulo usou a mesma expressão de Atos 15:29, pois as referências dos dois casos são distintas. E um ponto que prova isso é os textos de Apocalipse 2:14; 20, 21:

(Apocalipse 2:14) 14 “‘Não obstante, tenho algumas coisas contra ti, que tens aí os que se apegam ao ensino de Balaão, o qual foi ensinar a Balaque a pôr uma pedra de tropeço diante dos filhos de Israel, para que comessem de coisas sacrificadas a ídolos e cometessem fornicação.

(Apocalipse 2:20, 21) 20 “‘Não obstante, tenho contra ti que toleras aquela mulher Jezabel, que se chama profetisa, e ela ensina e desencaminha os meus escravos para cometerem fornicação e para comerem coisas sacrificadas a ídolos. 21 E eu lhe dei tempo para se arrepender, mas ela não está disposta a arrepender-se da sua fornicação.

Se o decreto apostólico fora “flexibilizado” por Paulo em 1 Coríntios 8-10, por que é que Jesus Cristo condenou “comer carnes sacrificadas a ídolos” em Apocalipse? A resposta é que o decreto apostólico não fora anulado por Paulo, mas Paulo falava da carne vendida no açougue.

Também devemos ter em mente que um dos quatro mandamentos era contra uma porneia, que se refere a relações sexuais ilícitas. Essa lei é mencionada muitas vezes em livros diferentes no NT, e muitos protestantes aceitam que essa lei ainda é válida. É inconsistente argumentar que duas das leis da reunião em 49 EC ainda são válidas, mas outras duas foram dadas por um tempo para que os judeus não se ofendessem. Portanto, as palavras da Confissão de Augsburgo são, não apenas uma negação da Bíblia, mas uma mentira muito mal elaborada. Ademais, se olharmos para o ponto que dissertei anteriormente, essas quatro leis retratam o valor da vida, e esse é um princípio eterno, não temporário.

A partir de agora analisarei todas as objeções que já ouvi quanto à posição das TJs sobre transfusões de sangue.

 

As objeções mais comuns

 A. “A Bíblia proíbe ingerir, não injetar sangue”

O foco dessa objeção é o método, não o propósito. Quando se argumenta que “a Bíblia não proíbe o uso de sangue para tratamento médico”, o foco da objeção está no propósito do uso do sangue; mas quando se argumenta que a Bíblia “proíbe ingerir, não injetar, o foco da objeção está no método. Nesse tópico ainda não vou tratar do dilema sangue para dieta alimentar versus sangue para tratamento médico, que é a objeção do propósito; mas vou mostrar porque o dilema ingerir versus injetar é descabido.

O sangue representa a vida, que por direito pertence a Deus. O foco da proibição quanto ao uso do sangue não está em um método, mas no sangue. Portanto, não faz sentido alterar o método e achar que driblou a lei. Na verdade, experimentos com transfusões de sangue já tinham começado no século 16. Thomas Bartholin (1616-80), professor de anatomia na Universidade de Copenhague, Dinamarca, protestou:


‘Os que introduzem o uso de sangue humano como remédio de uso interno para doenças parecem estar abusando dele e pecando gravemente. Os canibais são condenados. Então, por que não abominamos os que mancham sua goela com sangue humano? Algo similar é receber duma veia cortada sangue estranho, quer por via oral, quer por meio de transfusão. Os autores desta operação ficam sujeitos ao terror pela lei divina, pela qual se proíbe comer sangue.’ [4]

Bartholin entendeu que o método não altera a santidade do sangue, e não viu diferença alguma entre ingerir e injetar. Ele concluiu:

Ambas as formas de se tomar [sangue] visam um só e único propósito, o de que, por meio deste sangue, um corpo enfermo possa ser nutrido ou restaurado [à saúde].[5]


Lembro-me de que quando eu era apenas estudante da Bíblia com as Testemunhas de Jeová em conexão com a Torre de Vigia e minha instrutora argumentou comigo: “Se você é um paciente num hospital e está impossibilitado de se hidratar de forma oral, por onde te colocam soro?”. Eu respondi: “Na veia.” Naquele momento eu entendi que Deus não está proibindo um método, mas algo: o sangue. Portanto, não importa por qual orifício corpóreo o sangue entre no corpo de alguém, ele ainda representa a vida e é sagrado, conforme defendeu Bartholin.

   Por exemplo, se alguém enfiar uma sonda de borracha em meu nariz, posicioná-la no meu estômago e colocar sangue em mim, eu ainda estarei pecando contra a lei de Deus. De forma similar, quando o trato digestivo não consegue absorver adequadamente os nutrientes, tal como ocorre em distúrbios graves de má absorção, o paciente deve ser alimentado de forma intravenosa. De forma similar, será que alguém afirmaria que, visto que o método foi mudado, o sangue que entrou pelas veias não é mais sagrado? Isso chega a ser absurdo. O sangue continua sendo sagrado, não importa o método pelo qual alguém o introduza no corpo.

  O foco da proibição não está em um método que é proibido, mas em algo que é proibido não importa o método. Portanto, a objeção embasada no método é descabida e não pode ser aceita.

 

B. “O sangue proibido é o de animais, não o humano.”

Essa objeção é ainda mais descabida que a primeira e uma tentativa de driblar a clara lei bíblica. É verdade que todos os casos em que a proibição de comer sangue era citada sempre se tinha em mente o sangue de animais, pois o canibalismo sempre foi repudiado. Porém, não há base alguma para que se argumente que o sangue humano poderia ser comido. Isso é vampirismo, é repulsivo. Nenhum servo de Deus tanto da era cristã quanto pré-cristã jamais entendeu que “comer sangue humano” era uma exceção à lei do sangue.

   O sangue representa a vida e é sagrado. O sangue animal representa a vida animal; o sangue humano, a vida humana. Portanto, o sangue humano também é sagrado. Aqui faço um argumento a fortiori: se o sangue animal não pode ser ingerido por ser sagrado, com muito mais razão a lei bíblica se aplica ao sangue humano.

Nenhum servo de Deus tanto da era cristã quanto pré-cristã jamais entendeu que “comer sangue humano” era uma exceção à lei do sangue. O vampirismo não tem base bíblica.

 

C. “O sangue proibido é apenas o do animal morto”

       Em resumo, alguns argumentam que o sangue não é sagrado e não representa, por si só, a vida; mas o sangue apenas representa a vida e apenas é sagrado se o animal/ser humano for abatido para que o sangue seja retirado dele. Nesse raciocínio, o sangue não tem santidade alguma, mas apenas a vida do animal morto é sagrada.

Porém, não há nada na Bíblia que indique que o sangue de um animal vivo poderia ser ingerido. A Bíblia não diz em parte alguma que os servos de Deus poderiam comer sangue de animais vivos, tampouco de seres humanos vivos. Albert Barnes, erudito protestante, explicou sobre o costume de beber sangue:

O uso de sangue era comum entre os gentios. Eles o bebiam frequentemente em seus sacrifícios, e ao fazer pactos e acordos.[6]

É verdade que sempre que se fala de “não comer sangue” menciona-se também a morte do animal como alimento, pois era essa a ocasião comum em que os seres humanos viriam a ter contato com sangue de uma alma. Porém, não há nada que se quer indique que o servo de Deus poderia retirar uma certa quantidade do sangue de um animal vivo e ingeri-la, visto que “o animal ainda estava vivo”. Em conclusão, essa objeção é descabida e não possui base bíblica.

Comer sangue é pecado, ainda que seja o sangue de um animal vivo ou de um ser humano vivo (vampirismo).

 

D.                   “A realidade é maior que o símbolo.”

O seguinte argumento já foi proposto por opositores das TJs:

O sangue é símbolo da vida; ele simboliza uma realidade: a vida. O que é maior – o símbolo (que é o sangue) ou a realidade que ele simboliza (a vida)? Quando deixamos uma pessoa no hospital morrer para preservar o símbolo da vida (o sangue), não estamos na realidade dando mais valor para o símbolo (o sangue) do que para a realidade que ele simboliza (a vida)? É como um marido que tem uma esposa: a aliança de casamento dele é um símbolo do estado de casado dele. É como se ele optasse por salvar a aliança em vez de sua esposa, se tivesse de escolher entre ela e sua aliança.

Há alguns erros nesse raciocínio. Em primeiro lugar, a expressão ‘deixar morrer’ é falsa. Quando alguém se recusa a usar sangue para fins medicinais, ele está exercendo seu direito de escolher tratamento médico de qualidade isento de sangue e dos potenciais efeitos colaterais advindos do tratamento hemoterápico.

Em segundo lugar, o antagonista apresenta a ilustração de forma errada, como se o símbolo pudesse ser ultrajado sem que a realidade também fosse. Vou ilustrar isso. Os católicos creem que Maria é mãe de Deus, e que a imagem (símbolo) dela é sagrada. Sabemos que idolatria é pecado, mas retiremos isso do ponto de análise por um tempo. Se em um mundo possível Deus aprovasse a adoração da imagem de Maria, poderia alguém chutar tal imagem sem também desrespeitar a realidade que ela representa nesse mundo possível? De forma alguma. Para um católico, desrespeitar o símbolo equivale também a desrespeitar a realidade – quem chuta a imagem de Maria também despreza a pessoa de Maria.

A comparação entre “salvar a aliança” versus salvar o cônjuge é esdrúxula, pois não contém nenhum paralelo com a transfusão e a vida do paciente. Ninguém “salva” o sangue para deixar um paciente morrer.

Nesta falsa comparação, até mesmo podemos tomar a própria aliança de casamento e analisar melhor a analogia. Imagine que um homem casado vá a um bar e aviste uma bela moça. Ele retira o símbolo de seu dedo, a saber, a aliança, e se aproxima da moça a fim de flertar com ela. Ele certamente desrespeitou o símbolo, e segue-se logicamente que ele também desrespeitou a realidade, a saber, o matrimônio.

Podemos ver outro exemplo desse raciocínio nas palavras de Jesus:

(Lucas 10:16) Quem vos escuta, escuta também a mim. E quem vos desconsidera, desconsidera também a mim. Ademais, quem me desconsidera, desconsidera também aquele que me enviou.

       Ele deixou assim claro que o que é feito ao representante também é feito ao representado por ele. Não há como desrespeitar o representante, Jesus, e ao mesmo tempo respeitar o representado – Seu Pai Jeová. (João 5:23)

       Não é possível desrespeitar o sangue por fazer uso dele sem desrespeitar a vida, que por direito pertence a Deus. Deus determinou que fazer uso do sangue é desrespeitar a vida. O que é feito ao símbolo é também feito à realidade.

       Veja outro exemplo: a “árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau” era símbolo do direito de Jeová de decidir para suas criaturas o que é bom e o que é mal – símbolo da soberania de Jeová. (Gênesis 2:17) Era impossível comer do fruto daquela árvore e ao mesmo tempo respeitar a soberania divina representada pela árvore.

   Portanto, a objeção de que a realidade é independente e superior ao símbolo é descabida.

O que é feito ao símbolo é também feito à realidade.

 

E.  “O sangue para tratamento médico é uma exceção.”

       Conforme expliquei anteriormente de forma breve, uma objeção frequentemente disparada contra as TJs é de que a Bíblia proíbe usar sangue para um propósito específico; e assim, se o propósito for outro, quem faz uso do sangue não peca. O propósito da proibição bíblica quanto ao uso do sangue seria, segundo se objeta, alimentício. Porém, a Bíblia não fala nada específico em favor do uso medicinal do sangue. Em resumo, a objeção consiste de inventar uma exceção à regra porque a lei bíblica não exibe em pormenores os detalhes.

       Tenho de dizer que todas as objeções já abordadas anteriormente são tolas, descabidas. Porém, esta objeção possui seriedade e merece nossa atenção. A Bíblia não menciona especificamente o sangue para uso medicinal, assim como tampouco menciona a proibição do vampirismo. Será que essa omissão significa que o propósito medicinal não está incluído na ordem de “abster-se de sangue”? O texto de Atos diz:

(Atos 15:29) 29 que persistam em se abster de coisas sacrificadas a ídolos, de sangue, do que foi estrangulado e de imoralidade sexual. Se vocês se guardarem cuidadosamente dessas coisas, tudo irá bem com vocês. Saudações!”

       Na Bíblia, o sangue é sagrado, e não há nenhum motivo bíblico para que se pense que ele deixa de ser sagrado em nossos dias, ou que a mudança de propósito no uso do sangue anule sua santidade. Podemos apenas argumentar aquilo que a Bíblia diz. A Bíblia não diz em parte alguma que ‘abster-se de sangue’ não inclui o uso medicinal do sangue. Então, a menos que a Bíblia apresente a exceção, não há exceções.

       Vou ilustrar isso. Quando a lei de um país criminaliza “tirar a vida de outra pessoa”, só há exceções quando a lei apresenta a exceção. Assim como cabe à lei criminalizar algo, cabe também à lei apresentar o que o Direito chama de “excludente de ilicitude”.[7] Por exemplo, a autodefesa é uma “excludente de ilicitude” para “tirar a vida de outra pessoa” porque a lei diz que é. Quer dizer, você tem o direito de matar alguém em autodefesa porque a lei abre essa exceção. Se a lei não abrisse tal exceção, não haveria exceções legais. Da mesma forma, a Bíblia diz: ‘abstenham-se de sangue’ porque o sangue é sagrado e representa a vida. A Bíblia em momento algum apresenta uma exceção, uma “excludente de ilicitude” para essa lei. Portanto, se alguém disser que “o sangue para fins medicinais é uma exceção”, vai ter que provar isso – o ônus da prova é do objetor. Mas visto que a Bíblia não abre tal exceção, e visto que a mudança de propósito não anula a santidade do sangue, as TJC concluem que a lei bíblica se aplica também ao uso medicinal do sangue. Isso significa que um cristão não deve beber/transfundir sangue nem se for recomendado como tratamento médico.

   Já vi pessoas argumentarem que a Bíblia não apresenta a proibição explícita de uso de sangue para tratamentos médicos; e que isso mostraria que tal uso deve ser permitido. Creio que este argumento seja errado pelo fato de que a Bíblia tampouco diz que beber sangue de animais ou humanos vivos é errado, mas duvido que algum cristão sério conclua que neste último caso a omissão da proibição explícita implique permissão. Caso alguém diga que beber sangue de animais vivos não é contra a lei, tal pessoa não merece crédito e deve ser simplesmente ignorada. Se alguém argumentar que a omissão da menção do uso do sangue para fins medicinais implica permissão, deve também aceitar que a omissão do vampirismo (beber sangue de humanos vivos) implica permissão. Contudo, cristãos sinceros se quer cogitarão esta última possibilidade. Conforme postulei, a menos que a Bíblia – a lei – apresente as exceções, não há exceções.

       De uma perspectiva histórica, os primitivos cristãos entenderam que ‘abster-se de sangue’ incluía até mesmo o sangue para tratamento médico. No ambiente em que os cristãos viviam no primeiro século no império romano era comum a violação da lei de Deus, pois o povo comia alimentos preparados com sangue. A lei de Deus era também violada por razões “de saúde”; Tertuliano escreveu que alguns homens ingeriam sangue acreditando que isso poderia curar a epilepsia. ‘Engoliam sofregamente, com avidez, o sangue de criminosos mortos na arena.’ Tertuliano acrescenta:

Corai de vergonha pelos vossos modos vis, diante dos cristãos, que nem mesmo tem o sangue de animais nas suas refeições.[8]

    
TERTULIANO: Escritor, apologista y padre de teología cristiana latina

    Na década de 40, as transfusões de sangue passaram a ser amplamente usadas, e as Testemunhas de Jeová em conexão com a Torre de Vigia da época reconheceram que obedecer a Deus requeria que também evitassem transfusões de sangue, mesmo que médicos as recomendassem.

F.  “Salvar a vida justifica a violação da lei.”

       Alguns argumentam aqui que ‘em caso de vida ou morte, a lei não se sobrepõe à vida’. Pessoalmente, não apoio tal conclusão e não acho que provenha de uma boa hermenêutica. O texto base para tal pensamento é este:

(Mateus 12:3-5) Ele lhes disse: “Vocês não leram o que Davi fez quando ele e seus homens ficaram com fome? 4 Como ele entrou na casa de Deus, e eles comeram os pães da apresentação [ou proposição], algo que não era permitido comer, nem a ele nem aos que estavam com ele, mas apenas aos sacerdotes? 5 Ou não leram na Lei que, nos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado e permanecem sem culpa?

Argumenta-se aqui que, “em caso de vida ou morte”, algumas leis de Deus podem ser violadas sem culpa.

Esse argumento é fraco porque desconsidera alguns pontos importantes do relato. Para os judeus da época de Jesus, ‘não era lícito Davi comer’ o pão da proposição, porque a lei dizia que este se destinava aos sacerdotes. Contudo, foi o sumo sacerdote de Jeová quem deu o pão a Davi. Em que base? Os pães removidos da mesa da proposição eram ‘sagrados’, não deviam ser tratados como comuns, tal como por dá-los a um trabalhador comum ou comê-los num passeio. Deviam servir de alimento para os sacerdotes, homens empenhados no serviço de Deus. Portanto, quando Davi chegou no que parecia ser uma missão especial para o rei ungido de Deus, e o sumo sacerdote se certificou de que os homens estavam cerimonialmente limpos, não era ilegal partilhar o pão da proposição. Estava de acordo com o uso básico que Deus designara a ele.[9]

Ademais, vale salientar que isso ocorreu não em “um caso de vida ou morte”, pois Davi e seus homens estavam apenas “com muita fome”, não “prestes a morrer”. Então o raciocínio de que “salvar a vida justifica a violação da lei” não se aplica neste exemplo, pois embora Davi e seus homens estivessem com muita fome, não há nada no relato que indique que estavam em risco de vida iminente se não comessem pão naquele momento. Assim, será que apenas estar “com muita fome” justifica a violação da lei de Deus? Veja o seguinte relato bíblico:

(1 Samuel 14:32, 33) Então avançaram gananciosamente sobre o despojo; pegaram ovelhas, bois e novilhos, e os abateram no chão, comendo a carne junto com o sangue. 33 Assim, Saul foi informado: “O povo está pecando contra Jeová, comendo a carne junto com o sangue!”

O caso de 1 Samuel 14: 32, 33 é similar ao caso de Davi e dos pães da proposição, e em momento algum a Bíblia apresenta a fome como justificativa para pecar contra Deus.

Nas Escrituras, há casos de pessoas que arriscaram suas vidas pela lei de Jeová. Vejamos alguns desses:

1.   Daniel na cova dos leões;

2.   Os 3 hebreus e o crisol;

3.   Os mártires cristãos;

O caso de uma TJC que se recusa a tomar sangue se assemelha ao caso de um cristão primitivo que era forçado a oferecer incenso à deidade do imperador, caso se negasse a fazer isso, pagaria com a vida.


Poderia Jeová executar um milagre e salvá-lo? Sim, mas o cristão não teria a garantia disso. No caso dos 3 hebreus, eles falaram com firmeza:

(Daniel 3:17, 18) 17 Se for preciso, nosso Deus, a quem servimos, poderá salvar-nos. Ele [nos] salvará da fornalha de fogo ardente e da tua mão, ó rei. 18 Mas, se não, seja do teu conhecimento, ó rei, que não é a teus deuses que servimos e que não é a tua imagem de ouro que erigiste que adoraremos.”

De forma similar, muitos cristãos verdadeiros rejeitam sangue e acreditam que Jeová poderá livrá-los daquela situação pela fé, embora isso não seja uma garantia.

Há ainda outra observação a ser feita. Se alguém concluir que “salvar a vida justifica a violação da lei”, tal pessoa também deverá necessariamente reconhecer que esta conclusão só se aplica a casos em que não haveria alternativas a não ser tomar sangue. Todavia, na medicina moderna há alternativas e, portanto, tomar sangue com base neste raciocínio não mais é justificável em vista da vasta quantidade e tratamentos alternativos ao sangue.

Voltemos ao raciocínio de Davi em Mateus 12:3-5 para ilustrar isso. Imagine que houvesse outra comida – outros pães para Davi e seus homens comerem, – além dos pães da proposição, mas Davi insistisse em comer justamente os pães da proposição, não os outros; talvez Davi alegasse hipoteticamente que os outros pães não seriam bons para seus homens; assim Davi decide comer justamente os pães da proposição, mesmo podendo escolher outros. Não seria isso uma violação da lei de Jeová? Claro que sim. Da mesma forma, sendo que hoje há de fato tratamentos alternativos efetivos para quadros clínicos que normativamente têm sido tratados com transfusões de sangue, e ainda assim o cristão insiste em escolher o sangue, não estaria ele violando a lei de Jeová propositalmente sem a necessidade?

O registro dos primitivos cristãos, os quais foram submetidos a provas pelas autoridades romanas, concorda com isso e ilustra que não devemos imaginar que a lei de Deus pode ser violada em circunstâncias de ‘vida ou morte’. Algumas vezes a prova deles foi a escolha entre comer chouriço ou morrer na arena. Violariam os cristãos a lei de Deus sobre o sangue, renunciando sua posição perante ele? Ou, quando pressionados a queimar uma pitada de incenso para a deidade do imperador, violariam o mandamento de Deus contra a idolatria? A História prova que os cristãos fiéis se negaram a violar os mandamentos de Deus, mesmo quando sua vida na ocasião estava em jogo. Embora tenham perdido a vida por obedecer à lei de Jeová, tiveram a garantia da vida eterna. — Mateus 16:25, 26.

 

A benção de Deus – evidência de uma decisão correta

       Um ponto que deve ser sobreposto é que a posição das TJC com respeito às transfusões de sangue inegavelmente tem a benção de Deus. Por exemplo, o irmão norueguês Rolf Furuli, que serviu junto aos hospitais auxiliando os irmãos nessa questão, testemunhou o seguinte:

Durante os 29 anos em que tenho sido membro da COLIH, conheço apenas duas pessoas que morreram após uma operação, mas que provavelmente poderiam ter sobrevivido se tivessem recebido sangue de alguma forma. A literatura médica mostra que, em contraste com esses dois [casos], várias pessoas na Noruega morreram devido a complicações causadas por transfusões de sangue, e há centenas de outras pessoas cujas vidas foram encurtadas devido a reações imunológicas causadas por transfusões de sangue.[10]

       Em vista dos fatos, a posição das TJC atualmente tem tido, sem sombra de dúvidas, a benção de Deus. São raríssimos os casos em que uma TJC morre sem receber sangue, mas são mais frequentes os casos em que pessoas morrem após uma transfusão ou que têm suas vidas encurtadas por causa das reações imunológicas resultantes de receber sangue. Portanto, os fatos mostram que de uma perspectiva científica, baseada e em dados, a posição das TJC tem dado bons resultados para a medicina. Essa é a evidência de que o espírito santo tem interpretado a Escritura nesse ponto. Se a interpretação das TJC sobre a lei do sangue estivesse errada, seria de esperar que a esmagadora maioria das pessoas que recusasse tratamento com sangue morresse. Contudo, os fatos mostram o oposto. Portanto, deixamos que o espírito santo interprete a Escritura por produzir bençãos aos que decidem obedecer a Deus.

 

A transfusão de sangue como pecado de desassociação

       O único ponto em que o Corpo Governante das Testemunhas de Jeová em conexão com a Torre de Vigia (TJ-STV) está errado nisso é que, embora a lei do sangue se aplique ao uso médico (a Bíblia não apresenta exceções para fins medicinais), a Bíblia não diz em parte alguma que quem peca contra a lei do sangue deva ser desassociado da congregação. Infelizmente, se uma TJ-STV aceitar algumas transfusões de sangue, geralmente mais de uma, ela será desassociada. Todavia, pecar contra a lei do sangue, seja por comer ou por fazer uso medicinal do sangue, não é apresentado como motivo bíblico para a desassociação. (Leia 1 Coríntios, capítulos 5 e 6)

       Visto que eu acredito que a Bíblia é a lei, e que só aquilo que está na lei deve ser normativo, não posso fugir da conclusão de que o Corpo Governante (CG) está errado ao determinar “receber transfusão de sangue” como pecado de desassociação. Certamente, fazer uso de sangue é pecado, mas não é descrito na Bíblia como o tipo de prática que deve resultar na expulsão do membro da congregação. Então, concluo que este é um mandamento humano que deve ser imediatamente revogado.

Já houve casos em que um membro da congregação aceitou sangue medicinal e foi desassociado. Isso fez com que a sua família parasse de falar com ele, trazendo um péssimo testemunho sobre o nome de Jeová. Os descrentes que souberam disso passaram a encarar as TJ-STV como uma religião cruel, cujos membros são “fanáticos” e “extremistas religiosos”. Em vista disso, os membros do CG, assim como as pessoas que obedeceram às suas ordens, têm pesada carga de responsabilidade sobre seus ombros. (Tiago 3:1)

 

Componentes sanguíneos e frações de sangue

   O sangue possui quatro componentes principais, conforme pode ser visto na figura 1. De acordo com a definição médica, “transfusão de sangue” se refere à transfusão do sangue completo ou de qualquer um desses quatro componentes. Segundo os Bancos de Sangue do Grupo GSH,

A doação de sangue é um ato de extrema importância, porque o sangue não pode ser fabricado artificialmente. Cada doação pode ser fracionada em quatro partes (hemocomponentes).[11] [O itálico é meu.]

   O site Diário de Biologia diz sobre os componentes do sangue:

A transfusão do sangue pode ser utlizada [sic] no caso de hemorragias consideráveis devido a acidentes ou quando se efetua uma intervenção cirúrgica. Mas existem várias ocasiões em que a administração de alguns componentes sanguíneos é mais útil, por exemplo, concentrados de glóbulos vermelhos para tratar uma anemia, para transfusões de plasma em caso de choque ou para repor a excessiva perda de líquidos orgânicos (por exemplo, em caso de queimaduras extensas), concentrados de plaquetas ou de glóbulos brancos em doenças da medula óssea ou leucemias, concentrados de fatores de coagulação para prevenção de hemorragias em pacientes hemofílicos. . .[12]

  Segundo esses comentários, conclui-se que fazer transfusão de plasma é a mesma coisa que fazer transfusão de sangue segundo a medicina. Quem faz transfusão de glóbulos vermelhos para tratar a anemia, faz transfusão de sangue; e o mesmo ocorre com os outros dois componentes sanguíneos. Esse é o conceito médico e científico sobre transfusões de sangue. A separação dos quatro componentes em uma transfusão de sangue apenas ocorre para que a transfusão seja mais efetiva no paciente, mas é ainda a mesma transfusão.

Podemos ilustrar isso com o ovo. A parte comestível do ovo é composta de clara e gema. A clara é rica em proteínas e é muito usada na nutrição esportiva. Digamos que uma pessoa queira comer ovos, mas quer focar na ingestão de proteína. Ela separa a clara da gema e come 4 claras de ovos por dia. Poderia alguém alegar que comeu clara de ovo, mas não comeu ovo? Comer apenas a clara do ovo não é a mesma coisa que comer o ovo inteiro, mas ainda assim é “comer ovo”. Da mesma forma, o conceito científico sobre transfusões de sangue também apela ao bom senso. Transfundir apenas o plasma, ou apenas concentrados de glóbulos vermelhos, ou qualquer um dos quatro componentes sanguíneos, é transfundir sangue.

Nesse ponto, um argumento é disparado contra nós. Já ouvi pessoas argumentarem que, assim como os componentes de um bolo não são o bolo – o ovo não é o bolo, a farinha não é o bolo – da mesma forma, não faz sentido alegar que os componentes do sangue, singularizados, são sangue. Até onde vejo, o problema nessa analogia é que o bolo não é algo natural e de definição clara, tal como é o sangue, mas qualquer ingrediente do bolo pode ser retirado ou alterado, e o bolo continua sendo bolo. Por exemplo, um bolo pode conter açúcar, outro não; um bolo pode conter ovos, outro não; um bolo pode farinha de trigo, outro de milho. Em contrapartida, não existe sangue com componentes variados. Portanto, é muito difícil de conceituar “bolo” como sendo o resultado de ingredientes e métodos específicos. Ao usarmos analogias, devemos pegar apenas paralelos exatos ao objeto de análise. No caso do sangue, o ovo é paralelo exato; o bolo não é.

Porém, o plasma transporta várias proteínas. Uma delas é a albumina, que corresponde a 4% do plasma. Alguns tipos de albumina podem também ser achados em plantas, leite e ovos. A albumina é por vezes usada em expansores de volume no tratamento de choque e queimaduras graves. Esses expansores podem ter um teor de albumina de até 25%. Pequenas quantidades de albumina são usadas em outros medicamentos. A albumina é uma fração do plasma. Assim, quando o plasma é fracionado e uma proteína do plasma é usada em um tratamento médico, chamamos isso de “fração de sangue”.

  O ponto agora é: será que a albumina do plasma é o plasma? A Bíblia não define o que é sangue. Portanto, não cabe a ninguém assumir o lugar da Bíblia. E nesse ponto o CG está de parabéns. O CG tem sempre incentivado os anciãos a respeitar as decisões pessoais de cada paciente TJ-STV. Visto que a Bíblia não dá detalhes sobre cada minúsculo componente do sangue, não cabe ao CG nem aos anciãos da congregação determinar se um paciente TJ-STV deve ou não receber frações de sangue. Até onde estou informado, os anciãos seguem à risca essa ótima orientação. O ponto em alta aqui é: visto que a Bíblia não esclarece se frações de sangue são sangue, não cabe a
nós fazer isso.

[13]Visto que a Bíblia não esclarece se frações de sangue são sangue, não cabe a nós fazer isso.

 

“Não aceitam sangue, mas aceitam frações de sangue”

Essa acusação é comum vinda de apóstatas e pessoas que foram enganadas por eles. O ponto é que é mentira que as TJ-STV e as TJC “não aceitam sangue, mas aceitam frações”. A verdade é que, visto que a Bíblia não define “sangue” de forma específica, não cabe a nós fazer isso. Assim, a questão é deixada à consciência individual.

 

“Aceitariam frações de fornicação?”

Certo opositor das TJC fez esse questionamento na tentativa de mostrar que as TJC são incoerentes no seu posicionamento de não rejeitar necessariamente frações de sangue. Apenas devo observar mais uma vez que não é correto dizer que as TJs “aceitam frações de sangue”, o certo é dizer que “nem todas as TJs necessariamente rejeitam frações de sangue”. Alguns irmãos rejeitam tudo que provenha do sangue de alguém.

O problema nessa objeção é que não existem “frações de fornicação”. A fornicação não possui definição composta. Eu não consigo pensar em nada que seja uma “fração de fornicação”.

 

“Se é pecado doar sangue, é pecado receber frações do sangue doado”

   Essa objeção, diferente da anterior, é sincera e bem estruturada. A ideia aqui é a seguinte: uma TJC não doará sangue; e as frações do plasma são retiradas do sangue que foi doado por alguém. Portanto, ao aceitar uma fração de plasma, a TJC está corroborando com o pecado alheio. Essa objeção não é necessariamente errada. Alguns irmãos entendem a questão de tal forma e, por isso, rejeitam todas as frações de sangue.

Todavia, o problema que vejo nessa objeção é que não é pecado doar sangue. A Bíblia nos ordena a ‘nos abstermos de sangue’. (Atos 15:29) Tirar sangue do corpo não infringe essa lei. Eu nunca conheci nenhuma TJC que tenha se negado a doar sangue para um exame médico, por exemplo. Da mesma forma, se uma TJC quiser ir a um hospital doar sangue exclusivamente a fim de que dele sejam retiradas frações, ela não peca. O problema com isso, porém, é que eu não sei se tal exclusividade é possível.

 

“Poderiam Adão e Eva comer frações do fruto proibido?”

Ouvi essa objeção de vários opositores das TJC. Argumenta-se que, pela lógica, seria inaceitável a Adão e Eva comerem frações do fruto proibido; logo, deve também ser inaceitável ao cristão receber “frações de sangue” proibido. Mais uma vez, essa objeção não é necessariamente errada. Muitos irmãos concordam com esse pensamento e rejeitam tudo que provenha do sangue. A implicação desse raciocínio é, entretanto, que o cristão não deva comer carne, pois esta contém sempre vestígios de sangue.

Todavia, o erro grosseiro não está na analogia em si, e sim na contradição com a ideologia do autor. O argumento necessariamente presume que seja errado receber transfusões de sangue, mas os apóstatas não aceitariam tal premissa. Por exemplo, se Adão e Eva fizessem suco do fruto proibido e injetassem nas veias, não seria muito pior que ingerir “uma fração do fruto proibido”? O que é mais substancial, beber suco ou tomar vitamina C? A resposta é óbvia. Ora, se seria errado que Adão e Eva comessem “uma fração do fruto proibido”, muito pior seria transfundir o suco do fruto proibido. Essa objeção feita por apóstatas, na realidade, apenas comprova que a postura adotada pelas TJC de rejeitar transfusões de sangue é absolutamente coerente.

Seria errado que Adão e Eva comessem “frações do fruto proibido”? Não sei, mas não precisamos aplicar necessariamente este princípio à lei do sangue. Por quê? Porque Deus permite o consumo de carne. Toda vez que carne sangrada é consumida, uma minúscula quantidade de sangue é ingerida também. Deus nunca exigiu que cada minúscula gota de sangue fosse retirada da carne sangrada. O ponto é que o animal deveria ser sangrado, e os vestígios de sangue não mais representavam a vida do animal. Por causa disso, algumas TJC e TJ-STV raciocinam que frações de sangue não são a mesma coisa que o sangue e não representam mais a vida. Outras TJC entenderão que tudo que está ou que provém do sangue é sangue e é sagrado, e rejeitarão quaisquer medicamentos provindos do sangue. Visto que a Bíblia não é específica nesse assunto, caberá a cada cristão agir de acordo com sua consciência.

 

Componentes x Frações

   O ponto de discórdia aqui é que a Bíblia não define “sangue”. Portanto, argumenta-se que não há base bíblica para incluir os componentes, mas deixar as frações a cargo da consciência individual. Tenho feito críticas à liderança das TJ-STV porque o CG tem ido muito além das Escrituras e criado regras humanas prejudiciais para os irmãos. Todavia, há uma coisa com a qual eu concordo: a definição do que é sangue. Creio que se faz necessário definir “sangue”. O espírito santo também tem mostrado que essa definição é correta, pois os resultados na medicina são positivos. O conceito da Torre de Vigia é o mesmo conceito medicinal sobre o sangue. Na medicina, transfusão de hemocomponentes é a mesma coisa que transfusão de sangue; contudo, a medicina não encara o uso de frações de plasma como equivalente à transfusão de sangue.

Entretanto, algo importante deve ser dito. Por mais coerente e lógico que pareça esse conceito sobre o que é sangue – e, a meu ver, é evidente – devemos reconhecer que não é a Bíblia que define isso dessa forma. Portanto, se uma TJC quiser aceitar um dos 4 hemocomponentes, e sua consciência lhe permite isso, ela não será julgada congregacionalmente por isso. A liberdade cristã deve sempre prevalecer. Não estou dizendo que “não tem problema” aceitar hemocomponentes, mas que não há base sólida para julgar ou repreender congregacionalmente um irmão que aceitou o hemocomponente, pois a definição de sangue, por mais evidente, lógica e científica que seja, não é bíblica; e nós nos guiamos pela Escritura.

Se um irmão aceitou um hemocomponente, ele deve ser deixado em paz. Os anciãos não devem, em hipótese alguma, recriminá-lo por isso, a menos que o irmão faça proselitismo de sua visão na congregação. O ponto que defendo é: Jeová julgará. Jeová sabe ler os corações e as motivações. Visto que não há base bíblica para condenar em parâmetros congregacionais o irmão que aceitou um hemocomponente, a congregação não deve recriminá-lo.

Se um irmão fez uso de sangue completo, porém, há base para discipliná-lo como pecador. (Atos 15:29) Isso significa que esse irmão deve perder seus privilégios como ancião, servo ministerial, ou ministro de tempo integral, pois ele não é mais visto como exemplar. (Leia 1 Timóteo 3:8, 9) Contudo, visto que a Bíblia não descreve “deixar de abster-se de sangue” como pecado de desassociação, ninguém pode ser desassociado por ter feito uso de sangue.[14]

 

“Vocês deixam seus filhos morrer!”

Creio que toda a TJC ou TJ-STV já tenha ouvido essa acusação. Porém, ela é desrespeitosa e a pessoa que a lança merece uma resposta firme. A acusação é falsa porque parte das falsas premissas de que toda a pessoa que rejeita sangue morre, e toda a pessoa que aceita sangue sobrevive. Conforme testemunhado por Rolf Furuli, são raríssimos os casos em que uma TJ-STV morre por ter optado por tratamento sem sangue, mas que talvez teria sobrevivido se tivesse recebido sangue. Por outro lado, não são tão raros os casos de pessoas que aceitam sangue e morrem, e de pessoas que posteriormente morrem por causa de problemas resultantes da transfusão.

Quando uma TJ-STV rejeita sangue, ela não quer morrer, apenas quer optar por um tratamento que não entre em choque com suas crenças religiosas. Acontece de TJ-STV morrerem ao fazer tal opção? Sim, mas acontece também de católicos, espíritas, adventistas, mórmons, evangélicos, budistas e ateus aceitarem sangue e morrerem. Contudo, não vejo os parentes do paciente sendo acusados de “matar seus parentes por lhes introduzir sangue”.

Vou contar uma história real. Um irmão da minha congregação era idoso e já tinha saúde bastante debilitada. Ele passou mal e foi levado ao hospital. Os filhos dele não eram TJ-STV. O irmão não tinha o Cartão Diretrizes corretamente preenchido,[15] mas havia esclarecido aos seus parentes que não aceitaria sangue. O paciente TJ-STV já tinha perdido a consciência, e o médico prescreveu transfusão de sangue. Os parentes do irmão foram questionados pelo médico sobre se autorizariam a transfusão no irmão. Um ancião membro da COLIH contatou a família do irmão, explicou-lhes a situação e lhes reafirmou o desejo do paciente TJ-STV. Contudo, a família desrespeitou a decisão do nosso irmão. Em vista disso, a transfusão foi feita e o nosso irmão faleceu por não resistir a ela. Pergunto agora: será que a mídia falou desse caso? Será que foi publicado em algum jornal alguma manchete como: “Católicos matam seu próprio pai por infundir-lhe sangue!”? O assunto ficou abafado, mas foi exatamente isso que aconteceu: os filhos desrespeitaram seu pai e o mataram por infundir-lhe sangue.

Imaginemos por agora que o ocorrido tivesse um final diferente. Digamos que o paciente tivesse sobrevivido à transfusão. Nesta hipótese, seus parentes usariam o resultado como algo a “esfregar na cara” das TJ-STV. Outro resultado poderia ter sido os parentes respeitarem a decisão do paciente, o médico aplicar tratamento sem sangue e o paciente falecer. Neste caso, os parentes também jogariam a culpa nas TJ-STV. Provavelmente, isso sairia em todos os jornais locais. Exemplos como este que citei já ocorreram várias vezes com resultados variados para pacientes TJ-STV. O ponto que pretendo provar aqui é que o sangue não é garantia de cura a ninguém, assim como o tratamento sem sangue tampouco é. Em ambas as decisões há riscos – alguns morrem, alguns sobrevivem. Se um dos lados é chamado de “assassino”, por que o outro lado não é? Apenas um dos lados é chamado de “fanático” e “assassino” quando o resultado é negativo. As TJ-STV e as TJC respeitam as outras religiões e o direito das pessoas escolherem o tratamento que julgam melhor. As outras religiões, porém, não tem a mesma postura para conosco.

Conclusão

A Bíblia deixa claro que o sangue é sagrado e representa a vida, e que o uso do sangue é proibido. Essa lei foi dada por Deus antes, durante e depois da lei mosaica.

A visão defendida pelo protestantismo, de que não é errado comer sangue e de que a lei expressa em Atos 15:20, 29 era “apenas temporária” é um sacrilégio. Não há qualquer base bíblica que apoie a interpretação do protestantismo. Ao contrário, tal visão é uma negação da Bíblia.

Não há base bíblica alguma para que se alegue que comer sangue humano é uma exceção à lei de Atos 15:29, tampouco para que se defenda que a proibição não se aplica a comer o sangue de animais ou humanos vivos. A Bíblia proíbe o uso de algo que é sagrado, não o modo como se usa esse algo; assim, não faz diferença se o sangue entra em nosso corpo por vias orais ou de forma intravenosa – o sangue ainda é sagrado e ainda representa a vida. O dilema símbolo versus realidade é errado, pois parte do princípio de que o símbolo pode ser desrespeitado sem que a realidade também seja. Todas essas objeções são descabidas.

A única objeção que merece consideração mais profunda é a do propósito. Contudo, o propósito para o qual o sangue é usado não altera sua santidade, a menos que seja previsto em lei. Visto que a Bíblia não diz que o sangue pode ser usado para fins medicinais, não cabe a nós inventar uma exceção. É a lei que deve apresentar a exceção. Se nenhuma exceção é apresentada na lei, não há exceções. Os primitivos cristãos entenderam que até mesmo o sangue para fins medicinais era impróprio para uso. A crença de que beber sangue poderia curar alguém da epilepsia era comum na época neotestamentária, mas os cristãos se negavam a ingerir sangue mesmo que para fins medicinais.

O único ponto que precisa ser corrigido na Torre de Vigia, a meu ver, é que não há base bíblica para a desassociação de quem usou sangue, quer para fins alimentícios, quer medicinais. Visto que eu acredito que a Bíblia, e somente ela, é a palavra de Deus, também creio que não cabe a ninguém inventar pecados de desassociação que não sejam expressos de forma clara na Escritura.

O conceito médico sobre “transfusão de sangue” equivale ao sangue total ou a qualquer um dos quatro hemocomponentes. Portanto, é evidente que um servo de Deus que evita fazer uso do sangue também evitará o uso de qualquer um dos quatro hemocomponentes. Contudo, visto que não é a Bíblia que define “sangue” dessa forma, alguém que discorda dessa definição não tem base para ser julgado e repreendido na congregação. Isso não significa, porém, que aceitar um dos quatro componentes seja correto ou apropriado; apenas significa que não há base para julgar quem discorda desse conceito. O ponto é: Jeová julgará. Neste caso, devemos deixar o julgamento nas mãos Dele.

Certamente Jeová tem abençoado a posição das TJC e das TJ-STV, e o avanço da medicina nesse assunto é o modo como vemos o espírito santo mostrar o entendimento correto da Escritura.



[1] Quando uso a nomenclatura “Testemunhas de Jeová Caraítas” ou TJC, refiro-me ao tipo de cristão que dá testemunho de Jeová, que defende sua fé nas Escrituras Sagradas, mas que rejeita a tradição humana da Torre de Vigia de que Jeová atualmente possui um “canal de comunicação” tal qual o Corpo Governante ou um “escravo fiel e prudente” que “dá alimento espiritual no tempo apropriado”. Quando falo das “Testemunhas de Jeová em conexão com a Torre de Vigia”, isto é, TJ-STV, refiro-me ao grupo que ainda aceita o Corpo Governante como canal de comunicação.

[2] A Sentinela de 1º de junho de 2009, p. 15.

[3] Confissão de Augsburgo. Disponível em: http://www.monergismo.com/textos/credos/confissao_augsburgo.htm

[4] Brochura Como Pode o Sangue Salvar a Sua Vida?, p. 6.

[5] Ibid.

[6] Albert Barnes’ Notes on the Bible, sobre Atos 15:20.

[7] Para saber mais sobre esse conceito, leia este artigo: https://www.significados.com.br/excludentes-de-ilicitude/

[8] A Sentinela de 1º de junho de 1990, p. 30.

[9] Para uma consideração pormenorizada deste texto, veja A revista A Sentinela de 15 de janeiro de 1983, pp. 30-31, Perguntas dos Leitores.

[10] Rolf Furuli, My Beloved Religion – And the Governing Body, p. 39. Awatu Publishers, Noruega, 2020. Em inglês.

[14] Trato mais sobre pecados de desassociação na seção 2.

[15] Esse é um documento que as TJs usam para instruir os médicos em caso de impossibilidade de comunicação por perda de consciência.

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